Na Folha de S. Paulo
A delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), além de agravar a crise política e reacender na oposição a pressão pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, traz citações a vários políticos, incluindo colegas do Senado.
A Folha apurou com pessoas próximas à investigação que Delcídio fez referências a integrantes das cúpulas de PMDB, PSDB e PT. A reportagem não teve acesso ao contexto do suposto envolvimento desses políticos.
Entre os nomes citados pelo senador estão parlamentares que já são investigados em inquéritos da Lava Jato no STF (Supremo tribunal Federal), como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Edison Lobão (PMDB-MA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
Delcídio também fez referências ao senador Aécio Neves (MG). O presidente do PSDB já foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff e pelo transportador de valores Carlos Alexandre Rocha, o Ceará, mas ambos os procedimentos com menções ao tucano foram arquivados.
A simples menção feita pelo senador petista não indica que os citados cometeram crimes ou que serão investigados.
Agora, os investigadores da Lava Jato vão analisar se os fatos atribuídos aos senadores têm indícios mínimos para justificar o pedido de abertura de inquérito.
Segundo a Folha apurou, a citação a Renan, por exemplo, teria sido lateral. O presidente do Senado é alvo de seis inquéritos que apuram sua suposta ligação com os desvios da Petrobras.
A delação de Delcídio ainda está na Procuradoria-Geral da República aguardando um ajuste solicitado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato.
Na semana passada, a revista "IstoÉ" revelou trechos da colaboração do petista nos quais ele implica Dilma e o ex-presidente Lula, que negam ilegalidades.
OUTROS LADOS
A assessoria de Aécio Neves afirmou que não iria comentar a citação pela falta de "informação concreta" sobre o envolvimento do senador com Delcídio.
Valdir Raupp afirmou à Folha que recebe com "estranheza" a informação de que teria sido citado. "Eu nunca tive uma relação mais próxima com Delcídio. Minha relação com ele sempre foi muito republicana", disse.
A reportagem não conseguiu localizar na noite de terça (8) os demais senadores citados por Delcídio. Procurada, a defesa do petista disse desconhecer a delação.
Dilma aceita oferecer ministério a Lula para evitar prisão na Lava Jato; petista resiste
POR PAINEL
Vem pra cá A presidente Dilma Rousseff topou oferecer um ministério a Lula para evitar que ele possa ser preso na Lava Jato por uma decisão de Sergio Moro. Ministros do círculo próximo tanto da petista quanto de seu antecessor entraram numa verdadeira operação nesta terça-feira para convencê-lo a aceitar a oferta. No centro do governo, há fortes temores de que a operação possa tentar levar Lula à prisão. Até o início da noite, antes portanto do jantar no Alvorada, ele ainda resistia à ideia.
Alguém acuda O desespero com os desdobramentos da Lava Jato e com a falta de perspectiva na economia é tão grande que surge no Congresso pressão para que Dilma convoque um conselho com representantes dos três Poderes, nos moldes do “Conselho da República”.
Falta a toga Previsto na Constituição, o colegiado incluiria Executivo, Legislativo e sociedade civil, mas não o Judiciário, o que, aos olhos do Congresso, é crucial para impor limites à Lava Jato.
Ninguém dorme Congressistas afirmam que a condução coercitiva de Lula mostrou que estão todos vulneráveis. A avaliação é que a “República está dormindo de sapatos” e que Dilma foi engolida pela Lava Jato. “Será melhor trocá-la”, defende um político.
Sobrevivência Dilma encontrou Lula apenas três dias após visitá-lo em São Bernardo porque a “ficha dela caiu”, diz um integrante do Palácio. “Ela se convenceu que, depois de pegarem Lula, tentarão pegá-la”.
E agora? A Lava Jato dobrou a aposta na delação de Marcelo Odebrecht. Agora que foi condenado a 19 anos por Sergio Moro, “ele vai para o sistema” caso não se torne colaborador, diz um investigador.
Fiquem ligados Na reunião de coordenação política, Dilma demonstrou, ela mesma, preocupação com a possibilidade de desembarque do PMDB. Com o receio do distanciamento, ministros foram orientados a dar atenção especial à sigla.
Manifestantes pró-Lula interrompem homenagem à mãe de Moro
Com palavras de ordem em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partidos dos Trabalhadores, militantes de centrais sindicais interromperam, na noite desta terça-feira (8), a sessão solene da Câmara Municipal de Maringá (a 426 km de Curitiba), na região norte do Paraná, no momento em que Odete Moro, mãe do juiz da Lava Jato, Sergio Moro, era homenageada. Com punhos levantados, cerca de 30 manifestantes gritavam "Lula, guerreiro do povo brasileiro" e "partido...é dos trabalhadores". Alguns chegaram a vaiá-la.
A manifestação foi sufocada por uma salva de palmas contínua, direcionadas à mãe de Moro, de outras pessoas que acompanhavam a sessão. A galeria da Câmara Municipal de Maringá comporta 300 pessoas e o local estava lotado.
Com acirramento dos ânimos, entre os grupos pró e contra Lula, o presidente do Legislativo, Chico Caiana (PTB), pediu calma aos presentes e que as manifestações contrárias fossem interrompidas, alegando que a data era destinada à homenagem às mulheres.
Para a sessão de homenagens, cada um dos 15 vereadores da cidade poderia escolher uma homenageada. O vereador Ulisses Maia (PDT) indicou o nome de Odete Moro, 70 anos, professora estadual aposentada e que atua ativamente em grupos da igreja católica que desenvolvem trabalho social na cidade.
Os vereadores Humberto Henrique e Mário Verri, ambos do PT, indicaram duas sindicalistas que atuam no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Maringá (Sismmar) para homenagem: a diretora Zica França e a presidente do sindicato, Iraídes Baptistoni. Segundo Henrique, a presença de petistas e sindicalistas na sessão foi motivada pela homenagem prestada a elas.
"As homenageadas na sessão não tiveram seus nomes revelados previamente e ninguém sabia que a mãe do juiz estaria lá. Foi apenas uma manifestação em um momento tão conturbado que estamos vivendo", disse o petista. O vereador criticou Maia, autor do convite à mãe do juiz. "Ele usou ela em momento delicado e foi lamentável. Ele nem ao menos conhece ela. Ele quis apenas obter dividendos políticos, pois é candidato a prefeito neste ano".
Maia disse que escolheu a homenageada embasado no trabalho que ela desenvolve no setor social e por sua atuação como mãe. "O caráter do juiz Sergio Moro foi forjado por esta mulher", disse ele. que condenou a manifestação "dos petistas e membros da CUT no local errado". Para o vereador, a manifestação dos petistas destoou do clima de homenagem, "mas foi suplantada por centenas de pessoas que aplaudiram entusiasticamente a mãe do juiz".
MST invade afiliada da TV Globo em Goiânia
Integrantes do MST (Movimento sem Terra) invadiram o prédio da afiliada da Rede Globo em Goiânia (GO) na noite desta terça-feira (8).
O grupo de cerca de 70 pessoas pichou paredes e gritou em coro expressões contra a emissora, como "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo".
No prédio fica a sede do Grupo Jaime Câmara, que, além da TV, abriga dois jornais e a sucursal da rádio CBN.
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Cristiano Borges/O Popular |
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Movimento Sem Terra (MST) em invasão à afliada da Rede Globo em Goiânia, na noite desta terça (8) |
Os manifestantes, alguns com o rosto coberto, ocuparam a área da recepção e impediram a entrada e saída de pessoas do edifício por cerca de meia hora. Eles foram embora com a chegada da Polícia Militar. Não houve confronto.
Nas paredes foram pichadas expressões como "Globo e ditadura de mãos dadas", "Fora Globo" e "Não vai ter golpe". Também foi colada uma ilustração em que Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo, aparece de mãos dadas com o general João Figueiredo, que foi presidente durante a ditadura militar.
Antes de ir para o local, os manifestantes haviam ocupado o prédio da Secretaria de Estado da Fazenda de Goiás. O órgão divulgou comunicado em que afirma que, "segundo os líderes do movimento", o movimento ocorria "em defesa da natureza, alimentação saudável e contra os transgênicos, entre diversas outras bandeiras".
Também nesta terça, integrantes de movimentos ocuparam o Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo.
Em nota, a TV Globo afirmou se tratar de "uma tentativa de intimidação ao trabalho da imprensa" e que "toda intimidação [...] é uma tentativa de censura, uma afronta aos princípios constitucionais".
"A TV Globo continuará fazendo o seu trabalho como sempre fez, com alto nível de profissionalismo", afirma.
OUTRO LADO
Segundo Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, os atos em Goiás e Espírito Santo foram deliberados pelas mulheres do movimento, como parte da jornada nacional do Dia das Mulheres. "Os atos foram contra o agronegócio, o uso de veneno na agricultura, em defesa da reforma agrária e contra a possibilidade de golpe", disse.
A Folha não localizou a direção nacional da CUT.
REPERCUSSÃO
Em nota, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) disse condenar com veemência a invasão da sede do grupo Jaime Câmara e chamou a ocupação de "ato criminoso próprio de grupos extremistas, incapazes de conviver em ambiente democrático".
"É lamentável que o vandalismo seja usado contra os meios de comunicação, que cumprem sua missão de informar a sociedade", diz a associação.
A entidade diz ainda que os manifestantes do buscam "intimidar e constranger o trabalho jornalístico" e que assim atingem "o direito dos cidadãos de serem livremente informados".
Ao jornal "O Popular", de Goiânia, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) afirmou repudiar os atos de vandalismo do MST e considerá-los uma forma de intimidação à imprensa.
Manifestantes do MST e CUT ocupam sede do governo do Espírito Santo
Manifestantes ocupam, desde o início da tarde desta terça-feira (8), a sede do governo do Espírito Santo, o Palácio Anchieta, no centro de Vitória.
O grupo é formado por representantes de movimentos sociais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores).
Eles denunciam fechamento de escolas públicas na zona rural e em cidades do interior e acusam o governador do Estado, Paulo Hartung (PMDB), de se negar a receber movimentos sociais. O governo não estima o número de manifestantes.
Representantes das alas feministas desses movimentos saíram em marcha ao longo da manhã por Vitória, em ato previsto para o Dia Internacional da Mulher. Os protestos pediam o fim da violência contra a mulher e igualdade de gênero, além de questões ligadas à agricultura, como o fim do agronegócio. Segundo a CUT, havia 5.000 pessoas nas ruas pela manhã. O MST estima 2.000 manifestantes.
Também nesta terça, representantes de movimentos sociais invadiram o prédio da afiliada da Rede Globo em Goiânia (GO).
Os manifestantes, alguns com o rosto coberto, ocuparam a área da recepção e impediram a entrada e saída de pessoas do edifício por cerca de meia hora. Eles foram embora com a chegada da Polícia Militar. Não houve confronto.
Segundo Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, os atos em Goiás e Espírito Santo foram deliberados pelas mulheres do movimento, como parte da jornada nacional do Dia das Mulheres. "Os atos foram contra o agronegócio, o uso de veneno na agricultura, em defesa da reforma agrária e contra a possibilidade de golpe", disse.
Fonte:
Folha de S. Paulo