Temer desmente Jaques Wagner: 'Não disse isso em momento algum'

Publicado em 03/12/2015 21:07
POR JORGE BASTOS MORENO, do blog do moreno (exclusivo em O GLOBO)

O vice-presidente, Michel Temer, acaba de desmentir, pela segunda vez, versões do Palácio sobre sua conversa de hoje cedo com a Dilma. Desta vez, Temer negou esta declaração dada há pouco pelo ministro Jaques Wagner em entrevista:

“O vice Michel Temer tem longa trajetória de democrata e constitucionalista. Assim como nós, Temer não vê nenhum lastro para esse processo de impeachment.”

Através de sua assessoria, Temer disse seca e peremptoriamente ao Blog do Moreno:

-- Eu não disse isso em momento algum da minha conversa com a presidente.

Mais cedo, como divulgado também pelo blog do Moreno, Temer desmentiu o ministro Edinho Siva, que informara aos jornalistas que o vice daria assessoramento jurídico a Dilma, na defesa do processo de impeachment:

--- Essa não é função do vice-presidente da República – negou Temer.

Michel Temer não foi o único a desmentir Jaques Wagner. Na mesma coletiva, o ministro havia informado que nove governadores subscreveram um documento de apoio a Dilma contra a decisão de Temer. Entre os signatários do documento divulgado pelo site da presidência estava o nome do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que, em nota, negou que ter subscrito esse manifesto.

O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, e o vice-presidente, Michel Temer | Givaldo Barbosa / Agência O Globo

Governador de PE diz que não assinou documento em apoio a Dilma

POR EQUIPE DO BLOG

03/12/2015 20:07

 

 

 

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, desmentiu que tivesse assinado documento em repúdio à abertura do processo de impeachment.


'Não houve tempo, de minha parte, de conversar sobre esta nota que está circulando como sendo a posição dos Governadores do Nordeste. A nota divulgada, a qual respeito, não teve minha participação. E, por isso, gostaria de externar minha posição.'


A nota circulou hoje cedo e foi replicada pelo site do Palácio do Planalto:

 

 

 

 

Mais tarde, em coletiva, Jaques Wagner reafirmou o apoio de Paulo Câmara como um dos nove governadores.

 

Nota de Paulo Câmara na íntegra:


NOTA À IMPRENSA


"Gostaria de registrar, para esclarecimento, o meu entendimento a respeito do momento político que vive o Brasil. Não houve tempo, de minha parte, de conversar sobre esta nota que está circulando como sendo a posição dos Governadores do Nordeste. A nota divulgada, a qual respeito, não teve minha participação. E, por isso, gostaria de externar minha posição.
Entendo que não existe, até aqui, as condições para o impedimento da presidente da República. Mas há agora um fato consumado: foi aberto o processo de impeachment, para o qual, no meu entender, o presidente Eduardo Cunha tem sua legitimidade comprometida na condução da Câmara dos Deputados. Ele precisa deixar a presidência da Casa.
Diante do fato consumado, espero que possamos superar esse impasse político. O que a população quer ver são ações em favor da coletividade, tais como a nossa luta para conter o avanço do mosquito aedes aegypti; o combate ao desemprego, que sobe em velocidade; o esforço para tomar medidas certas para controlar a inflação; e nossa atuação para recolocar o Brasil nos trilhos para que o País volte a crescer e a gerar emprego e renda.
É necessária uma união nacional para a superação dos atuais obstáculos. Temos que trabalhar duro para que em 2016 esta crise política seja ultrapassada e que os problemas econômicos sejam efetivamente enfrentados. Isso só será possível com estabilidade política para resgatar a confiança e a credibilidade na nossa economia.
Esse processo também é uma oportunidade para o Governo, de fato, quem sabe,  rearrumar a sua base no Congresso Nacional e aprovar as medidas necessárias para ajustar a economia. É preciso dar um basta na política pequena, de troca de favores para qualquer tomada de posição.
Nosso partido não votou nem na presidente da República e nem no presidente da Câmara dos Deputados. Trilhamos nosso próprio caminho. Essa postura continuará, defendendo as instituições e o respeito à Constituição do País."


Paulo Câmara
Governador do Estado de Pernambuco

 

Governo tentou barganhar aprovação da CPMF em troca de votos no Conselho de Ética (por FELIPE MOURA BRASIL, de VEJA.COM)

Eduardo Cunha desmascarou Dilma Rousseff. Melhor ainda: deu um nó tático na petista.

Em entrevista coletiva no fim desta manhã, o presidente da Câmara repetiu três ou quatro vezes que “a presidente da República mentiu à nação em rede nacional de televisão” ao negar a tentativa de barganha envolvendo votos de deputados petistas no Conselho de Ética em favor dele.

Cunha contou que o governo ofereceu entregar os três votos do PT em troca da aprovação da CPMF, o velho “imposto do cheque”.

“Ontem [quarta, 2] pela manhã, o deputado André Moura esteve com o ministro Jaques Wagner e ele o levou ao gabinete da presidente da República. Ela esteve com Moura barganhando pela CPMF. Me recusei a aceitar. A presidente mentiu, era uma negociação à minha revelia. Foi claramente colocado por ela.”

Esta foi a primeira vez que um dos lados escancarou esse tipo de oferta, antes noticiada pela imprensa apenas com base em informações de bastidores.

“Só a minha negociação é barganha? Acho engraçado. Esse é um governo habituado a barganhar. Usar cargos, nomeações… Mas comigo (não negociaram), não participo de negociação”, rebateu Cunha.

Ele negou que estivesse à frente das articulações de aliados, como Paulinho da Força e Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“Eu prefiro, sem o PT, ser julgado pelo restante do Conselho de Ética. Não sou responsável pelos atos daqueles que têm simpatia ou porventura me defendem”, acrescentou.

É exatamente isto, claro, que Dilma também poderia alegar, se Cunha não tivesse revelado que ela própria participou do encontro com Moura – o que Lula, muito mais profissional, certamente chamaria de “coisa de imbecil”. [* Atualização: e o que Jaques Wagner, claro, já negou, em lugar dela.]

A suposta presidente havia dito na TV:

“Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu País, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública.”

Ou seja: Dilma não seria responsável pelos atos de Jaques Wagner, por exemplo, embora o ministro obviamente seja seu emissário.

A repórter Andréia Sadi, da Globo News, disse que Cunha ainda lhe afirmou o seguinte:

“Se eu for contar cada diálogo que eu tive com Jaques Wagner, vocês vão ficar escandalizados.”

E disse mais: “A cada ataque, vou rebater com uma revelação” desses diálogos secretos com o governo.

Espero que o deputado tenha ligado o gravador.

Na coletiva, Cunha ainda disse que a decisão sobre a abertura do processo de impeachment já estava tomada e que só não a divulgou na segunda-feira por causa da denúncia envolvendo o BTG e, na terça, devido à reunião do Conselho de Ética.

Acrescentou que a decisão não foi pessoal, mas, como Dilma partiu para esse tipo de embate, então ele queria enfatizar que ela estava mentindo.

“Ela mentiu ontem em rede de TV. Eu acho isso muito grave. Como ela participou diretamente, eu afirmo que ela mentiu”.

Cunha afirmou que “esse processo, o do impeachment, não me pertence, mas ao parlamento” e que “embates pessoais não vão resolver a situação dela”.

Sobre a alegação de Dilma de que nunca roubou nem poussui contas no exterior, o presidente da Câmara disse que as razões do impeachment não são essas e que ela deveria se ater a elas, mas lembrou, de passagem, que “todos os diretores da Petrobras indicados por ela têm contas no exterior”.

Só para dar uma cutucada, sabe? Coisa boa.

Agora, se o governo alegar na Justiça que Cunha usou o impeachment para chantageá-lo, ele dirá que foi chantageado pelo governo.

Este blog já esquentou a pipoca e aguarda ansiosamente novas revelações.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

Dilma vs. Cunha? Não. Agora é Dilma vs. Temer! (por SERGIO PRAÇA)

É contraintuitivo dizer que a incerteza política diminui com a medida do presidente da Câmara dos Deputados (PMDB-RJ) para iniciar o processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Afinal, impeachment é crise!

Mas há crise pior do que não saber se é possível haver impeachment? Acho que não. Caso dois terços da Câmara dos Deputados decidam, provavelmente no início do ano que vem, iniciar mesmo o processo de afastamento da presidente, haverá apenas duas alternativas para o país. São elas: governo Temer ou governo Dilma. Opções claras. E ambas relativamente fortes, após todo o desgaste do processo de impeachment.

Agora os deputados sabem com quem negociar. A opção Temer ficou crível.

Mas…. “A caneta presidencial, no nosso país, é muito forte”, disse um comentarista na Globo News. “Dilma vai ter que lotear mais cargos e trabalhar muito para estancar o processo de impeachment.”

Erradíssimo. A presidente já perdeu, há meses, a credibilidade para negociar ministérios, cargos e emendas orçamentárias. Isso aconteceu por vários motivos: fragmentação partidária imensa na Câmara dos Deputados, inabilidade da presidente e seus ministros, impopularidade e crise econômica.

Há dois negociadores de ministérios, cargos etc. agora: Dilma e Temer. Eduardo Cunha não importa mais.May the odds be ever in your favor!

(por SERGIO PRAÇA, EM VEJA.COM)

 

Barganha de Dilma no STJ se escancara com voto de Marcelo Dantas pela soltura de Marcelo Odebrecht

 

Dilma, Dantas e Odebrecht

Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do STJ, votou pela soltura de Marcelo Odebrecht.

O ministro decidiu pela conversão de sua prisão preventiva para o regime de prisão domiciliar.

Este blog denunciou aquiaqui e aqui toda a trama contra a Operação Lava Jato que culminou neste voto.

O ministro Jorge Mussi pediu vista do processo, o que, felizmente, impediu a conclusão do julgamento, mas a barganha de Dilma Rousseff no tribunal – revelada no fim de julho por VEJA – agora está escancarada.

Dantas é “afilhado” de Francisco Falcão, ministro que apareceu nas anotações de Marcelo Odebrecht como alguém que poderia favorecê-lo no STJ.

Com apoio de Renan Calheiros, Dilma nomeou Dantas para o cargo – mesmo tendo sido ele o segundo na lista tríplice que lhe foi encaminhada – justamente para ganhar em troca a soltura de Odebrecht.

Na conversa gravada secretamente por Bernarno Cerveró, Delcídio do Amaral ainda disse que “conversou com Zé Eduardo” [Cardozo, ministro da Justiça] e “muito possivelmente o Marcelo [Odebrecht] na [Quinta] Turma [do STJ] vai sair”.

“Acredito”, completou o advogado de Delcídio.

O senador petista considerou “bom” que Dantas, citado em seguida, tenha encaminhado a decisão para a quinta turma, da qual ele próprio faz parte.

Este blog decifrou o trecho da gravação, corrigindo a Folha de S. Paulo, que o entendera erradamente. Agora o jornal ignora a barganha de Dilma, mas publica a informação correta: “Ministro citado por Delcídio vota por prisão domiciliar de Odebrecht“.

A matéria mostra as supostas razões de Dantas, para quem não existem elementos concretos que justifiquem manter o empreiteiro preso.

Ele ressaltou que não há provas de que Odebrecht tenha “materializado” as intenções de “higienizar apetrechos” ou “destruir e-mail sondas”, por exemplo, conforme diziam suas anotações, e que estas seriam apenas “elucubrações do paciente para si mesmo”.

As minhas elucubrações para mim mesmo dizem que Dantas ganhou o cargo para sabotar a Lava Jato e está cumprindo o seu papel, tendo já votado também pela libertação de Otávio de Azevedo, da Andrade Gutierrez, e do publicitário Ricardo Hoffmann.

Mais cedo, este blog foi informado de que Marcelo Odebrecht estava disposto a passar até três anos na cadeia sem delatar ninguém.

Se Sérgio Moro não decretar novos mandados de prisão contra o empreiteiro, pode ser que ele nem precise fazer este esforço.

Marcelo, o elucubrador

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

Fonte: Blog do moreno (O Globo) + VEJA

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