Pressionado por China, dólar sobe a R$ 4,0525, maior nível desde setembro
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou no maior nível em relação ao real em mais de três meses nesta quinta-feira, em mais um dia marcado por intensas preocupações com a economia chinesa nos mercados globais após nova desvalorização do iuan derrubar as bolsas do país asiático.
O dólar avançou 0,77 por cento, a 4,0525 reais na venda, maior nível desde 29 de setembro (4,0591 reais). Na máxima desta sessão, a moeda norte-americana subiu mais de 1 por cento e atingiu 4,0745 reais.
O governo chinês permitiu que o iuan se desvalorizasse mais rapidamente, alimentando preocupações com a possibilidade de a segunda maior economia do mundo estar mais fraca que o esperado. Além disso, investidores temem que o gigante asiático possa provocar uma disputa de desvalorização cambial entre seus parceiros comerciais.
"As autoridades chinesas parecem perplexas e, com a falta de transparência, os mercados tendem a reagir com força a qualquer sinal de fraqueza", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
O tombo das ações chinesas ativou um mecanismo de "circuit breaker", suspendendo as negociações pelo resto do dia pela segunda vez nesta semana. Mais tarde, o governo chinês anunciou que deve suspender o mecanismo a partir de sexta-feira, o que contribuiu para tirar o dólar das máximas da sessão.
A China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil e serve de referência para investidores em mercados emergentes. O peso mexicano atingiu sua nova mínima histórica em relação ao dólar.
"O tema deste início de ano é China, e o Brasil é particularmente vulnerável por causa da incerteza política", disse o operador de uma corretora nacional.
No mercado local, operadores continuaram buscando pistas sobre a estratégia do governo para lidar com a crise econômica. Muitos operadores entenderam a substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa como ministro da Fazenda como um sinal de que o ajuste fiscal deve ser afrouxado.
Nesta manhã, o Banco Central realizou mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em 1º de fevereiro, vendendo a oferta total de até 11,6 mil contratos. Até o momento, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 2,263 bilhão de dólares, ou cerca de 22 por cento do lote total, que corresponde a 10,431 bilhões de dólares.