Marqueteiro de Lula e Dilma é preso pela PF ao chegar ao Brasil

Publicado em 23/02/2016 10:15

Publicitário João Santana e a sua mulher, Mônica Moura, chegam ao aeroporto de Guarulhos/SP - Foto de Zanone Fraissat/Folhapress

SÃO PAULO — O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, foram presos pela Polícia Federal ao chegar ao Brasil na manhã desta terça-feira. Eles desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em um voo da Gol vindo de Punta Cana, na República Dominicana, que teve aterrissagem antecipada das 10h para às 9h20m. O advogado Fábio Toufic acompanhava o casal. Eles foram recebidos por agentes da PF. Santana e Mônica serão levados para Curitiba em um avião da Polícia Federal.

O publicitário e sua mulher tiveram a prisão temporária decretata pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, ontem. O casal estava na República Dominicana, onde comandava a campanha à reeleição do presidente Danilo Medina.

João Santana é suspeito de receber US$ 7,5 milhões em contas no exterior entre 2012 e 2014. Os valores teriam sido pagos pela offshore Klienfeld, identificada pela força-tarefa da Operação Lava-Jato como um dos caminhos de propina da Odebrecht no exterior, e pelo engenheiro Zwi Skornicki, suspeito de operar o esquema de propina na Petrobras. A suspeita é de que os pagamentos correspondem a serviços eleitorais prestados ao PT.

Para o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, "por mais que tenham declarado ao Fisco" os valores, o casal "tinha conhecimento da origem espúria dos recursos" e ocultou valores que recebeu no exterior "mediante expedientes notoriamente fraudulentos", como contas em nome de offshore e contratos falsos.

Leia a noticia na íntegra no site do jornal O Globo

Alvo da Operação Lava Jato, marqueteiro do PT chega ao Brasil

Alvos da 23ª fase da Operação Lava Jato, o marqueteiro das campanhas de Dilma (2014 e 2010) e Lula (2006), João Santana, e a sua mulher, Mônica Moura, chegaram ao Brasil por volta das 9h30 desta terça-feira. O desembarque ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. O casal, que veio de um voo de Punta Cana, na República Dominicana, segue agora para a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde é conduzida a Operação Lava Jato.

Os dois tiveram a prisão decretada na operação Acarajé, que mira os repasses - ao todo, de 7,5 milhões de dólares - feitos a João Santana no exterior pela Odebrecht e pelo lobista Zwi Skornicki, representante comercial no Brasil do estaleiro Keppel Fels.

Leia a notícia na íntegra no site da Veja.

Marqueteiro João Santana é levado pela PF para Curitiba após retornar ao Brasil, diz assessor

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O marqueteiro João Santana desembarcou em São Paulo nesta terça-feira de manhã vindo da República Dominicana e foi imediatamente levado de avião pela Polícia Federal para Curitiba, onde estão concentradas as investigações da operação Lava Jato, disse por telefone um assessor do publicitário.

Santana, que trabalhou nas duas campanhas da presidente Dilma Rousseff e na reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve mandado de prisão expedido como parte da 23ª etapa da Lava Jato, deflagrada na segunda-feira, por suspeita de ter recebido pagamentos milionários ilegais no exterior provenientes do esquema de corrupção na Petrobras por serviços prestados para campanhas eleitorais do PT no Brasil.

(Por Pedro Fonseca)

Na Veja

Patrimônio de João Santana cresce quase 6.000% em dez anos

O patrimônio do marqueteiro João Santana, consultor da presidente Dilma Rousseff e alvo principal da 23ª fase da Operação Lava Jato, cresceu 5.758% entre os anos de 2004 e 2014. Os dados foram levantados a partir da quebra do sigilo do publicitário, suspeito de ter recebido dinheiro do esquema do petrolão e depois lavado os recursos com a simulação de contratos. Informações da Receita Federal indicam que, em 2004, Santana tinha patrimônio de cerca de 1 milhão de reais, patamar que saltou para expressivos 59,12 milhões de reais em 2014, declarados como resultado de "lucros e dividendos recebidos pelas suas empresas de publicidade". A esposa e sócia do marqueteiro, Mônica Moura, por sua vez, declarou patrimônio de aproximadamente 19,5 milhões de reais em 2014, diante de pouco mais de 56.000 reais em 2004. Para os investigadores da Lava Jato, os vultosos valores nas contas de João Santana, majoritariamente resultado do trabalho em campanhas políticas do PT, levam à conclusão de que os recursos encontrados em contas secretas do marqueteiro no exterior também tem relação com os quadros petistas e com o escândalo do petrolão. "Causa estranheza - e isto reforça a conclusão de que ambos tinham ciência da origem espúria dos recursos que receberam no exterior - que, por mais que João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura tenham declarado ao Fisco o recebimento no Brasil, de suas empresas de publicidade, entre 2004 e 2014, de lucros e dividendos no valor de R$ 91.519.423,53, ainda assim ocultaram o recebimento de valores no exterior mediante expedientes notoriamente fraudulentos e empregados com a finalidade exclusiva de esconder a origem criminosa dos valores, que (...) provinham da corrupção instituída e enraizada na Petrobras", assinalou a força-tarefa do MP na Lava Jato. (Laryssa Borges, de Brasília)

João Santana, o consultor-geral para agendas do governo

Mais do que o marqueteiro oficial das campanhas presidenciais de Lula e Dilma, o jornalista e publicitário João Santana era praticamente o único quadro político com quem a petista se aconselhava nos momentos mais agudos da atual grave crise política e econômica. Mas e-mails em poder dos investigadores da Operação Lava Jato evidenciam que, aos olhos dos mais diversos interlocutores, Santana era mais: quase uma espécie de consultor-geral para agendas de governo, com influência na administração de outros países e até como contato preferencial de agentes em busca de reuniões com o ex-presidente Lula ou com a presidente Dilma.

Em novembro do ano passado, o ex-governador de Córdoba, na Argentina, José Manuel De la Sota, pede a intermediação de Santana para um encontro com o ex-presidente Lula. Com o atual presidente argentino Maurício Macri recém-eleito, De la Sota explica que gostaria de discutir com o petista a situação política da Argentina e a posição de Macri sobre uma reunião do Mercosul em dezembro. O marqueteiro rejeita então a possibilidade do encontro e avisa: "Presidente Lula está sob uma carga muito forte da ação adversária". Na reunião semestral do Mercosul, Macri acabou pedindo a libertação dos presos políticos na Venezuela, país cujo presidente, Nicolás Maduro, é defendido pelo governo brasileiro.

Poucos dias antes, em 16 de outubro de 2015, mais uma mostra da "versatilidade" de João Santana. O diretor-superintendente da Odebrecht Angola, Jarbas Sant'anna, encaminha ao marqueteiro uma cópia do discurso proferido pelo vice-presidente do país africano, Manuel Domingos Vicente, classificado pelo executivo como "nosso amigo". Vicente foi presidente do Conselho de Administração da petrolífera angolana Sonangol e foi citado pelo delator Nestor Cerveró como a pessoa que lhe assegurou que, em uma transação para a compra de blocos de petróleo pela Petrobras na África, até 50 milhões de reais acabaram desviados em propina para o financiamento da campanha presidencial de Lula em 2006.

Leia a notícia na íntegra no site da Veja.

De novo, a ameaça do marqueteiro

"Não quero ficar de santinho, nem de hipócrita, nem de cínico. Mas, na verdade, ou a gente recebia assim ou não recebia. Eu tinha coisas a pagar. Eu não tinha mais poder de decisão. O jogo estava na mão deles", disse em 11 de agosto de 2005 o marqueteiro Duda Mendonça, em depoimento à CPI dos Correiros. Em uma sequência de frases que abalou Brasília, o responsável pela campanha que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 2002 admitia ter recebido cerca de 10,5 milhões de reais no exterior como pagamento. O valor foi depositado em uma conta nas Bahamas, por meio do empresário Marcos Valério de Souza, o operador do mensalão. O depoimento de Mendonça foi um dos mais graves momentos da crise política provocada pelo escândalo: deflagrou uma ameaça real de impeachment e levou petistas às lágrimas no plenário da Câmara, numa das imagens que entrou para a história. Assustado, Lula foi à televisão para um pronunciamento em que admitiu os "erros" do partido e do seu governo. Pediu desculpas ao país.

Leia a análise na íntegra no site da Veja.

Fonte: O Globo + Reuters

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