Na FOLHA: Lula diz que medida provisória alvo da PF foi editada no governo Dilma

Publicado em 11/12/2015 14:13 e atualizado em 12/12/2015 14:18
Folha de S. Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta (11) não ter relação com a edição de medidas provisórias investigadas pela Operação Zelotes da Polícia Federal.

Lula foi intimado pela PF a prestar depoimento sobre a atuação da LFT Marketing Esportivo, empresa de um de seus filhos, Luis Cláudio da Silva, que recebeu R$ 1,5 milhão do escritório de lobby Marcondes & Mautoni.

O mesmo escritório foi contratado por empresas do setor automobilístico interessadas na renovação de uma medida provisória que beneficiava o setor.

Nota divulgada pelo Instituto Lula afirma que o ex-presidente "não tem qualquer relação com os fatos investigados". "A medida provisória em questão foi editada e aprovada pelo Congresso em 2013, quando ele não era mais presidente da República", informa o texto.

Entre 2013 e 2014, segundo a investigação, o grupo de lobistas atuou para renovar uma medida provisória de 2009, aprovada durante o governo Lula e com prazo de validade de cinco anos. A empreitada, de acordo com a Zelotes, resultou na edição da medida provisória n° 627, de 2013, que foi convertida em lei no ano seguinte.

A Procuradoria da República no DF sustenta que "é muito suspeito que uma empresa de marketing esportivo receba valor tão expressivo de uma empresa especializada em manter contatos com a administração pública".

Instituto Lula informou ainda que o ex-presidente não foi notificado oficialmente para depor, mas "estará, como sempre esteve, à disposição das autoridades para contribuir com o esclarecimento da verdade".

Um dos objetivos do delegado é confirmar a informação prestada pelo ex-ministro Gilberto Carvalho no depoimento que prestou à PF. Ele disse que Mauro Marcondes é amigo de Lula. A PF quer saber detalhes da relação entre o lobista e o ex-presidente.

Luis Cláudio afirma que prestou serviços de marketing esportivo ao escritório Marcondes & Mautoni. A PF, porém, aponta que os documentos apresentados para justificar os serviços se baseiam em "meras reproduções de conteúdo disponível" na internet, "em especial no site Wikipédia". 

Danilo Verpa/Folhapress  
O ex-presidente Lula, que negou envolvimento com fatos investigados pela Zelotes

 

Crise incomoda, mas vai deixar o Brasil mais forte, diz Lula na Espanha

  Zipi - 10.dez.15/Efe  
O ex-presidente Lula conversa com o rei Felipe VI, da Espanha, durante encontro na quinta-feira (10)

DIOGO BERCITO
EM MADRI

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (11) em Madri que a crise brasileira "é um processo que vai terminar tendo o Brasil mais forte".

"Incomoda, mas termina produzindo efeitos positivos para o Brasil", disse.

Entre as consequências, citou o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção. "Todas as pessoas têm que fazer as coisas corretas. Se não fizerem, terão que ser investigadas."

Lula participava de um seminário organizado pelo jornal espanhol "El País" sobre os desafios das nações emergentes. Um dia antes, governadores do Nordeste haviam falado sobre oportunidades de investimento na região.

Entre os fatores envolvidos na atual crise, Lula destacou a contradição entre a campanha eleitoral do PT e as decisões tomadas por Dilma Rousseff após reeleita. Especificamente, ele citou os ajustes fiscais.

"A nossa candidata [Dilma] dizia que ajuste era coisa dos tucanos."

"Se adotarmos a política de cortar, cortar, cortar, vai chegar um dia em que vai melhorar mesmo. Mas os coitados que subiram dois degraus não podem descer dois degraus", disse.

Lula, no entanto, elogiou a atual governante. "Dilma é uma mulher de muito caráter. É um luxo para o Brasil ter uma presidente da qualidade da Dilma."

Apesar da preocupação em relação ao cenário atual, Lula mostrou-se positivo. "Quando tomei posse, o Brasil estava numa crise infinitamente pior. Era um país sem credibilidade. Quem salvou o país foram os pobres."

"Se tem uma febre, não vai jogar fora a criança. Vai cuidar da febre", disse.

Ele comparou a crise brasileira com sua própria trajetória, em que obstáculos foram superados. "Tive 67 anos de saúde total. Um belo dia descobri que tinha um câncer. Mas estou aqui, inteiro."

Sobre os pedidos de impeachment de Dilma, Lula afirmou que são um "atentado moral ao estado de direito".

EMERGENTES

O ex-presidente brasileiro participou do evento em Madri ao lado de Felipe González, ex-premiê espanhol, e Juan Luis Cebrián, presidente do "El País".

O seminário também contou com uma mesa redonda sobre o impacto da crise nos países emergentes, com a participação do economista Emilio Ontiveros.

Lula chegou a Madri na quinta-feira (10) e, durante a tarde, reuniu-se com o rei Felipe em seu palácio. Ele posou para fotos, na ocasião, mas não falou com a imprensa. O encontro com o rei aconteceu a portas fechadas.

O Brasil é um dos principais destinos do investimento espanhol, razão pela qual a crise política e econômica brasileira é de interesse local. "Quem quiser investir no Brasil, o momento é agora", disse Lula.

Recentemente passaram por Madri o vice-presidente Michel Temer, em abril, e o ministro da Fazenda Joaquim Levy, em setembro.

Para Núria Mas, professora de economia da IESE Business School, o Brasil é –entre os emergentes– "talvez o que hoje preocupe mais". Um dos desafios do país, afirmou, é investir na educação, para além do combate à pobreza.

O ex-presidente encerra neste sábado (12) a viagem, que incluiu uma passagem pela Alemanha, e retorna ao Brasil. 

Fonte: Folha de S. Paulo

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