Dólar tem leve alta frente ao real, com petróleo e incertezas locais
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve alta frente ao real nesta terça-feira, após acumular queda de 2,5 por cento nas últimas duas sessões, refletindo a volatilidade nos preços do petróleo e em meio a incertezas políticas e econômicas no Brasil.
O dólar avançou 0,32 por cento, a 3,9627 reais na venda. A moeda norte-americana chegou a 3,9818 reais na máxima da sessão, mas reduziu os ganhos durante a tarde reagindo a um fluxo de entrada de recursos estrangeiros, segundo operadores.
"Tivemos um período razoável de otimismo no cenário externo e hoje isso se dissipou um pouco", disse o operador de um banco nacional.
Após subirem nas últimas sessões, os preços do petróleo desabaram nesta sessão após o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali Al-Naimi, descartar a possibilidade de cortes na produção.
O recuo limitou o apetite por ativos de maior risco nos mercados globais, que vinha ajudando o dólar a cair frente ao real nas últimas sessões.
A moeda norte-americana acumula alta de apenas 0,37 por cento ante o real desde o início do ano, menos do que em relação a outras moedas da América Latina, tendência que pode não durar devido às incertezas econômicas e políticas no Brasil.
Nesta sessão, operadores afirmaram que o cenário local contribuiu para limitar a alta do dólar. Alguns investidores acreditam que a prisão do marqueteiro João Santana teria aumentado a chance de cassação dos mandatos da presidente Dilma Rousseff (PT) e do vice-presidente Michel Temer (PMDB), o que ajudou a limitar o avanço da moeda norte-americana.
"O mercado reagiu (à prisão) de forma cautelosamente otimista, mas a verdade é que a liquidez está muito baixa e isso pode não se sustentar", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
A baixa liquidez acentuou o impacto do fluxo de entrada de investidores estrangeiros no meio da tarde, segundo operadores. Entre 15h28 e 15h30, a moeda norte-americana recuou 0,51 por cento, passando de 3,9714 reais para 3,9513 reais.
Muitos investidores descontentes com o governo de Dilma têm reagindo positivamente a notícias que aumentam a chance de seu afastamento. Alguns ressaltaram, porém, que eventual mudança no governo pode não resultar em quadro favorável à aprovação de medidas de austeridade fiscal, que julgam necessárias para resgatar a confiança dos investidores.
A consultoria Eurasia Group manteve sua estimativa de chance de 40 por cento de Dilma não concluir seu mandato. Dentro desta margem, porém, passou a ver chances iguais de isso acontecer via cassação ou via impeachment, sendo que antes via chances maiores de impeachment.
Nesta manhã, o BC promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em março, vendendo a oferta total de 11,9 mil contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou 8,125 bilhões de dólares, ou cerca de 80 por cento do lote total, que equivale a 10,118 bilhões de dólares.
(Edição de Patrícia Duarte)