Dilma diz a reitores que não renunciará e critica pedido de prisão de Lula
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã desta sexta-feira, em encontro com reitores de universidades federais do país, que não vai renunciar a seu mandato, apesar da crise política, e fez uma defesa enfática do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estaria sofrendo um processo sem base legal, disseram reitores presentes na reunião.
"A presidente estava falando de futuro, da necessidade de educação e de democracia, e afirmou que não existe a possibilidade de renúncia, que irá continuar na presidência", contou o reitor da Universidade de Brasília, Ivan Camargo.
Durante o encontro para tratar das dificuldades orçamentárias enfrentadas pelas instituições, Dilma fez um longo desabafo e defendeu seu antecessor. Ela disse que o pedido de prisão preventiva de Lula, feito por procuradores de São Paulo, não se sustenta e que ele está sendo vítima de um processo sem base legal.
"A presidente avaliou que este é um momento delicado para o presidente Lula, que ele está sendo vítima de um processo em que não há base legal e que o pedido de prisão não se sustenta", contou o reitor da Universidade Federal de Roraima, Jefferson Fernandes do Nascimento.
O encontro começou com o desabafo da presidente e do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. "Ela se mostrou tranquila, mas preocupada, e fez um longo desabafo. Disse que é necessário haver respeito aos devidos processos legais", disse Nascimento.
De acordo com o reitor, Mercadante disse que há falta de respeito com o ex-presidente e com o que ele representou para o país. Dilma disse ainda que esperava ver uma reação da economia ainda este ano, mas reconheceu que a conjuntura política atrapalha a recuperação econômica.
Na noite de quinta-feira, depois de chegar de compromissos no Rio de Janeiro, a presidente reuniu no Palácio do Alvorada seus ministros mais próximos - entre eles, Jaques Wagner, da Casa Civil, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, José Eduardo Cardozo, da Advocacia Geral da União, além de seu chefe de gabinete, Gilles Azevedo - para avaliar os desdobramentos do pedido de prisão do ex-presidente.
O Planalto considera que o pedido é frágil e que a ação dos procuradores foi uma tentativa de criar um fato para inflamar as manifestações de domingo contra o governo. Até agora, a presidente não se manifestou publicamente sobre o assunto, mas isso pode acontecer ainda nesta sexta-feira.