Dilma e Temer prometem relação pessoal e institucional produtiva
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer alinharam o discurso público nesta quarta-feira ao prometerem após reunião que durou cerca de 45 minutos, que terão uma "relação pessoal e institucional" produtiva.
Com poucas diferenças de palavras, o relato da reunião, feito por Temer em uma frase dita a jornalistas e por Dilma em nota, vem depois de uma série de polêmicas públicas entre ambos, que teve seu ápice no vazamento de uma carta de Temer à presidente na segunda-feira. Na missiva, Temer reclama da falta de confiança do governo nele e no PMDB, partido que preside.
"Na nossa conversa, eu e o vice-presidente Michel Temer decidimos que teremos uma relação extremamente profícua, tanto pessoal quanto institucionalmente, sempre considerando os maiores interesses do país", afirma a breve nota divulgada pela Presidência.
"Combinamos, eu e a presidenta Dilma, que nós teremos uma relação pessoal e institucional que será a mais fértil possível", afirmou Temer, na única frase que disse aos jornalistas após o encontro.
A relação entre a presidente e o vice, que já estava distante depois que Temer deixou a articulação política do governo, estremeceu depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma na semana passada.
Desde então, Temer adotou um silêncio público sobre o assunto, quebrado somente nesta quarta-feira, e Dilma reiterou em várias declarações públicas ter e esperar confiança de seu vice. Em caso de impeachment da presidente Dilma, o vice-presidente assume o comando do país.
Na segunda-feira, Temer enviou uma carta a Dilma em que elenca o que chama de "fatos reveladores" da falta de confiança dela e do governo nele e no PMDB e reclama de declarações atribuídas a ele por auxiliares de Dilma. Segundo essas declarações, Temer teria dito que o pedido de impeachment não tem lastro jurídico e que ajudaria na defesa da petista. Temer negou os comentários.
Temer atribuiu o vazamento da carta ao Palácio do Planalto, que por sua vez acredita que o vazamento tenha saído da Vice-Presidência.
Foi nesse clima de desconfiança que ambos se reuniram nesta noite e combinaram de divulgar declarações parecidas sobre o encontro.
Nos bastidores do Planalto e da Vice-Presidência, a ordem foi ninguém dar mais detalhes sobre a reunião entre a petista e o peemedebista na tentativa de baixar a temperatura, disse um fonte do governo.
A avaliação do Planalto é de que o governo precisa fazer de tudo para não perder neste momento o PMDB, mesmo que as movimentações recentes de Temer tenham provocado irritação.
Após o encontro com Temer, Dilma foi para o Palácio da Alvorada acompanhada dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e José Eduardo Cardozo (Justiça), que também participaram do encontro com Temer.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello, Lisandra Paraguassu e Eduardo Simões)