Fed mantém juros nos EUA e monitora atentamente mercados globais
Por Jason Lange e Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve decidiu manter os juros nesta quarta-feira e disse estar "monitorando de perto" os desenvolvimentos econômicos e financeiros globais, mas manteve uma visão otimista sobre a economia dos Estados Unidos.
A decisão do banco central dos EUA era amplamente esperada após um mês de queda nos mercados acionários norte-americanos e mundiais levantar temores sobre a possibilidade de uma abrupta desaceleração global, que poderia pesar sobre o crescimento econômico norte-americano.
"O comitê está monitorando de perto os desenvolvimentos econômicos e financeiros e está avaliando suas implicações para o mercado de trabalho e para a inflação", disse ComitêFederal de Mercado Aberto do Fed em um comunicado que diminuiu as chances de uma alta de juros em março.
O Fed retirou de seu comunicado a referência anterior de que os riscos para a perspectiva econômica estavam equilibrados. Em vez disso, o banco central disse que estava avaliando o quanto a economia global e os mercados financeiros poderiam afetar esse perspectiva.
Os membros do Fed não apresentaram atualizações das projeções sobre o rumo da política monetária nesta quarta-feira, mas disseram esperar que o mercado de trabalho continue a se fortalecer e a economia a se expandir mesmo com "ajustes graduais" na política monetária.
Operadores no mercado futuro reduziram marginalmente as apostas de que o Fed aumentaria a taxa de juros na próxima reunião, em março, para uma chance de 32 por cento, ante 33 por cento logo antes do comunicado.
"Eu acho que foi para o lado 'dovish'(postura mais branda em relação aos juros)", disse a estrategista de renda fixa da Charles Schwab Kathy Jones.
No mês passado o Fed elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para uma faixa entre 0,25 por cento e 0,50 por cento, em um sinal de que a economia de forma geral se recuperou da crise financeira de 2007-2009 e estava deixando de lado a fraqueza na China, no Japão e na Europa.
O Fed disse que indicadores recentes do mercado de trabalho, incluindo "fortes" ganhos de emprego, indicam fortalecimento adicional do mercado de trabalho nos EUA.
Os exportadores dos EUA sofreram um baque no ano passado, principalmente pelo impacto do dólar fortalecido, mas os gastos dos consumidores aceleraram e o emprego em geral saltou em dezembro.
Os preços do petróleo despencaram neste ano, o que pode manter por tempo prolongado a inflação dos EUA abaixo da meta do Fed, de 2 por cento. No entanto, a recente recuperação no índice de preços ao consumidor excluindo alimentos e energia pode sinalizar uma perspectiva de inflação mais forte para o médio prazo.
O Fed disse ainda esperar que a pressão de baixa na inflação exercida pelo recuo dos preços de energia e de importados seja temporária.
Investidores praticamente não viam chances de uma alta nos juros em janeiro e apostavam em apenas dois aumentos em 2016 antes do S&P 500 cair cerca de 8 por cento nas primeiras três semanas do ano.
Os membros do Fed poderão examinar com calma os dados de emprego de janeiro e fevereiro antes da próxima reunião de política monetária, em março.