Brasil deve ter encolhido 3,8% em 2015, pior taxa em 25 anos, diz pesquisa Reuters

Publicado em 29/02/2016 16:19

Por Silvio Cascione

BRASÍLIA (Reuters) - A economia do Brasil provavelmente teve em 2015 a maior queda anual em 25 anos, segundo pesquisa da Reuters nesta segunda-feira, e a forte baixa no quarto trimestre reforça a impressão de que a recessão ainda não chegou ao final.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil provavelmente caiu 3,8 por cento em 2015, segundo a mediana de 38 estimativas. Essa seria a pior performance entre as principais economias do mundo no ano passado, segundo o Fundo Monetário Internacional. Em 2014, o PIB cresceu 0,1 por cento.

No quarto trimestre, o PIB deve ter recuado 1,5 por cento na comparação com o terceiro trimestre, e contraído 6,0 por cento na comparação com o quarto trimestre de 2014, segundo a mediana das estimativas na pesquisa. No terceiro trimestre, o PIB havia recuado 1,7 e 4,5 por cento, respectivamente.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publica os números na quinta-feira às 9:00. Uma outra pesquisa da Reuters mostrou que o PIB deve voltar a crescer no quarto trimestre, mas não voltará ao nível de 2014 antes de 2019, aumentando as preocupações com a dívida do país no longo prazo.

Economistas estimam que tanto os investimentos como o consumo devem ter caído no quarto trimestre, com analistas do UBS projetando um recuo de 9,1 por cento na formação bruta de capital fixo ante o terceiro trimestre. O setor externo deve ter aliviado apenas uma parte do recuo, com as importações em queda após a forte alta do dólar.

A forte queda do PIB em 2015 deve gerar um carregamento estatístico de cerca de -2,6 por cento para o PIB de 2016. Como a expectativa é de que a economia continue a cair nos primeiros trimestres do ano, a projeção de economistas é de que a atividade recue 3,45 por cento, segundo a mediana das expectativas na pesquisa Focus do Banco Central.

"Dada a fraqueza dos preços das commodities e a falta de progresso nas políticas, as projeções de médio prazo para o crescimento continuam ruins", disse o economista do Société Générale Dev Ashish em relatório.

 

PIB do Brasil deve voltar a níveis pré-recessão só em 2019, com dívida em alta

Por Silvio Cascione

BRASÍLIA (Reuters) - A forte contração econômica do Brasil deve acabar no fim deste ano, mas a economia não conseguirá voltar ao nível pré-recessão antes de 2019, segundo pesquisa da Reuters publicada nesta segunda-feira.

Com as perspectivas de recuperação bastante frágil, o desemprego deve continuar alto por vários anos e a escalada da dívida exigirá da presidente Dilma Rousseff e seus sucessores ainda mais austeridade para estabilizar as contas do país.

O superávit primário --economia feita para pagamento de juros da dívida-- necessário para estabilizar a dívida brasileira já aumentou para 2,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), segundo a mediana das projeções de economistas na pesquisa, sobre 2,0 por cento nas contas do governo ano passado. Atualmente, em 12 meses, o país tem déficit primário de 1,75 por cento do PIB.

"Acabou aquele modelo de crescimento baseado na expansão do crédito ao consumo. E há a necessidade de gerar superávit fiscal elevado", disse o economista do BBVA, Enestor dos Santos. "O risco é que a gente tenha uma situação de crise fiscal mais forte, de crise de dívida."

A crise econômica tem sido um choque de realidade para o Brasil após anos de forte crescimento econômico. Mesmo com os vastos recursos naturais e um dos maiores mercados consumidores do mundo, o Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, voltou a ser considerado um lugar de alto risco para investimentos e vê a ameaça do velho fantasma da inflação.

O legado da pior recessão em mais de um século no Brasil deve manter instável o fragmentado sistema político do país, sugerem os resultados da pesquisa, como se o país estivesse apenas voltando ao seu normal após um breve período de forte expansão liderada pela China.

 

VOLTA TÍMIDA

A economia brasileira, em queda livre desde o começo de 2015, provavelmente vai voltar a crescer no último trimestre deste ano, segundo a mediana das projeções de 15 economistas. A recuperação será apenas modesta, porém, com o PIB retornando ao seu tamanho de antes da recessão, em 2014, somente em 2019.

O baixo crescimento, junto com os altos juros, aumenta o custo da dívida do país. A dívida bruta, atualmente em 67 por cento do PIB, deve superar 80 por cento nos próximos anos, segundo a pesquisa. Ela pode estabilizar entre 2018 e 2022, mas para isso o Brasil precisa superar as expectativas de economistas e aprovar medidas no Congresso que diminuam o crescimento dos gastos e aumentem a receita com impostos.

Por enquanto, a maioria dos economistas na pesquisa espera apenas duas medidas neste ano: o fim da obrigatoriedade da participação da Petrobras nos campos do pré-sal e a renegociação da dívida dos Estados com a União. Apenas um acredita na aprovação da idade mínima para aposentadoria e na volta da CPMF, e cerca de metade aposta na aprovação de limites automáticos para os gastos federais.

Mesmo que o Brasil consiga ajustar as contas, a dívida alta e a austeridade necessária para mantê-la sob controle devem limitar o crescimento do PIB, segundo economistas. O desemprego deve subir até 12 por cento, segundo a mediana das estimativas, sobre 9 por cento atualmente.

O PIB do Brasil provavelmente recuou 3,8 por cento em 2015, segundo a pesquisa, e deve cair mais 3,45 por cento em 2016, segundo o levantamento semanal do Banco Central com instituições financeiras via pesquisa Focus. As três principais agências de risco tiraram o Brasil do grau de investimento nos últimos meses e mantêm perspectiva negativa para a nota do país, indicando a possibilidade de mais rebaixamentos.

 

 

Boletim Focus – O desastre continuado da gestão Dilma (por REINALDO AZEVEDO)

Se a economia encolher realmente 4% também neste ano e crescer a mixuruquice de 0,5% no ano que vem, em sete anos, a governanta terá produzido um PIB médio de 0,2%!

 

A recessão no ano passado deve ter sido ligeiramente superior a 4%. Logo saberemos. E, tudo indica, estão certos, infelizmente, os que estimam que este ano será ainda pior.

Os analistas consultados pelo Banco Central avaliam que a economia brasileira deve recuar 3,45% — na semana passada, a previsão era de queda de 3,4%. Para o ano que vem, os economistas mantiveram a perspectiva de uma leve recuperação do PIB e esperam que ele encerre 2017 com uma alta de 0,5%.

Já a expectativa para a inflação surpreendeu e, depois de oito semanas de alta, o Boletim Focus passou a prever um alívio no IPCA de 2016. A estimativa recuou de 7,62 % para 7,57%. Para 2017, permaneceu estável em 6%.

 

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O Focus manteve pela quarta vez seguida a previsão de que a taxa básica de juros, a Selic, feche este ano nos atuais 14,25%. Para 2017, a previsão é de 12,5%.

Já a projeção para o dólar este ano registrou uma leve queda, passando de R$ 4,36 para R$ 4,35. Em 2017, os analistas acreditam que a moeda americana ficará em R$ 4,40, mesma antevisão da semana passada.

Desastre
Para vocês terem uma ideia do desastre da gestão Dilma: se a economia encolher realmente 4% também neste ano e crescer a mixuruquice de 0,5% no ano que vem, em sete anos, a governanta terá produzido um PIB médio de 0,2% em sete anos!

Fonte: Reuters

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