'Prévia do PIB' tem contração de 0,52% em novembro, indica BC
O nível de atividade da economia brasileira registrou desempenho ruim em novembro, de acordo com indicações divulgadas nesta sexta-feira (15) pelo Banco Central. O chamado Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), calculado pelo BC e que busca ser uma espécie de "prévia" do Produto Interno Bruto, registrou contração de 0,52% no mês retrasado. Foi a nona queda mensal seguida do indicador.
O tombo do nível de atividade já era esperada para novembro, uma vez que indicadores mensais já apontavam para um cenário muito ruim. Segundo o o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial teve, em novembro, queda de 2,4%, mais forte desde dezembro de 2013, ao mesmo tempo em que o volume do setor de serviços registrou queda de 6,3% - a maior retração da série histórica do indicador, iniciada em 2012. Já as vendas no varejo tiveram o pior resultado em 12 anos.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira. Segundo dados oficiais, a economia brasileira está atualmente em recessão técnica - que se caracteriza por dois trimestres consecutivos de queda do PIB.
Os economistas do mercado financeiro acreditam que o PIB terá retração de 3,73% neste ano. Se confirmada, será a maior contração em 25 anos - desde 1990, quando foi registrada uma queda de 4,35%. Para 2016, o mercado financeiro estima uma contração de 2,99%. Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
Parcial do ano e em doze meses
Os números do Banco Central mostram que, de janeiro a novembro deste ano, o indicador sem ajuste sazonal (pois considera períodos iguais de tempo) mostrou queda de 3,85% na atividade (com ajuste, a retração é de 3,88%) . E, no acumulado em 12 meses até novembro, o indicador (dessazonalizado) do Banco Central registrou contração de 3,63% (sem ajuste, é de - 3,53%).
Resultados do IBC-Br x PIB
O IBC-Br foi criado para tentar ser um "antecedente" do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os últimos resultados do IBC-Br, porém, nem sempre têm mostrado proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE.
Em 2012, por exemplo, o IBC-Br mostrou um crescimento de 1,6%. Posteriormente, o resultado oficial do PIB mostrou uma alta menor, de 1%. Em 2013, o BC acertou. Previu uma alta de 2,5%, que foi depois confirmada com a revisão feita pelo IBGE. Em 2014, o BC estimava uma retração de 0,15% no PIB, mas os dados oficiais mostraram uma alta de 0,1% no ano passado.
O Banco Central já informou, em 2013, que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas "um indicador útil" para o BC e para o setor privado.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, os juros básicos estão em 14,25% ao ano, o maior nível em nove anos.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
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