Na FOLHA: Após panelaço, PT tira Dilma e Lula das inserções na TV

Publicado em 22/01/2016 06:23
EXCLUSIVO, NA EDIÇÃO DESTA SEXTA-FEIRA

Estrela das propagandas petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparecerá nos comerciais que o PT levará ao ar nas duas primeiras semanas de fevereiro. Lula e a presidente Dilma Rousseff ficarão de fora das inserções por uma decisão da cúpula do partido, que diz ter decidido priorizar a defesa da imagem da sigla, abalada pelos escândalos do mensalão e do petrolão.

Em agosto do ano passado, a aparição de Lula e Dilma na TV foi acompanhada por uma onda de panelaços em 16 capitais e no Distrito Federal.

Embora tenha decidido não expor suas maiores estrelas, o PT ainda não concluiu o formato das inserções, que serão exibidas nos dias 2, 4, 6, 9 e 11 de fevereiro, algumas em meio ao Carnaval.

Ainda segundo integrantes da cúpula do PT, o conteúdo do programa maior, de dez minutos e com apresentação programada para o dia 23, vai depender do clima político no país após a volta dos trabalhos no Congresso.
Sobre a ausência de Lula e Dilma nas inserções, os petistas dizem que a decisão não foi tomada por temor de novos panelaços.

"Os panelaços podem acontecer mesmo sem eles", justifica o presidente estadual do PT, Emídio de Souza.

Em pronunciamento de rádio e TV no Dia da Mulher, 8 de março, Dilma foialvo de panelaços em ao menos 12 capitais. Após o episódio, a petista evitou aparecer na televisão e gravou vídeos para a internet no Dia do Trabalho e se pronunciou em redes sociais no Dia das Mães, em maio.

A presidente também ficou de fora do programa nacional do PT exibido no mesmo mês. A peça, no entanto, trazia o depoimento do ex-presidente Lula e foi recebida com protestos em 11 capitais.

Lula e Dilma voltaram a aparecer em rede nacional somente em agosto, em um novo programa partidário que ironizava os panelaços.

 

Lula, em decadência, e Dilma, no buraco, estarão fora do programa político do PT (por REINALDO AZEVEDO, em VEJA.COM)

Lula, o homem mais honesto do mundo, segundo ele próprio, e Dilma, a governanta mais competente do mundo, segundo ela própria, não vão aparecer nos programas políticos do PT. É, crianças… Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas, como se diz lá em Dois Córregos, não é mesmo? Ou, se quiserem que eu escreva de outro modo, escrevo: quem tem Lula e Dilma tem medo!

Que coisa, né? Ainda me lembro de Gilberto Carvalho, com aquela modéstia aparente de coroinha de sacristia, a dizer que o PT era um partido privilegiado mesmo. Segundo ele, a legenda podia contar com um Pelé no banco — o Pelé, bem entendido, era Lula. Pois é… Bastaram cinco anos de governo Dilma para que o craque se revelasse um perna de pau.

 

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E aqui quero que fique clara uma coisa: a dupla Dilma-Mantega fez besteira aos montes. Ali, como é sabido, a arrogância tornava a incompetência ousada, e a incompetência tornava a arrogância satisfeita de si. E o país foi para o buraco. Mas não fizeram isso tudo sozinhos. Dilma levou ao paroxismo problemas que herdou do governo Lula. Quem passou à atual presidente o destrambelhamento fiscal, não se enganem, foi o modelo erigido pelo Apedeuta, que não sabe se vai se candidatar a papa ou a presidente do Íbis, o pior time do mundo.

As inserções do PT, cujo formato ainda não foi definido, segundo a Folha, vão ao ar nos dias 2, 4, 6, 9 e 11 de fevereiro. O programa de 10 minutos está previsto para o dia 23. O conteúdo, consta, ainda vai depender dos humores do país.

E por que as duas maiores estrelas vão ficar fora da propaganda política? Bem, porque cadentes, não é? Eles caem, em vez de subir. O temor é que novos panelaços forneçam a liga necessária para esquentar o clima óbvio de descontentamento.

Não sei se perceberam: até agora, a economia do país só piora. E não há sinais no horizonte de que a coisa vá ser revertida tão cedo. Economistas os mais respeitados começam a prever para este ano uma recessão ainda maior do que a do ano passado. Não se enganem: a aparente calmaria que está por aí, para quem já navegou um pouco neste mundão, é prenúncio de tempestade.

Petistas, hoje, não conseguem ir a um restaurante, como todos sabemos. Não que eu estimule hostilidades. Muito pelo contrário. Mas os companheiros sabem que a censura pública que lhes faz a população tem motivos, não é mesmo? O PT traiu os compromissos que eram seus — e aplica um estelionato eleitoral sem precedentes — e traiu os compromissos que são da civilização: nunca se viu em ação um sistema tão organicamente corrupto como o que aí está.

Restou a Lula o quê? Bem, meus caros, restou a Lula conceder entrevistas para subjornalistas do nariz marrom, proclamar a própria honestidade — uma vez que ela já não é tão facilmente reconhecida — e sair ameaçando geral: “Olhem que eu processo…”. Nem parece aquele antigo líder que subia no palanque, nos tempos da oposição, e vendia a honra alheia por dez tostões. Ao Lula da era do milhão e do bilhão sobrou acenar para os desafetos com o terror jurídico.

Mesmo os críticos mais duros do PT, e pretendo me incluir entre eles, não anteviram um fim tão melancólico e tão patético para o partido que pretendia ser diferente de tudo o que está aí. Em certa medida, foi mesmo! Os “companheiros” resolveram profissionalizar as artes em que outros, antes deles, como Paulo Maluf e Fernando Collor, se mostraram verdadeiros amadores.

O Brasil vai, claro!, sobreviver. Mas vamos pagar muito caro. Infelizmente.

 

Direto ao Ponto (por AUGUSTO NUNES):

Mais de 1,5 milhão de brasileiros perderam o emprego em 2015. Nenhum é filiado ao PT

O companheiro Miguel Rossetto, ministro do Trabalho, admitiu nesta quinta-feira que, ao longo de 2015, mais de 1,5 milhão do que ele chama de “vagas formais” foram fechadas. É a maior onda de desemprego registrada desde 1992. Outro estrago colossal produzido pela crise econômica que a dupla Lula & Dilma pariu. Outra evidência dolorosa do naufrágio dos governos lulopetistas.

E o que disse Rossetto para abrandar a angústia dos trabalhadores atormentados pelo sumiço dessa imensidão de empregos com carteira assinada? Anotem: “Tivemos um ano de 2015 difícil, mas o mercado de trabalho do país manteve uma capacidade rápida de resposta a estímulos de demanda e um estoque formal forte e organizado de 39,6 milhões de empregos. Mantivemos as conquistas dos últimos anos”. Haja desfaçatez.

A serenidade obscena de Rossetto é explicada por uma constatação sonegada pela fábrica de estatísticas federais: não há um único e escasso militante do PT no oceano de demitidos nos últimos 12 meses. Nenhum. O Programa Desemprego Zero para a Companheirada é maior e muito mais eficaz que o Bolsa Família. Todos os devotos da seita têm salário garantido.Petista desempregado é uma espécie extinta.

Se o cinismo hediondo fosse incorporado aos crimes capitulados no Código Penal, a Esplanada dos Ministérios e o Palácio do Planalto seriam esvaziados assim que a lei entrasse em vigor. Os rossettos estariam matando a saudade dos vaccaris e dirceus. O Brasil ficaria melhor, mais respirável e muito menos cafajeste.

 

No mato sem cachorro

Por VINÍCIUS TORRES FREIRE

Economistas do governo de Dilma Rousseff diziam ontem que foi mesmo a piora da situação da economia mundial que levou o Banco Central à reviravolta sobre a taxa de juros que tanto bafafá tem causado –e ainda causará.

Os motivos do BC talvez fiquem menos obscuros apenas na semana que vem, quando se divulga uma espécie de explicação do que se decidiu fazer a respeito dos juros, a "Ata do Copom".

Sejam quais forem as razões e as consequências da decisão, ao menos nos próximos meses o Brasil terá entrado em um universo de política econômica em que não há mapa, bússola ou mesmo controle da direção.

Esses economistas do governo afirmam, claro, que não houve pressão da presidente para que se evitasse um aumento da taxa "básica" de juros (Selic) na reunião do BC de quarta. Até a primeira semana de janeiro, pelo menos, o BC na prática dizia que era necessário elevar a Selic.

Explicam que "a maioria" dos diretores do BC mudou de ideia nos últimos dez dias, por aí, porque houve "precipitação de acontecimentos e intensificação das dúvidas" sobre a economia e finança mundiais. São citados o caso de China, petróleo e fuga de capitais dos países "emergentes", além do risco de deflação mundial e, pois, de redução de crescimento também no mundo rico.

Qual o efeito preciso disso no Brasil e na política do Banco Central? Não querem adiantar a explicação.

Em teoria, não se aumenta a taxa de juros, mesmo com inflação indesejável, quando, por exemplo, se imagina que o remédio vai matar o paciente por outras vias: juros mais altos arrebentam os gastos do governo. Ou quando se acredita que o remédio vai fazer efeito contrário: a inflação vai subir (teoricamente, acredita-se que é possível).

Ou, então, quando se imagina que o efeito combinado da taxa de juros no nível em que está com o efeito daninho do tumulto mundial vai fazer o serviço. Isto é, recessão ainda maior e quedas mundiais de preços vão conter a nossa inflação. Nesse caso, espera-se uma queda bem horrenda dos salários.

Seja como for, estamos agora em um universo desconhecido de política econômica, se algum.

Não haverá tempo para se inventar e menos ainda consolidar um modo diferente, ora misterioso, de lidar com as alavancas básicas da economia. Não haverá tão cedo como recuperar as ferramentas antigas, danificadas ou perdidas.

Isto é, não há vontade ou possibilidade de controlar o aumento da dívida pública (o que não soa bem para o destino dos juros e para a inclinação a investir em novos negócios, para fazer um resumo grosso).

Não se sabe mais nada do que será da taxa de juros que "orienta" todas as demais (Selic). Não há instrumentos críveis para tentar controlar a inflação dentro de certos limites, nem a inclinação a utilizar os que havia. Em suma, não se sabe bem qual é a política monetária (juros, crédito) e, voltando-se a saber, levará um tempo para se acreditar que é para valer.

Por ora, não há nem mesmo como remediar parte dessa situação por meio de terapias heroicas, tal como tentar fixar a desordem por meio de uma taxa de câmbio mais ou menos controlada, o que tenderia a provocar apenas uma corrida de pânico em direção à porta de saída (grande desvalorização do real).

 

Incompetência ou ordens da chefe?

Por RAQUEL LANDIM

Credibilidade é um ativo intangível, difícil de ganhar e fácil de perder. Muitas vezes a maneira com que você toma uma decisão interfere muito mais na sua credibilidade do que a decisão em si. Foi o caso da manutenção da taxa de juros, Selic, pelo Banco Central na noite de quarta-feira (20).

Havia bons argumentos para baixar ou elevar os juros e não se tratava de uma decisão fácil. A inflação está desancorada e fechou acima de dois dígitos no ano passado. Deve ultrapassar o teto da meta este ano e talvez até em 2017.

Os preços administrados não estão caindo tanto quanto esperado após o choque de 2015 e os dissídios salariais continuam robustos por conta da recomposição da inflação passada. Tudo isso justificaria a alta da Selic para tentar manter as expectativas sob controle.

Por outro lado, o prognóstico de 2016 repetir 2015 e registrar uma retração entre 3% e 4% no PIB e estimativas negativas até para 2017 tornam fácil imaginar uma onda de desemprego nos próximos meses que justificaria a manutenção da Selic ou até sua queda.

Até mesmo economistas ortodoxos, por conta do descontrole de gastos do governo, começaram a duvidar da eficácia do aumento de juros e defendiam que não adianta nada sem um ajuste fiscal. Seria como secar gelo.

Alexandre Tombini, presidente do BC, e seus diretores passaram semanas dizendo que estavam comprometidos com a meta de inflação —nem que fosse em 2017— e reafirmando a eficácia da política monetária.

Todas as suas manifestações e documentos sinalizavam para um aumento de 0,5 ponto da Selic. Foi assim até a já tristemente famosa nota de Tombini na terça-feira falando das estimativas negativas do FMI para o Brasil.

Ao manter os juros estáveis, o Copom alegou, mais uma vez, que foi surpreendido pelo cenário externo, por conta da desaceleração da China e da queda dos preços do petróleo —nada que já não soubessem semanas antes.

A história parece uma repetição de 2011, quando o BC deu um "cavalo de pau" na política monetária e começou a baixar os juros na marra, dizendo que a crise europeia era mais forte do que se imaginava. A atitude detonou a credibilidade do BC e os investidores passaram a duvidar da queda da inflação no longo prazo.

Naquela época, esta colunista ouviu de um ministro próximo da presidente Dilma que o BC tinha que baixar os juros, porque se tratava de uma promessa de campanha. A conversa ocorreu dias antes da decisão do Copom e me deixou perplexa, porque absolutamente ninguém falava em queda de juros.

Na última semana, os jornalistas mais bem informados de Brasília já sabiam e publicavam que o Planalto preferia que o BC não subisse os juros para não prejudicar ainda mais a atividade econômica. Assessores palacianos diziam que a atitude seria contraproducente num momento em que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, tenta estimular o crédito via bancos públicos (um erro também já cometido no passado e agora repetido).

É impossível não deixar a dúvida no ar: Tombini é incompetente na sua comunicação com o mercado ou não tem autonomia e obedece às ordens da presidente Dilma? Só essa dúvida já é suficiente para desancorar as expectativas de inflação, provocar mais desvalorização do real e agregar ainda mais turbulência a situação econômica brasileira.

Seja por incompetência ou por falta de autonomia para ocupar o cargo, Tombini deveria pedir demissão. Sob condição de anonimato, economistas experientes dizem que já existe um "custo Tombini", que deixa as taxas de juros mais altas do que deveriam.

O problema é se a troca iria adiantar alguma coisa, porque a presidente Dilma parece ocupar os cargos de presidente do BC, ministra da Fazenda, ministra do Planejamento, chefe da Casa Civil.... 

 

Sem crédito (editorial da FOLHA)

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, fez saber que busca entendimentos com bancos públicos para destravar o crédito e estimular a economia. No quadro atual do país, porém, tais esforços dificilmente trarão grandes resultados.

Além do esgotamento orçamentário do governo, que veda estratégias baseadas em mais subsídios, o setor privado não parece propenso a embarcar em uma nova onda de expansão de financiamentos –e a decisão do Banco Central de manter os juros inalterados pouco altera o cenário.

Tome-se o caso do FI-FGTS, formado por recursos do Fundo de Garantia e destinado a investimentos de longo prazo: mesmo com as taxas favorecidas cobradas, hoje sobram R$ 22 bilhões no caixa por falta de tomadores, conforme noticiou o jornal "Valor Econômico".

As razões para tanto vão desde a retração de empreiteiras investigadas pela Lava Jato até a exaustão de setores ligados ao ciclo de matérias-primas, como siderurgia e mineração, afetados pelo recuo dos preços internacionais.

Outro obstáculo são as limitações de capital de Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES, que nos últimos anos deram guarida à política de expansão desenfreada de crédito direcionado e hoje se veem com espaço restrito para novas empreitadas do gênero.

Enquanto isso, os bancos privados continuam atuando de forma defensiva. No ano passado, as novas concessões de financiamento para empresas a juros de mercado caíram ao menor nível desde 2005.

Uma alternativa para as empresas seria recorrer diretamente ao mercado de capitais, vendendo títulos para obter recursos. Mas, também nesse caso, os sinais são de desalento: as novas emissões de papéis caíram pela metade em 2015, somando R$ 124,8 bilhões.

Em crescimento, apenas o setor de factoring, que cobra juros elevadíssimos para antecipar o pagamento de valores a receber no futuro. Trata-se de transação que costuma indicar problemas de liquidez dos tomadores.

Na tipologia das recessões, há variantes mais malignas que outras. Entre as mais agudas e duradouras estão as que se seguem a um período de expansão eufórica de crédito –que tenha levado empresas, consumidores e governo (conforme cada caso) do endividamento à inadimplência.

Fato é que chegou ao fim o longo ciclo de expansão de empréstimos e financiamentos iniciado em 2004 e prolongado pelo intervencionismo oficial a partir de 2009.

Não por acaso, a retração atual do PIB só encontra paralelo nos momentos posteriores à crise da dívida externa dos anos 1980 e ao choque do Plano Collor.

 

Recomposição rápida de estoques de grãos facilita queda de preços

Por MAURO ZAFALON, na colunA VAIEVEM DAS COMMODITIES

Uma das explicações para a queda mundial dos preços dos grãos é a rápida recuperação dos estoques.

Os dados desta quinta-feira (21) do IGC (International Grains Council) indicam que os estoques de passagem da safra 2015/16 serão de 23% em relação ao consumo. Há três safras, esse percentual era de apenas 19%.

À exceção do arroz, todos os principais grãos tiveram boa recuperação de estoques. A soja obteve uma das principais. Na safra 2012/13, devido à seca nos Estados Unidos, e consequente quebra de produção, os estoques caíram para apenas 11% do consumo mundial. Nesta safra, o percentual já é de 14%. Nos dados do IGC, os estoques mundiais de soja são de 44 milhões de toneladas, para um consumo de 321 milhões.

O milho também registra boa recuperação. Após ter recuado para apenas 131 milhões de toneladas em 2012/13, os estoques do final desta safra serão de 196 milhões de toneladas, para um consumo de 968 milhões –de 20%.

O trigo tem um dos patamares mais confortáveis. Para um consumo mundial de 719 milhões de toneladas, o estoque é de 30%, somando 213 milhões.

A exceção fica para o arroz. Com safra prevista de 473 milhões de toneladas, o consumo deverá atingir 486 milhões. Os estoques, que eram de 114 milhões de toneladas em 2012/13, recuam para 95 milhões em 2015/16. A relação estoque-consumo cai de 24% para 20% nesse período.

O arroz é o produto de menor volume de comercialização mundial. Dos 473 milhões de toneladas produzidas, apenas 42 milhões trocam de país. O resto é consumido nos países produtores. A Tailândia, com 10 milhões de toneladas, lidera as exportações mundiais.

Acompanhamento de preços do IGC indicm que esta será a safra de grãos com os menores preços em sete anos.

A primeira avaliação deste ano para a safra 2015/16 indica queda de 3% no preço do trigo; de 2% no arroz; e de 1% no milho, em relação às estimativas de novembro. A soja fica estável, segundo o relatório.

*

Dólar e oferta fazem milho e algodão disparar

Dólar valorizado, exportações elevadas, estoques menores nesta temporada e expectativa de menor oferta em 2015/16 puxam os preços do milho no mercado interno.

Neste mês, o cereal já teve alta de 18%, segundo acompanhamento de preços do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Em termos reais, os atuais preços são os maiores desde meados de 2013. O indicador Esalq/BM&FBovespa do milho, referente à região de Campinas, está em R$ 43,31 por saca.

Outro produto que tem intensa valorização neste ano é o algodão em pluma. O cenário atual é de maior presença compradora em um contexto de oferta limitada, segundo o Cepea. Pelo menos 60% da safra 2014/15 já foi vendida e a nova só entra no mercado de forma mais intensa a partir de julho.

O indicador Cepea/Esalq com pagamento 8 dias sobe 13,5% no ano, fechando a R$ 2,54 por libra-peso na quarta-feira (20). Em termos reais, os atuais preços são os maiores desde fevereiro do ano passado, constata o Cepea.

 

Sapos, bagres, pererecas e outros bichos

Por REINALDO AZEVEDO (especial para a FOLHA)

Não em razão do tamanho do seu partido, mas do número de votos que obteve nas duas últimas eleições e do espaço que ocupa na imprensa, Marina Silva, a líder da Rede, se tornou a principal força auxiliar da presidente Dilma Rousseff. Nem boniteza nem precisão, mas esperteza. Aquele jeitinho de quem só toma vitamina de chuchu com rúcula esconde um modo bem cruento de fazer política.

Dilma e o PT fizeram de Michel Temer o seu principal adversário. A máquina federal entrou na disputa pela liderança no PMDB na Câmara e busca dificultar ao máximo a recondução de Temer à presidência do partido. A mão armada da turma é Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, investigado em seis inquéritos, mas nunca denunciado por Rodrigo Janot.

E Marina? Voltou à cena. Concedeu uma entrevista a esta Folha em que abusou do incompreensível a serviço do etéreo. Sua glossolalia política é capaz de produzir coisas como esta: "Impeachment não se fabrica; ele se explicita em função dos fatos que o justificam". É mais ou menos como dizer que uma peça de mortadela se explicita em função das coisas que a justificam como peça de mortadela. Marina sempre se esforça pra me matar de tédio. Ainda bem que existe a vodca.

A líder da Rede não quer o impeachment porque prefere Dilma se esvaindo no cargo. Pouco se lhe dá se o Brasil terá dois anos consecutivos de recessão perto de 4%, depois de ter crescido 0,1% em 2014 e às vésperas de ter crescimento zero em 2017. Pouco importa a Marina que o país vá para o brejo, junto com os sapos, os bagres e as pererecas. Um PT em frangalhos e uma Dilma que mal consiga pôr o nariz fora da porta são essenciais para seu projeto pessoal em 2018. Só por isso ela não quer o impeachment e também decidiu que Temer é o inimigo.

No domingo, do nada, Marina e seu partido afirmaram que, caso o atual vice venha a ser presidente, há o risco de a Lava Jato ser paralisada. Por quê? Não há explicação. É puro terrorismo. Ela raramente se explica. Emite fatwas, com os seus xales descolados de tecido cru, seu coque severo e sua magreza que parece aspirar à santidade.

Não leu "Júlio César", de Shakespeare. Deveria fazê-lo. O Número Um de Roma diz a Marco Antônio que mantenha Cássio, o magro, longe dele: é "seco por demais", "pensa muito". À sua volta, diz, só quer gordos de cabelos luzidios. Não faço juízo de valor a partir de aparências. Só estou, como se passou a dizer nestes tempos, "problematizando a narrativa" do falso ascetismo, bastante sedutora nesta era pós-leitura.

O que dizer a Marina Silva? Esperteza demais, especialmente quando vazada naquela Niágara de substantivos abstratos e sintaxe rocambolesca, acaba engolindo a dona. Como já engoliu.

Dados os crimes de responsabilidade cometidos por Dilma, e esses são óbvios (isso se chama "base jurídica"), e a incapacidade da presidente de tirar o país do buraco –ao contrário: ela o afunda ainda mais (e isso se chama "questão política")–, a única coisa sensata a fazer é aderir ao impeachment. A menos que um valor mais alto do que o país se alevante.

Marina acha que a única coisa sensata que pode acontecer é ser ela a presidente do Brasil. Apela, como de hábito, a substantivos celestes, mas de olho em coisas bem mais terrenas. A turma que toma vitamina de clorofila se extasia e tem visões do paraíso.

Mesmo com o país no brejo dos sapos, dos bagres e das pererecas.

 

Oliver: Vigarice socialista

VLADY OLIVER

Vamos combinar. Se o socialismo fosse bom, ele não precisava esconder-se em grupamentos e mentiras. Os cretinos fundamentais que defendem essa vigarice partem da premissa de que a sociedade não sabe o que quer; portanto, é facilmente cooptada para ser reduzida a massa de manobra dos intentos deles. O que essa gente não entende é que o indivíduo até pode, numa distração histórica induzida, não saber o que quer no momento, mas ele aprende rapidamente o que NÃO QUER. É o que vivemos hoje, meus caros.» Clique para continuar lendo

 

Silvio Navarro: Quem usa ônibus não depreda ônibus

SILVIO NAVARRO

Na noite de 8 de janeiro, não houve um único telejornal que não tenha encerrado a cobertura dos protestos contra o reajuste das tarifas de transporte público em São Paulo com a mesmíssima imagem tristonha: um jovem com o rosto coberto pela camiseta preta, olhos raivosos de rebelde sem causa definida, peito estufado de bravo combatente, protagoniza o espetáculo da covardia que a adolescência supostamente lhe permite destruindo um ônibus que levava para casa gente exaurida por outra jornada dura de trabalho.» Clique para continuar lendo

 

Fonte: Folha de S. Paulo + VEJA

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