Dólar cai a R$ 3,9181 por alívio com petróleo e dados fracos dos EUA
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu nesta quarta-feira e fechou na menor cotação em mais de um mês, acompanhando o recuo da moeda norte-americana nos mercados globais diante da alta dos preços do petróleo e de dados fracos sobre a economia dos Estados Unidos.
O dólar recuou 1,70 por cento, a 3,9181 reais na venda, influenciado também por rumores sobre grandes operações envolvendo títulos cambiais. Trata-se do menor nível de fechamento desde 29 de dezembro do ano passado, quando ficou em 3,8769 reais.
Os preços do petróleo voltaram a subir nesta quarta-feira, apesar de dados mostrando um aumento nos estoques norte-americanos. A queda recente da commodity, que vem se mantendo perto das mínimas em 12 anos, tem reduzido o apetite por risco global.
"O petróleo ensaia uma recuperação, o que traz uma ajuda marginal para moedas de emergentes", disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.
Dados mais fracos que o esperado sobre a economia dos EUA também contribuíram para o recuo do dólar em relação ao real ao alimentar expectativas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode não elevar os juros novamente tão cedo.
O dólar recuou contra as principais moedas emergentes, mas o real foi de longe a que apresentou o melhor desempenho. Operadores citaram entre os motivos para esse descolamento suspeitas do mercado em relação à venda de 1,6 bilhão de reais em Notas do Tesouro Nacional-Série A na véspera.
As operações chamaram atenção porque NTN-As, títulos indexados ao câmbio que já não são mais emitidos pelo Tesouro Nacional, não costumam apresentar grande liquidez no mercado secundário. Circularam no mercado rumores de que teria ocorrido uma operação semelhante nesta quarta-feira, incluindo também uma venda de dólares no mercado futuro relacionada à proteção cambial.
Outro rumor foi o de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teria liquidado mais um contrato indexado ao câmbio junto ao Tesouro Nacional, após saldar dois desses contratos entre o fim de dezembro e meados de janeiro.
"O mercado está muito sensível, então se agarra a esses boatos e entra com força na venda (de dólares)", disse o operador da corretora de um banco nacional, sob condição de anonimato.
Nesta manhã, o Banco Central promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em março, vendendo a oferta total de 11,9 mil contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou 1,747 bilhão de dólares, ou cerca de 17 por cento do lote total, que equivale a 10,118 bilhões de dólares.