Dólar reduz alta e se acomoda abaixo de R$ 3,90, com baixa liquidez
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduziu a alta e voltou a se acomodar abaixo de 3,90 reais nesta segunda-feira, reagindo a entradas de recursos externos à tarde que tiveram seu efeito potencializado pelo baixo volume de negócios, com investidores evitando fazer grandes negócios antes de eventos importantes no cenário local e externo nesta semana.
Às 16:01, o dólar avançava 0,19 por cento, a 3,8812 reais na venda, após atingir 3,9250 reais na máxima do dia. Nas duas últimas sessões, a moeda norte-americana já havia subido quase 2 por cento em cada.
Também perdeu um pouco de força o ambiente de aversão a risco nos mercados globais, com os preços do petróleo voltando a subir após se aproximarem das mínimas em 11 anos.
"O mercado está muito raso e o Brasil virou uma pechincha para os estrangeiros", disse o operador de uma corretora nacional.
Muitos operadores evitavam fazer grandes operações antes de quarta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir sobre a validade da votação dos membros da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisará a abertura do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Muitos investidores acreditam que eventual afastamento de Dilma poderia ajudar a recuperação da economia brasileira. Outros ressaltam, porém, que a turbulência política pode travar o ajuste fiscal. Alguns defenderam que o avanço do dólar nas últimas sessões foi intensificado por um movimento de correção após o otimismo exagerado em relação ao impeachment, que levou a moeda a ir a 3,7390 reais no fechamento há alguns dias.
Também na quarta-feira, o Federal Reserve, banco central norte-americano, deve promover a primeira alta de juros em cerca de década. Operadores ressaltavam, porém, que é provável que o mercado já tenha incorporado essa informação e deve se concentrar nas sinalizações do Fed sobre seus próximos passos.
"Talvez vejamos um movimento de alta pontual (do dólar), para depois acomodar um pouco. O mercado já está preparado", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Juros mais altos nos EUA podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no mercado brasileiro.
Mais cedo, o dólar registrou altas mais expressivas, com investidores repercutindo negativamente a menor presença popular nas manifestações pelo impeachment contra Dilma. Milhares de manifestantes foram às ruas no domingo, mas os protestos foram menores do que eventos similares que ocorreram mais cedo neste ano.
"Como o mercado claramente tem visto fatores que aumentem a chance do impeachment como positivos, fatores que diminuam essa chance têm tido efeito negativo", disse o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Pela manhã, o Banco Central deu sequência à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 5,473 bilhões de dólares, ou cerca de 51 por cento do lote total, que corresponde a 10,694 bilhões de dólares.