Boletim Focus: Mercado passa a prever 'estouro' da meta de inflação também em 2016
Que a inflação deste ano vai ser alta devendo superar a barreira dos 10% não é novidade. Mas que a pressão continuará em 2016 e que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode estourar o teto da meta de inflação também no ano que vem passou a ser estimado pelos economistas dos bancos somente na semana passada.
Essa previsão foi divulgada nesta segunda-feira (23) pelo Banco Central por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. É fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. É a primeira vez que o mercado financeiro prevê que a inflação deve furar o teto de 6,5% do sistema brasileiro em 2016.
Para o ano que vem, os economistas das instituições financeiras elevaram sua expectativa de inflação de 6,5% para 6,64% na última semana. Foi a 16ª alta seguida do indicador que continua se distanciando da meta central de 4,5% fixada para o ano que vem. A inflação não fica oficialmente acima do teto da meta de inflação por dois anos seguidos desde 2002 e 2003.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Recentemente, o BC admitiu que não conseguirá trazer o IPCA para a meta central de 4,5% no próximo ano. Segundo a autoridade monetária, isso será possível somente em 2017. Na semana passada, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes, informou que, apesar da desistência da autoridade monetária de trazer o IPCA para 4,5% em 2016, que ele permanecerá dentro da banda do sistema de metas, ou seja, abaixo de 6,5%. "[A inflação] estará contida no intervalo do regime de metas [em 2016]", disse ele na ocasião.
Inflação em 2015
Já para este ano, a expectativa é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, feche o ano em 10,33%. Na semana anterior, a taxa esperada era de 10,04%. Se confirmada a previsão, representará o maior índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando ficou em 12,53%.
Essa foi a décima alta seguida no indicador. O BC informou, no fim de setembro, que estima um IPCA de 9,5% para este ano. Segundo economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços ainda segue pressionando os preços.
Produto Interno Bruto
Para o PIB deste ano, o mercado financeiro passou a prever uma contração de 3,15%. Na semana anterior, estimava um "encolhimento" de 3,10% para a economia neste ano. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras aumentaram de 2% para 2,01% a expectativa de contração na economia do país. Esta foi a sétima queda seguida na previsão do mercado para o PIB do próximo ano.
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