Operação Lava Jato: Moro diz que João Santana sabia da origem espúria dos recursos

Publicado em 22/02/2016 07:52

SÃO PAULO — O patrimônio do publicitário João Santana e de sua mulher, Mônica, aumentou de R$ 1 milhão para R$ 78,6 milhões entre 2004 e 2014. Para o juiz Sérgio Moro, "é extremamente improvável que a destinação de recursos espúrios e provenientes da corrupção na Petrobras aos dois, no exterior, "esteja "desvinculada dos serviços que prestaram à aludida agremiação política". Segundo o juiz, "por mais que tenham declarado ao Fisco" os valores, o casal "tinha conhecimento da origem espúria dos recursos" e ocultou valores que recebeu no exterior "mediante expedientes notoriamente fraudulentos", como contas em nome de offshore e contratos falsos.

Em despacho, Moro afirma que Zwi Skornick e a Odebrecht pagaram ao casal pelos serviços que eles prestaram em campanhas eleitorais do PT. Os pagamentos de Skornicki somaram US$ 4,5 milhões entre 2013 e 2014. Os feitos por meio da conta usada pela Odebrecht totalizaram US$ 3 milhões entre 2012 e 2013.

A investigação do publicitário começou com a apreensão de um bilhete enviado por Mônica ao operador Zwi Skornicki e ao filho dele, Bruno. Moro observa que Mônica foi explícita ao afirmar que as duas contas indicadas para pagamento, em euro ou dólar, são suas. Para ele, não há, com base nas provas e elementos já colhidos ao longo de toda a Operação Lava-Jato, "causa lícita e razoável" que justificasse a transação bancária arquitetada.

Leia a notícia na íntegra no site do jornal O Globo

Na Veja: Marqueteiro das campanhas de Lula e Dilma tem prisão decretada na Lava Jato

A Polícia Federal deu início nesta segunda-feira a mais uma fase da Operação Lava Jato - a 23ª - e mira a relação do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, como esquema de corrupção instalado na Petrobras. A PF expediu um mandado de prisão contra o publicitário, mas ele não foi detido porque está no exterior, onde trabalha na campanha à reeleição do presidente da República Dominicana, Danilo Medina. Também são alvos da 23ª fase da Lava Jato a empreiteira Odebrecht e o lobista e engenheiro representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, de Singapura, Zwi Skornicki, que também já havia sido alvo das investigações do petrolão por suspeitas de atuar como operador de propinas.

A 23ª fase da Lava Jato, batizada de Acarajé, cumpre 51 mandados judiciais na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo e atinge em cheio as campanhas presidenciais de Lula e Dilma. Santana trabalhou como marqueteiro nas corridas presidenciais petistas e sua prisão, quando consolidada, deve ampliar ainda mais as discussões sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao todo, foram expedidos 38 mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e cinco de condução coercitiva. A Polícia Federal identificou pelo menos 7 milhões de dólares enviados ao exterior e com relação direta com João Santana. Segundo nota da PF, o termo Acarajé se refere ao nome que alguns investigados usavam para designar dinheiro em espécie.

Conforme revelou VEJA, durante a nona fase da Lava Jato, investigadores detectaram indícios de que subsidiárias da empreiteira Odebrecht repassaram dinheiro a contas no exterior controladas por João Santana, marqueteiro responsável pelas campanhas que levaram Lula e Dilma a vitórias nas últimas três eleições presidenciais. Os indícios são de que o publicitário recebeu secretamente dinheiro por meio de contas que o Grupo Odebrecht mantinha no exterior para quitar despesas de campanhas do PT.

VEJA também mostrou que, ao analisarem o material apreendido ainda na nona fase da Lava Jato, os investigadores encontraram uma carta enviada em 2013 pela esposa de João Santana, Mônica Moura, ao engenheiro Zwi Skornicki com as coordenadas de duas contas no exterior. Sócia do marido, Mônica indicava uma conta nos Estados Unidos e a outra na Inglaterra.

Leia a notícia na íntegra no site da Veja

Repasses a marqueteiro no exterior ocorreram no período de reeleição de Dilma

Diante das disputas políticas e jurídicas sobre o andamento do processo de impeachment e do pedido de cassação da presidente Dilma Rousseff no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um novo ingrediente pode dar ainda mais força ao pedido de cassação da petista do mandato no Executivo. É que investigadores da Operação Lava Jato detectaram que dos cerca de 7,5 milhões de dólares repassados ao marqueteiro João Santana no exterior, os pagamentos mais recentes ocorreram no final do ano de 2014, ou seja, na época em que o publicitário atuava ativamente na campanha à reeleição de Dilma.

Segundo as investigações, entre 25 de setembro de 2013 e 4 de novembro de 2014, dias após o fim do segundo turno presidencial, Zwi repassou dinheiro a offshore panamenha Shellbill Finance SA, de João Santana e Mônica Moura. Foram nove transações, totalizando ao menos 4,5 milhões de dólares. A Shellbill Finance SA não foi declarada às autoridades brasileiras.

Outros 3 milhões de dólares pagos ao marqueteiro pelo Grupo Odebrecht partiram de contas ocultas no exterior em nome das offshores Klienfeld e Innovation, que já são alvo da Lava Jato por terem sido usadas para abastecer com propina os ex-diretores da Petrobras Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada e Nestor Cerveró. O repasse do dinheiro enviado a João Santana pelas offshores ligadas a Odebrecht ocorreu entre abril de 2012 e março de 2013.

Leia a notícia na íntegra no site da Veja

Nova fase reforça envolvimento de Marcelo Odebrecht no petrolão

Para a força-tarefa da Operação Lava Jato, a 23ª fase, deflagrada nesta quarta-feira, reforça o envolvimento do herdeiro e ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, no escândalo do petrolão e escancara o pagamento de propina do conglomerado no exterior. Documentos em posse da força-tarefa do Ministério Público comprovam que existia uma planilha de pagamentos ilícitos feitos pela Odebrecht, com destinatários como "Feira", uma referência ao marqueteiro João Santana, e JD, em alusão ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Segundo os investigadores, novos indícios apontam que Marcelo Odebrecht detinha o controle do caixa de propina do grupo e conhecimento amplo do uso de offshores para o depósito de dinheiro a corruptos. Na 23ª fase da Lava Jato, as suspeitas são de que Hilberto Mascarenhas Alves Silva Filho e Luiz Eduardo Rocha Soares, que já foram ligados ao Grupo Odebrecht, e Fernando Miggliaccio da Silva atuavam nos pagamentos no exterior por ordem da companhia. Os dois últimos teriam fugido do país após buscas e apreensões na Odebrecht em junho de 2015, data da fase da operação que levou Marcelo Odebrecht para a cadeia.

Leia a notícia na íntegra no site da Veja

Na Folha: Após 11 anos, publicitário estrela volta a ameaçar governo petista

Por Fábio Zanini, editor de "Poder"

Uma década depois, um publicitário estrela volta a ameaçar um governo petista. Em 2005, Duda Mendonça assombrou o país ao confessar à CPI dos Correios que recebeu  no exterior pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva de 2002, sem que os recursos fossem contabilizados. Lula balançou, mas ainda com reservas de popularidade e num momento de economia em início de recuperação, segurou­se no cargo. Duda acabou absolvido pelo STF.

Para Dilma Rousseff, a investida sobre João Santana é potencialmente mais desastrosa.

O contexto econômico é ruinoso, e ela tem apenas fiapos de aceitação popular. O eventual comprometimento de seu marqueteiro e de sua campanha de 2014 com pagamentos ilegais, possivelmente por meio da Odebrecht, principal empresa envolvida no petrolão, seria o fim da linha. Seja via impeachment, até aqui visto como improvável, seja pela cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral, alternativa que começa a ganhar força.

Leia a análise na íntegra no site da Folha de s. Paulo

Marqueteiro do PT João Santana e Odebrecht são alvos de nova etapa da Lava Jato, diz TV Globo

(Reuters) - O marqueteiro João Santana, que trabalhou na campanha da presidente Dilma Rousseff, e a empreiteira Odebrecht estão entre os alvos da nova etapa da operação Lava Jato deflagrada nesta segunda-feira pela Polícia Federal, segundo reportagem da TV Globo.

De acordo com a emissora, foi emitido mandado de prisão contra Santana, que, no entanto, ainda não foi detido porque está fora do país.

O executivo da Odebrecht Marcelo Odebrecht, que já está preso no âmbito Lava Jato, é suspeito de envolvimento em outros crimes, segundo a emissora.

(Texto de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)

Fonte: O Globo + Veja + Reuters

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