Recuperação do petróleo faz Petrobras disparar e Bolsa sobe 1,02%
SÃO PAULO - A possibilidade de corte na produção de petróleo impulsiona os negócios nos mercados financeiros nesta sexta-feira. Esse cenário mais positivo ajudou a conter a alta do dólar, que passou o pregão todo pressionado devido às dúvidas sobre o ajuste fiscal. A moeda americana encerrou os negócios cotada a R$ 3,989 na compra e a R$ 3,991 na venda, leve alta de 0,17% ante o real - na máxima, chegou a R$ 4,005. Na semana a divisa terminou estável. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava, às 17h01, em alta de 1,02%, aos 39.718 pontos, puxada pelas ações da Petrobras.
O “dollar index”, calculado pela Bloomberg e que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de dez moedas, tinha alta de 0,50% próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil. Isso porque o dólar perdeu força ante moedas consideradas fortes, mas avançou em relação às divisas de países emergentes. No Brasil, há ainda o agravante da situação fiscal. Os investidores ficaram ainda mais receosos após o governo adiar o anúncio dos cortes no Orçamento de 2016.
— Internamente os investidores estão cautelosos com a perspectiva fiscal brasileira. O adiamento dos cortes do orçamento sinaliza a incapacidade do governo em reduzir gastos. Isso pressiona o dólar, apesar da menor aversão ao risco no exterior — avaliou Ricardo Zeno, sócio da AZ Investimentos.
O anúncio estava previsto para esta sexta-feira mas deve ocorrer apenas em março. “Não descartamos, principalmente na segunda parte do pregão, um movimento de proteção com o retorno do trabalho do Congresso na próxima semana”, avaliou, em relatório a clientes, Jefferson Luiz Rugik, analista da Correparti Corretora de Câmbio.
PETROBRAS SOBE FORTE
Após um pregão de forte aversão ao risco global, na quinta-feira, os investidores ensaiam uma recuperação nesta sexta-feira. O motivo é que integrantes da Organização dos Exportadores de Petróleo (Opep) sinalizaram com corte na produção do óleo - a queda da demanda, a desaceleração da China e o aumento da oferta são as razões para a forte queda dos preços nos últimos meses. O petróleo do tipo Brent está sendo negociado em alta de 8,82%, a US$ 32,71 o barril. O WTI avança 11,64%, a US$ 29,26.
Na avaliação de Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer, a Bolsa operou de olho no exterior e consegue subir mesmo na ausência de notícias positivas no Brasil.
— A Bolsa reflete a recuperação do preço do petróleo no exterior. Ontem, as Bolsas caíram muito por conta da preocupação com os bancos. Neste pregão, há um movimento de repique e aqui acompanhamos essa alta — disse.
Isso ajuda na valorização das ações da Petrobras. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) sobem 5,20%, cotadas a R$ 4,45, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) avançam 6,93%, a R$ 6,32. Outras commodities também estão em recuperação, o que ajuda a Vale, que vê as PNs subirem 2,15% e as ONs com alta de 4,25%.
No exterior as Bolsas também operam em alta. Na Europa, os principais indicadores fecharam em alta. O DAX, de Frankfurt, subiu 2,45%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, avançou 2,52%. No caso do FTSE 100, de Londres, a alta foi de 3,08%. Nos Estados Unidos, Dow Jones sobe 1,43% e o S&P 500 sobe 1,29%.