Mercados vivem "calma desconfortável" à espera de alta de juros nos EUA, diz BIS
Por Marc Jones
LONDRES (Reuters) - Os mercados financeiros vivem uma "calma desconfortável" diante da provável primeira alta de juros nos Estados Unidos em quase uma década, que é amplamente esperada para o fim do mês, disse o Banco de Compensações Internacionais.
A reação contida perante indicações de que o Fed, especialmente nos mercados emergentes, tem sido
alentadora, disse o relatório, apesar de prever que a volatilidade voltará.
"A calma reina nos mercados financeiros, mas tem sido uma calma precária", disse Claudio Borio, chefe do Departamento
Monetário e Econômico do BIS (sigla em inglês para Bank for International Settlements).
Em um momento em que as taxas de juros em muitas partes do mundo testam os "limites do impensável dia após dia", disse Borio, acrescentando que não representa nenhuma surpresa o sensível que estão os mercados com relação às ações dos grandes bancos centrais.
"Existe uma clara tensão entre o comportamento dos bancos e as condições econômicas subjacentes", disse Borio.
"Terá de ser resolvida em algum momento. Os mercados podem seguir calmos por mais tempo do que pensamos. Até que já não possam fazê-lo", acrescentou.
As operações com desconto sobre o valor contábil que realizam os bancos em muitos países seguem sendo um "claro sinal de desconfiança", disse Borio, que lançou também uma advertência sobre os elevados níveis de morosidade dos bancos da zona euro.
O relatório analisou também investimentos recentes, fluxos de crédito e emissões de dívida.
Entre junho e setembro, com os mercados globais sacudidos pelas preocupações sobre a economia da China, a queda no preço das commodities e a subida do dólar, a emissão da dívida nos mercados emergentes caiu a seu nível mais baixo desde 2009.
No conjunto dos mercados, a emissão da dívida caiu cerca de 80 por cento em comparação tanto com o segundo trimestre deste ano e o terceiro trimestre de 2014.
A emissão líquida por bancos e outras empresas financeiras do Brasil e Turquia foi negativa.
"As vulnerabilidades financeiras em economias de mercado emergentes não desapareceram", disse Borio.