Petróleo sobe mais de 10% nesta 6ª feira e puxa mercado financeiro
Os preços do petróleo, que começaram a sexta-feira (12) com ligeiras altas, intensificaram seus ganhos e, no final da tarde, o avanço já passava dos 10% em Nova York, com a commodity perseguindo recuperar o patamar dos US$ 30,00 por barril. A subida das cotações, segundo explicam analistas, foi reflexo de uma junção de fatores.
Segundo reportou a Reuters, os Estados Unidos reduziram seu número de sondas de extração de petróleo em atividade pela oitava semana consecutiva e foram ao menor nível em seis anos. Assim, na semana que terminou neste dia 12, 28 sondas foram removidas.
Além disso, as especulações sobre uma possibilidade de redução na produção mundial começam a ganhar peso. O ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail bin Mohammed al-Mazourei, afirmou em entrevista nesta sexta que a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) que a instituição estaria disposta a negociar uma redução na extração. As informações partem do site Investing.com. "Os produtores estão prontos para trabalhar juntos e os fornecedores não farão cortes a não ser que haja completa cooperação e acordo", disse o ministro em um comunicado online feito nesta semana.
Desde o final do ano passado, os preços do petróleo já perderam mais de 30%, sendo que nesta quinta-feira (11), bateram em suas mínimas dos últimos 12 anos.
No cenário macroeconômico as notícias também são melhores. Nesta sexta-feira, o principal índice das ações europeias subiu 3% e foi impulsionado pelos bons resultados trazidos pelos papeis do Deutsche Bank e do Commerzbank. As ações norte-americanas também voltaram a subir após cinco sessões de queda expressiva.
"A maioria das pessoas sentiu que a queda não significou um grande impacto, então todos estão procurando um momento para comprar. Assim, isso pode ser apenas alguns com dinheiro investindo diante de um momento em que julgam que os preços estão bons. Não há um grande desenvolvimento, porém, o petróleo está subindo e, muitas vezes, pudemos ver o petróleo e ações subindo", disse um investidor internacional à agência de notícias Bloomberg.
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No EL PAÍS: Nova recessão econômica, ajuste ou quebra de confiança?
Para alguns, 2016 nos reserva outra severa recessão mundial. É a tese de George Soros. Os mercados globaisenfrentam crise e desafios similares aos de 2008 e os investidores devem ser muito prudentes, disse ele em 7 de janeiro. Muitos concordam.
Mas Soros, além de mítico mecenas, é parte muito interessada, um especulador sem escrúpulos que derrubou a libra e a lira em 1992, arruinando investidores e cidadãos.
Uma versão um pouco diferente de sua tese é que atravessamos o último capítulo da Grande Recessão. Estaríamos digerindo seus excessos, o alto endividamento mundial, a solidão da política monetária expansiva orquestrada para revitalizar os enfermos, as bolhas resultantes. Em suma, estaríamos vendo um ajuste talvez muito duro, mas herdeiro do recente.
Outra hipótese explicativa, embora difusa, é a múltipla ruptura da confiança. Essa quebra afeta todos os lugares e políticas. E pode resultar em um agravamento ou em um direcionamento do quadro clínico atual.
Tudo dependerá de as autoridades econômicas se coordenarem ou não, acrescentarem política fiscal à monetária e evitarem que as atuais desvalorizações monetárias levem a uma guerra de divisas baseada em empobrecer o vizinho para que eu me recupere.
Tudo o que está acontecendo é muito grave, mas nem sempre dramático. A zona do euro não consegue fazer o investimento deslanchar, nem reduzir seu endividamento, nem evita suspeitas sobre seus bancos (o Deutsche, os italianos), nem consegue fazer a política de extrema liquidez do BCE ativar a inflação necessária. Mas suas previsões oficiais de crescimento não são nada desprezíveis: 1,7% neste ano; 1,9% em 2017.
Os Estados Unidos vislumbram uma recessão industrial, reduzem o desemprego, mas criam menos postos de trabalho do que o esperado, discute-se cada vez mais o aumento de taxas do Fed. Mas continuam exibindo um crescimento sólido (cerca de 3%) e uma inquestionável liderança empresarial e tecnológica.
As políticas monetárias expansivas de todos os bancos centrais – já estamos em taxas de juro negativas – são menos eficazes (no Japão ou na UE) que quando foram lançadas pelo Federal Reserve em 2008. Mas não provocaram uma guerra aberta de divisas.
O lado mais fraco está nos emergentes produtores de matérias-primas (petróleo e outras: queda de 47% do índice Bloomberg desde 2014), endividados, e às vezes presos em diferentes bolhas. O caso de maior impacto é o da China. Por que crescerá um pouco menos neste ano, 6,3% segundo o FMI, em lugar dos 6,9% de 2015, segundo Pequim? Ou porque suas estatísticas não são críveis?... E é estranho crescer a quase 7% enquanto seu consumo energético aumenta apenas 0,5%.
Crise de confiança múltipla. Da qual só se sai com uma forte liderança mundial. Quem a encarnará? Alguém deve substituir os emergentes como locomotiva. E imprimir rapidez à luta contra os desequilíbrios (dívida). E devolver a calma aos mercados e a sua base social: as classes médias do mundo, castigadas, acovardadas, escaldadas.