Dólar fecha em alta após manifestações contra Dilma, mas segue abaixo de R$ 3,90
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta nesta segunda-feira, mas longe das máximas da sessão e abaixo de 3,90 reais, com investidores reagindo negativamente à menor presença popular nas manifestações pelo impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
O dólar avançou 0,32 por cento, a 3,8862 reais na venda, após atingir 3,9250 reais na máxima do dia. A moeda norte-americana reduziu o avanço na parte da tarde diante de entradas de recursos externos, em meio ao baixo volume de negócios antes de eventos importantes no cenário local e externo nesta semana.
"Como o mercado claramente tem visto fatores que aumentem a chance do impeachment como positivos, fatores que diminuam essa chance têm tido efeito negativo", disse o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Milhares de manifestantes foram às ruas no domingo pedindo a saída de Dilma, mas os protestos foram menores do que eventos similares que ocorreram mais cedo neste ano.
Muitos investidores acreditam que eventual afastamento de Dilma poderia ajudar a recuperação da economia brasileira. Outros ressaltam, porém, que a turbulência política pode travar o ajuste fiscal. Alguns defenderam que o avanço do dólar nas últimas sessões foi intensificado por um movimento de correção após o otimismo exagerado em relação ao impeachment, que levou a moeda a ir a 3,7390 reais no fechamento há alguns dias.
A moeda norte-americana chegou a ser fortemente pressionada nesta sessão, mas fluxos de entradas de divisa na parte da tarde trouxeram algum alento para o mercado.
"O mercado está muito raso e o Brasil virou uma pechincha para os estrangeiros", disse o operador de uma corretora nacional.
Operadores evitaram fazer grandes operações antes de quarta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir sobre a validade da votação dos membros da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisará a abertura do impeachment contra Dilma.
No mesmo dia, o Federal Reserve, banco central norte-americano, deve promover a primeira alta de juros em cerca de década. Operadores ressaltavam, porém, que é provável que o mercado já tenha incorporado essa informação e deve se concentrar nas sinalizações do Fed sobre seus próximos passos.
"Talvez vejamos um movimento de alta pontual (do dólar), para depois acomodar um pouco. O mercado já está preparado", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Juros mais altos nos EUA podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no mercado brasileiro.
Pela manhã, o Banco Central deu sequência à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 5,473 bilhões de dólares, ou cerca de 51 por cento do lote total, que corresponde a 10,694 bilhões de dólares.