Bovespa recua pelo 4º pregão com cautela ante de ausência de desfecho no cenário político

Publicado em 02/12/2015 16:35

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO(Reuters) - A bolsa paulista fechou em leve queda nesta quarta-feira, com o cenário político e fiscal ainda alimentando o viés defensivo nos negócios e sustentando o Ibovespa no vermelho pelo quarto pregão seguido, enquanto a cena externa não trouxe alento, com forte queda de commodities e perdas nos pregões em Wall Street.

O Ibovespa caiu 0,29 por cento, a 44.914 pontos. O giro financeiro totalizou 7,6 bilhões de reais.

O Congresso Nacional está realizando sessão nesta tarde para analisar a mudança da meta fiscal de 2015 do governo, importante projeto com repercussões para a situação fiscal e política do país. Sem esse desfecho e com a falta de progresso na apreciação do processo que pede a cassação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os investidores mantiveram a cautela.

Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 recuava cerca de 1 por cento na sequência dos comentários da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, sugerindo que o banco central norte-americano pode estar pronto para elevar os juros.

DESTAQUES

=BTG PACTUAL, que não faz parte do Ibovespa, fechou em queda de 1,48 por cento, depois de ter as negociações suspensas durante boa parte do pregão, seguindo o anúncio da saída de André Esteves do controle do grupo. O BTG Pactual também anunciou a venda de fatia da Rede D'Or São Luiz ao fundo soberano de Cingapura GIC. A instituição financeira ainda foi alvo de downgrade por agências de classificação de risco.

=ITAÚ UNIBANCO caiu 3,18 por cento, respondendo pela maior pressão negativa do Ibovespa e descolando do setor bancário listado no índice, após registrar nos últimos dois pregões desempenho melhor do que o de seus pares.

=FIBRIA recuou 3,02 por cento e também pesou no Ibovespa, após informar nesta quarta-feira que prevê investir 2,05 bilhões de reais em 2016, alta de 16,2 por cento ante a projeção para 2015. O valor não inclui o projeto para expansão para fábrica no Mato Grosso do Sul.

=PETROBRAS fechou com as ações ordinárias em alta de 2,49 por cento, a despeito da forte queda dos preços do petróleo no mercado externo.

=EQUATORIAL cedeu apenas 0,76 por cento, mas chamou a atenção aviso de leilão com cerca de 3 milhões de ações da companhia, ou 1,51 por cento do capital, intermediado pela corretora BTG Pactual. O papel tem uma parcela relevante no fundo BTG Pactual Absoluto Master Fundo de Investimentos em Ações de acordo com os dados mais recentes disponíveis no site da Comissão de Valores Mobiliários. Dados da Anbima mostraram que os resgates líquidos de fundos do BTG somaram 9,15 bilhões entre 25 e 27 de novembro.

=VALE terminou com os papéis ordinários em alta, de 0,78 por cento, também resistindo à queda dos preços do minério de ferro na China, com as cotações à vista tendo atingido uma nova mínima histórica, a 40,60 dólares/tonelada. Na véspera, a companhia reduziu suas projeções de investimento e de produção de minério de ferro para o próximo ano, diante dos baixos preços da matéria-prima do aço e do excesso de oferta global da commodity.

=ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES foi destaque na ponta positiva, com alta de mais de 8 por cento, ainda sob efeito da notícia de que teve novos polos de ensino a distância credenciados. O papel também figura entre as ações mais difíceis de encontrar para alugar o que tende a amplificar os movimentos de alta em razão de cobertura de posições..

=JBS saltou 4,45 por cento, recuperando-se de perdas recentes em decorrência de ruídos envolvendo a relação da empresa de alimentos com o banco de fomento estatal BNDES. Nos dois primeiros pregões da semana, a queda superou 13 por cento.

=BRF fechou em queda de 0,14 por cento, anulando boa parte das perdas vistas ao longo da sessão, após anunciar aquisições de empresas no Reino Unido, Argentina e Tailândia. Dados mostrando que as exportações de carne de frango do Brasil atingiram o terceiro maior volume mensal já registrado no país em novembro, apontando para um novo recorde de embarques em 2015, endossaram a melhora do papel.

=KLABIN avançou 4,62 por cento, um dia após encontro da fabricante de papel com analistas e investidores. Analistas do BTG Pactual afirmaram que a reunião não acrescentou nada de muito novo e que a grande expectativa agora é em torno do Projeto Puma, sua fábrica de celulose no Paraná, previsto para começar em março de 2016, em razão do forte efeito positivo esperado para o Ebitda da companhia.

Fonte: Reuters

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