Dólar cai 0,30% frente ao real, por alívio com China; petróleo pesa
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda sobre o real nesta sexta-feira, após a alta das bolsas chinesas trazer algum alívio ao humor externo, mas terminou longe das mínimas do dia diante da volatilidade dos preços do petróleo.
O dólar recuou 0,30 por cento, a 4,0403 reais na venda, após chegar a cair mais de 1 por cento durante a manhã. Apesar do recuo na sessão, a moeda norte-americana acumulou alta de 2,34 por cento ante o real na primeira semana do ano.
"A verdade é que o mercado está um pouco desnorteado neste começo de ano e o humor externo muda a cada hora", disse o superintendente de câmbio de uma gestora de recursos nacional.
A moeda norte-americana se fortaleceu em relação a diversas moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
Após a desvalorização do iuan na véspera dar ainda mais fôlego às preocupações com a saúde da economia chinesa, o país cancelou o mecanismo de suspensão automática de negociações com ações e fortaleceu a taxa de câmbio pela primeira vez em nove dias. As bolsas chinesas avançaram, recuperando-se após as fortes perdas da véspera ativarem o mecanismo de "circuit breaker".
Os preços do petróleo, que haviam atingido as mínimas em 11 anos e meio na véspera, chegaram a recuperar-se em reação ao bom humor com a China. À tarde, porém, voltaram a cair, em meio ao excesso de oferta global.
A volatilidade no petróleo tem arrastado consigo os preços de outras commodities e reduzido o apetite por ativos mais arriscados, como o real.
Outro foco importante era a política monetária norte-americana, após dados mais fortes que o esperado sobre o emprego divulgados nesta manhã. Um ritmo mais alto de elevação dos juros nos Estados Unidos pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no Brasil.
"A discussão do Fed vai ganhar corpo nos próximos meses e é um fator importante para determinar como o dólar vai se comportar", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Nesta manhã, o Banco Central realizou mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em 1º de fevereiro, vendendo a oferta total de até 11,6 mil contratos. Até o momento, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 2,823 bilhões de dólares, ou cerca de 27 por cento do lote total, que corresponde a 10,431 bilhões de dólares.
Bovespa cai e tem pior desempenho semanal em mais de um ano
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou em queda nesta sexta-feira, renovando pontuação mínima desde 2009, em meio à volatilidade no ambiente financeiro externo, com destaque para o declínio dos preços do petróleo e preocupação com o crescimento global.
O Ibovespa caiu 0,2 por cento, a 40.612 pontos --menor patamar desde 20 de março de 2009.
O volume financeiro da sessão somou 4,6 bilhões de reais.
Dados considerados saudáveis do mercado de trabalho nos Estados Unidos fortaleceram o dólar globalmente, minando a recuperação do petróleo, o que contaminou os pregões em Wall Street.
A piora do petróleo anulou o tom positivo registrado pela manhã na Bovespa, quando chegou a subir 1,3 por cento, na máxima do dia, acompanhando a trajetória das praças globais diante da trégua experimentada pelas bolsas chinesas. O índice Xangai fechou em alta de quase 2 por cento.
As incertezas ainda atreladas ao rumo da economia na China, e em particular a atitude de Pequim em relação ao iuan, contudo, mantêm as preocupações sobre o ritmo daquela economia.
Para profissionais do mercado, uma reversão do pessimismo global de curto prazo exige sinais mais consistentes de estabilização da economia mundial ou arrefecimento de ruídos pontuais.
Na primeira semana de negócios do ano, dominada pelo noticiário chinês, o Ibovespa acumulou queda de 6,3 por cento, a maior perda semanal desde dezembro de 2014.
"Há o fator específico China, mas a principal dúvida é mesmo sobre o crescimento global", disse o gestor Joaquim Kokudai, da JPP Capital.
"A forte queda do petróleo é mais uma pressão. O tempo está passando e o preço não volta", acrescentou.
O quadro doméstico tampouco oferece suporte, diante da economia deteriorada e do ainda conturbado cenário político.
DESTAQUES
=PETROBRAS fechou com as preferenciais em leve alta de 0,16 por cento, após os papéis oscilarem entre alta de 3,04 por cento e queda de 2,08 por cento, na esteira do movimento volátil dos preços do petróleo no exterior.
=VALE reverteu os ganhos e fechou com as preferenciais de classe A em baixa de 4,76 por cento, engatando o quinto pregão de baixa, a 8,20 reais, nova mínima desde setembro de 2004, devido a temores renovados com a fraqueza do minério de ferro à vista.
=ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES caiu 5,95 por cento, maior queda percentual do Ibovespa, e a KROTON EDUCACIONAL recuou 5,61 por cento, em meio à repercussão de notícia da Folha de S.Paulo sobre auditoria da Controladoria-Geral da União mostrando que 47 por cento das pessoas estão inadimplemtes com o pagamento do financiamento estudantil Fies para o governo federal.
=TIM PARTICIPAÇÕES caiu 5,49 por cento, em meio a especulações sobre um processo de fusão e aquisição envolvendo a operadora de telecomunicações. Na véspera, fontes com conhecimento direto do assunto disseram à Reuters que a Oi iniciou conversas com TIM para uma potencial fusão. A Telecom Italia, controladora da TIM, divulgou nesta sexta-feira que não manteve contatos com a Oi sobre a ideia de unir seus ativos no Brasil.
=CSN sustentou-se entre os destaques positivos, com alta de 3,64 por cento, em dia de recuperação dos papéis do setor siderúrgico, com analistas também avaliando notícia de que a empresa recebeu dez propostas pelo terminal de contêineres no porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, segundo reportagem do jornal Valor Econômico. A operadora de serviços portuários e logísticos Wilson Sons informou nesta sexta-feira que apresentou oferta pelo terminal de contêineres que está sendo vendido pela CSN.
=PDG REALTY, que não faz parte do Ibovespa, saltou 18,52 por cento, liderando os ganhos no índice de Small Caps da Bovespa do qual faz parte, após a construtora e incorporadora assinar memorando para vender terrenos e imóveis avaliados em 461 milhões de reais para reduzir dívida e reforçar seu caixa.
(Por Bruno Federowski)