Economia brasileira deve andar para trás até 2018, diz ex-presidente do BC

Publicado em 02/12/2015 06:46

A economia brasileira está num círculo vicioso: a baixa expectativa de empresários e consumidores resulta em queda da atividade econômica. A retração do PIB, por sua vez, piora mais a confiança, que volta a afetar a atividade.

Para interromper esse processo, o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria, diz que é preciso criar um ambiente favorável no país, o que lhe parece improvável diante do tamanho da crise política.

Para Loyola, que estima uma queda de quase 4% no PIB deste ano, a economia deve encolher mais 3% em 2016 e pode ter uma recuperação "tipicamente cíclica" em 2017, com um PIB perto de 1%, sem estímulo de demanda. "Parece que a perspectiva com a presidente Dilma é chegarmos até 2018 com a economia nesse andar para trás".

Folha - O que lhe chamou mais atenção no PIB do 3º tri?

Gustavo Loyola - Sob ótica da oferta, a grande mudança que observamos é o enfraquecimento forte do setor de serviços, que vem aumentando trimestre a trimestre. Do lado da demanda, o que vinha dando um tom de crescimento ao PIB depois de 2004 é o consumo das famílias, que também está negativo. Os investimentos flutuavam um pouco mais, mas já são dois anos de números negativos.

Podemos dizer então que a recessão é generalizada?

Sim. Até a agropecuária, que vinha dando resultados positivos, neste trimestre teve queda. Podemos até dizer que alguns desses fatores vão se reverter, mas isso não vai ser suficiente para ter impacto no PIB. A única coisa que está favorecendo é o setor externo, que reduz seu deficit.

Mas boa parte disso se deve à queda das importações, também devido à recessão.

Sim, devido à recessão e ao câmbio. Não é mérito, mas mostra que a economia está se ajustando com a ajuda do setor externo. Mas, como a economia brasileira é muito fechada, essa contribuição é relativamente modesta para o PIB. Não consegue gerar um número mais significativo para a economia como um todo.

O que o sr. espera para o 4º tri e para o acumulado deste ano?

Mesmo considerando que você pode ter no último trimestre uma queda menor, de 1,3%, o PIB anual já ficaria perto de ­3,8%, quase 4% negativos. Em 2016, teríamos uma queda em torno de 3%, ou acima disso um pouco.

Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.

Fonte: Folha de S.Paulo

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