Jantar natalino tem beija-mão a Temer... e ‘barraco’ entre Kátia Abreu e Serra

Publicado em 10/12/2015 13:40
O GLOBO + VEJA + FOLHA

Presenciar a durona presidente Dilma Rousseff se curvar a um apelo “emocionado” para que não rompesse a relação política foi apenas uma parte da noite em que o vice-presidente Michel Temer, entre baforadas de charuto e um intenso beija-mão, saboreou madrugada adentro os prazeres que a expectativa de poder pode proporcionar. Logo depois da delicada conversa com Dilma, Temer chegou para um jantar de confraternização de senadores da base e oposição na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE).

Mas o jantar não foi só de confraternização natalina. Em um momento que deixou constrangidos os convidados, a ministra da Agricultura Kátia Abreu e o senador José Serra (PSDB-SP) protagonizaram um verdadeiro "barraco", que terminou com a peemedebista jogando seu copo de bebida no tucano depois de um bate-boca acalorado provocado por uma brincadeira mal recebida.

A um canto da piscina uma fila de senadores e ministros assediaram o vice que hoje assume a Presidência interinamente em virtude da posse do novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, por enquanto, e o assunto era um só: como tinha sido a conversa com Dilma e sua avaliação sobre o desfecho do impeachment. Temer teve duas conversas particularmente demoradas: com a ministra da Agricultura Kátia Abreu, um das mais ferrenhas defensoras da presidente Dilma; e com o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), que passou a noite falando sobre o processo de impeachment que o apeou da Presidência em 1992.

Leia a notícia na íntegra no site do jornal O Globo.

 

Na Brasília dos barracos, Kátia Abreu joga bebida em Serra (em VEJA.COM)


O senador José Serra e a ministra da Agricultura Katia Abreu (Agência Senado/Ministério da Agricultura/Divulgação)

Uma festa de confraternização na casa do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), reproduziu na noite desta quarta-feira o clima de tensão que tomou conta de Brasília. Sentindo-se ofendida por uma brincadeira do senador tucano José Serra (SP), a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, jogou sua bebida contra o parlamentar. Depois que o jornal O Globo trouxe o caso à tona, a ministra se pronunciou por meio de sua conta no Twitter, classificando o comentário de Serra que deu início à confusão como "infeliz ,desrespeitoso,arrogante e machista". De acordo com o jornal, o senador e médico Ronaldo Caiado (DEM-GO) narrava um caso em que aplicou uma injeção na ministra quando Serra fez a seguinte piada: "O que tenho ouvido é que você tem fama de ser muito namoradoreira". Kátia, então, reagiu: "Me respeite que sou uma mulher casada e mesmo quando solteira, ao contrário de você, nunca traí". Na sequência, lançou a bebida. "Reagi à altura de uma mulher que preza sua honra. Todas as mulheres conhecem bem o eufemismo da expressão 'namoradeira'", afirmou a ministra na rede social.

 

Kátia Abreu joga vinho na cara de Serra: "Você nunca será presidente" (por monica Bergamo, na FOLHA)

A ministra Kátia Abreu, da Agricultura, jogou uma taça de vinho na cara do senador José Serra (PSDB-SP). A cena ocorreu na noite de quarta (9), em um jantar de fim de ano na casa do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) em que estavam presentes cerca de 40 senadores e também o vice-presidente Michel Temer.

A ministra confirmou o fato à coluna.

"Eu fiz o que qualquer mulher honrada faria. Respondi à altura de quem preza a sua honra", afirma ela.

Kátia Abreu conta que conversava com senadores quando Serra "simplesmente chegou numa roda em que não tinha sido chamado, sem mais nem menos".

Segundo ela, o tucano afirmou: "Kátia, dizem por aí que você é muito namoradeira".

O presidente do Senado, Renan Calheiros, tentou consertar a gafe: "Serra, a ministra se casou neste ano".

A ministra diz que imediatamente reagiu: "Você é um homem deselegante, descortês, arrogante, prepotente. É por isso que você nunca chegará à Presidência da República".

E seguiu: "E, de mais a mais, nunca traí ninguém na minha vida".

Enfim, conta a ministra, ela jogou vinho na cara de Serra e disse: "Nunca lhe dei esse direito nem essa ousadia. Por favor, saia dessa roda, saia daqui imediatamente".

Serra então teria se afastado.

A ministra afirma que "toda mulher sabe o que um comentário desses significa" e que não tinha outra atitude a tomar.

"Que ódio me deu", afirma ela.

Kátia Abreu diz que o episódio não tem nada a ver com a divergência atual entre os dois: Serra trabalha para a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff. Já a ministra é da equipe e amiga pessoal da presidente.

"Imagina se vou brigar com colega por causa de bandeiras diferentes que cada um possa ter. E eu fiz campanha para o Serra [ à Presidência em 2010], uma campanha derrotada, que sempre apoiei."

Serra diz ter feito uma "brincadeira com intenção de elogio. "Foi uma brincadeira com intenção de elogio. Me desculpei. Sempre tive respeito pela Kátia", disse. 

 

Collor para Aécio (sobre Dilma): ‘Já foi, não se recupera mais’

No animado jantar dos senadores realizado na casa do peemedebista Eunício Oliveira (CE), 12 senadores de vários estados se reuniram numa mesma mesa.

Em dada altura, Aécio Neves (PSDB-MG) perguntou a Fernando Collor (PTB-AL), segundo relato de um dos observadores:

— Collor, em que momento você percebeu que tinha perdido o controle do governo e a situação era irreversível?

— Quando eu tive de demitir o Bernardo e a Zélia. Ali eu vi que não tinha mais o controle do governo.

O tucano insistiu, trazendo a análise para a situação de Dilma Rousseff:

— E você acha que ela se recupera?

Collor deu um gole em seu gim tônica e vaticinou:

— Já foi. Não se recupera mais. Agora a rua será implacável.

 

Temer, o poderoso chefão (na coluna RADAR)

Senadores que estiveram ontem na casa de Eunício Oliveira disseram que Michel Temer não participou de rodinhas e nem se misturou ao evento.

Ficou despachando num canto pouco iluminado do ambiente, recebendo um a um os senadores.

Quem viu lembrou de cenas do filme “O Poderoso Chefão”.

 

Acabou, Dilma!

Por REINALDO AZEVEDO, na FOLHA DE S. PAULO

Só dois terços tiram Dilma Rousseff da Presidência, e é preciso apenas um terço para que ela fique. Com dois terços, constrói-se um núcleo de governabilidade no Congresso. Com um terço, constrói-se apenas a agudização da crise.

Por mais alienada que Dilma esteja da realidade, é claro que ela sabe que a aventura acabou. Um governo que consegue 199 votos, de 513 possíveis, numa disputa que serve de esquenta para o impeachment pretende conquistar com quais instrumentos os 308 necessários para aprovar, por exemplo, a CPMF –o imposto que já conta como receita em 2016, ano que, já se sabe, será igualmente horrível?

Não! Esse não é um argumento jurídico. É só aritmética aplicada à política. É só pragmatismo.

No terreno legal, que o crime de responsabilidade tenha sido cometido, aí fala a evidência do texto no cotejo com a realidade. Por mais que se possa admitir um espaço para a interpretação, isto que segue, por exemplo, é muito claro: é crime de responsabilidade "ordenar ou autorizar a abertura de crédito em desacordo com os limites estabelecidos pelo Senado Federal, sem fundamento na lei orçamentária ou na de crédito adicional ou com inobservância de prescrição legal".

Cito apenas uma das agressões à Lei 1.079 (a íntegra da denúncia contra Dilma está neste endereço. Observem: faço, como toda gente, minhas escolhas políticas, ideológicas, valorativas. Mas pretendo manter em campos distintos a ordem dos fatos e as operações puramente mentais.

Incapazes de negar as evidências dos crimes cometidos pela presidente; acuados pelo sentido objetivo das palavras; emparedados pelas evidências mais elementares, restou aos defensores da permanência de Dilma brandir mais uma vez a teoria do "golpe das elites contra um governo popular".

Jamais imaginei, a partir dos 25 anos ao menos, que um dia ainda escreveria isto: saudade do tempo em que as esquerdas eram marxistas, o que as obrigava a agregar a seus juízos de valor um raciocínio econômico. Mesmo quando se dedicavam às tertúlias sobre a superestrutura, a cultura, a ideologia, forçoso era que o pensamento encontrasse o seu molde na economia.

Hoje não. Uma das razões que levam petistas para o banco dos réus são suas relações perniciosas com as forças que aquelas esquerdas de então chamariam de "burguesas". Qualquer esquerdista medianamente honesto com as suas próprias convicções estaria obrigado a confessar que a história do petismo é a história de uma rendição muito bem remunerada do trabalho alheio.

Ora, mas por que eu, então, que abomino essa gente estou descontente? Essa é fácil de responder! Porque não sou nem chantagista nem lacaio de ricos. Tenho o destemor de defender aquilo que causa horror mesmo a parte considerável do empresariado brasileiro: um modelo liberal.

Quando se acusa aqui e ali um suposto golpe das elites contra Dilma, cabe perguntar: por que elas o fariam? Nunca se viram governos tão generosos com os muito ricos como os do PT.

Sou um legalista e um formalista. Presentes as razões que constam da denúncia, eu estaria a defender o impeachment de Dilma mesmo que ela fosse um sucesso de crítica e de público.

Contamos com esta única facilidade: ela não é! Que os pecados da presidente possam nos redimir. Em nome da lei. Em nome do pragmatismo.

Fonte: O Globo + VEJA + FOLHA

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