Tombini vê inflação caindo nos próximos meses, mas ressalta que processo é gradual e defasado
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o país atravessa o pico da inflação acumulada em doze meses e que o avanço dos preços deverá desacelerar nos próximos trimestres ajudado pela economia em recessão, num processo "gradual, cumulativo e defasado".
Ao discursar em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social nesta quinta-feira, Tombini ressaltou que, de um lado, a razão entre os preços administrados e os preços livres está em um patamar próximo ao final da década passada, de modo que os ajustes dos preços administrados neste ano tendem a ser "substancialmente menores" do que os verificados em 2015.
O chamado realinhamento dos preços relativos, que também contempla o movimento dos preços domésticos em relação aos internacionais, impulsionou a inflação em 2015 para o patamar de 10,67 por cento, muito acima da meta do governo de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Em outra ponta, Tombini chamou a atenção para a diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) e o PIB potencial da economia, conhecido como hiato do produto.
"O hiato do produto deverá reduzir a pressão inflacionária em 2016, limitando a propagação da inflação para horizontes mais longos", afirmou Tombini.
"Por ser (a redução da inflação) um processo gradual, cumulativo e defasado, destaco a importância de se manter, ao mesmo tempo, perseverança nas ações presentes e visão prospectiva nos desdobramentos da gestão da política monetária, tendo em vista os efeitos do ambiente externo na formação dos preços domésticos", afirmou Tombini.
O presidente do BC destacou que a elevação de incertezas, especialmente as ligadas ao cenário internacional, como destacado mais cedo em ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Por isso, o BC seguirá monitorando a evolução do cenário macroeconômico para definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.
"As mudanças nos ambientes doméstico e, principalmente, internacional, sobretudo mais recentemente, e seu impacto no balanço de riscos para a inflação, combinados com os ajustes já implementados na política monetária, podem fortalecer o cenário de convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento em 2017", disse Tombini, reiterando mensagem da ata.
"Nada obstante, o Banco Central permanecerá vigilante quanto à evolução da conjuntura macroeconômica e às perspectivas para a inflação e adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5 por cento, em 2017."
Nesta quinta-feira, o BC adotou um tom mais brando em relação à condução da política monetária, ao sugerir na ata do Copom maior tolerância com a inflação neste ano em meio à elevação das incertezas no cenário externo, com destaque para desaceleração na China e evolução dos preços do petróleo.
Na semana passada, a autoridade monetária manteve a Selic em 14,25 por cento ao ano, patamar que segue o mesmo desde julho de 2015, em polêmica decisão tomada em meio a pressões para que não mexesse nos juros devido à forte deterioração da economia, apesar do cenário de inflação elevada.
(Por Marcela Ayres)
Desemprego sobe e chega a 6,9% em 2015 no país (em VEJA)
O Brasil encerrou 2015 com taxa de desemprego de 6,9%, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O porcentual é maior que o de dezembro de 2014, quando a taxa de desocupação foi de 4,3%. O dado refere-se ao desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país.
A taxa de 6,9% é a mais alta para o mês de dezembro desde 2007, quando chegou a 7,4%, segundo o IBGE. A taxa de desocupação média de janeiro a dezembro foi estimada em 6,8% no ano passado e em 4,8% em 2014. Essa elevação de dois pontos porcentuais, de acordo com o IBGE, foi a maior de toda a série anual da pesquisa e também interrompeu a trajetória de queda, registrada desde 2010.
Em 2015, o número médio de desocupados foi de 1,7 milhão de pessoas, volume 42,5% maior que o registrado em 2014, quando a média de pessoas sem ocupação profissional foi de 1,2 milhão. A despeito do aumento, o número de 2015 ainda é menor que o de 2003, quando a média de desocupados foi de 2,7 milhões de pessoas. Entre 2003 e 2015, o número de pessoas sem trabalho caiu 35,5%, o equivalente a 940.000 pessoas.
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A renda média dos trabalhadores também caiu no ano passado. O recuo entre 2014 e 2015 foi de 5,8%, passando de 2.373 reais para 2.235 reais. Houve queda em todos os segmentos apurados pelo IBGE: Empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (-3,3%), empregados sem carteira no setor privado (-5,1%), militares ou funcionários públicos estatutários (-1,8%), trabalhadores por conta própria (-4,1%) e empregadores (-6,2%).
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