Dilma na Turquia: Levy fica e CPMF 'não é para se gastar mais, é para crescer mais'
Em O GLOBO: Dilma diz que respeita Lula, mas reafirma que Levy ‘fica onde está’
Em meio a especulações sobre o futuro da pasta da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff disse que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, “fica onde está”. Nos últimos dias, os mercados estiveram agitados sob rumores de que o ministro poderia deixar o cargo e de que poderia ser substituído pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
— Acho extremamente nocivas as especulações, o que me obriga a vir a público para reforçar que Joaquim Levy fica onde está — afirmou pouco antes de deixar o encontro prévio à cúpula do G-20 (as 20 maiores economias do mundo), a caminho do aeroporto de Antália, de onde segue para o Brasil.
Bem-humorada, Dilma não titubeou ao responder se tinha alguma coisa contra Meirelles:
— Não tenho nada contra ninguém. Estou na fase Dilminha paz e amor. Sou a Dilminha paz e amor — brincou, antes de deixar a sala de entrevistas.
Dilma disse que não concordava com a avaliação que teria feito o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que Levy tinha “prazo de validade” no posto.
— Não concordo. Não só gosto muito do presidente Lula, como é público e notório, como o respeito, mas não concordo, e não temos de concordar sobre tudo.
Ela voltou a defender a aprovação da CPMF, que considera fundamental para estabilizar a economia do país e criar as condições para acelerar o processo de saída da crise. Esta é uma das principais medidas da pauta que o xerife da pasta vem tentando aprovar nos últimos meses para promover o ajuste fiscal e buscar a retomada do crescimento do país.
— É fundamental que se aprove a CPMF. Acredito que muitos que, como eu que antes que eram contra aumentar impostos, entendem hoje que esse aumento não é para se gastar mais, é para crescer mais — disse Dilma, pouco antes de deixar a cúpula do G-20, a caminho do aeroporto de Antália, de onde já decolou de volta para o Brasil.
Segundo a presidente, o governo acaba de fazer um esforço fiscal que vai exigir, além de todas as medidas de redução de despesas para fechar as contas públicas e obter um superávit (arrecadar mais do que gastar), a “consciência e a responsabilidade para aprovar a CPMF”.
— É uma questão fundamental para o Brasil se ancorar, se estabilizar e ter condições de acelerar o processo de saída crise.
MAIORIA NO CONGRESSO
A presidente afirmou que a avaliação do governo, neste momento, é de que tem maioria no Congresso.
Antes de defender a aprovação da CPMF, Dilma disse ainda que o governo tem sido acusado de ter feito uma excessiva desoneração fiscal e concedido excessivos subsídios aos juros, e que isso teria levado ao desequilíbrio orçamentário.
— Somos um governo que tem um retrospecto. Diminuímos impostos. Nos últimos anos, fomos o governo que mais diminuiu impostos. Não é questão de opinião, mas de números.
Na FOLHA: CPMF não é para gastar, mas para crescer, diz Dilma
A presidente Dilma Rousseff dourou a amarga pílula que é reconhecidamente a introdução da CPMF com a afirmação de que ela "é fundamental", mas "não para se gastar mais, mas para crescer mais".
A frase foi dita em entrevista coletiva, nesta segunda-feira, 16, pouco após a presidente encerrar sua participação na cúpula do G20, em Antalya, no litoral do Mediterrâneo turco, e pouco antes de retornar ao Brasil.
A presidente admitiu que muitos, como ela, não queriam aumento de impostos, mas explicou a lógica da CPMF como parte, "fundamental", do "grande esforço de reequilíbrio fiscal.
Como seu ministro Joaquim Levy dissera na véspera, o acerto das contas públicas é o primeiro passo para o programa que ele chama de "1, 2, 3 do crescimento" (2 é a retomada da demanda e, 3, evitar um crescimento de pouca duração).
A presidente não respondeu a uma pergunta final sobre um eventual Plano B caso a "fundamental" CPMF não seja aprovada.
Dilma acha que "a situação política no Brasil está se normalizando", embora admita que o governo às vezes tem maioria bem confortável, mas, outras vezes, ela é mais apertada.
LEVY
A presidente reiterou que o ministro Joaquim Levy, acossado permanentemente por boatos de que está para sair ou ser demitido, "fica onde está".
Dilma disse que gosta muito e respeita muito o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem dito que o prazo de validade de Levy está vencido.
"Mas - acrescentou - não concordo com ele e não tenho que concordar. Considero o ministro Joaquim Levy um grande servidor público, comprometido com a estabilidade do país".
Lamentou em seguida as especulações frequente sobre a saída dele, "que são extremamente lesivas", além de obrigá-la a reiterar, como fez nesta segunda-feira que o ministro fica onde está.
Já na saída, Dilma negou qualquer atrito com Henrique Meirelles, o ex-presidente do Banco Central, sempre apontado como eventual substituto de Levy. "Não tenho atrito com ninguém. Estou na fase Dilminha, paz e amor".
Sobre as discussões econômicas no G20, completamente ofuscadas pelo tema do terrorismo, a presidente reproduziu o debate interno já conhecido: disse que há consenso de que "persistem processos de crescimento não muito significativos" no mundo todo. E, nos emergentes, "há uma desaceleração acentuada e até recessão, como no caso do Brasil".
Dilma acha, no entanto, que o país "voltará a crescer no horizonte mais ou menos próximo [que, depois, disse ser de entre dois a três anos], na medida em que não temos grandes bolhas a superar e, as que existem, são superáveis".
Roberto Stuckert Filho/PR | |
Presidenta Dilma Rousseff durante declaração à imprensa após Cúpula do G20, na Turquia
Mercado prevê inflação acima de 10% em 2015 e PIB caindo 2% em 2016A inflação para o fechamento de 2015 deve ficar em 10,04%, segundo o centro (mediana) das previsões de economistas consultados pelo Banco Central. Há uma semana, esperava-se 9,99% de inflação para o índice oficial, o IPCA. Os dados fazem parte do boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC. Se as previsões se confirmarem, será a primeira vez em mais de dez anos que a inflação chega a dois dígitos. A última vez que isso ocorreu foi em novembro de 2003, quando ficou em 11,02%. Naquele ano, o país enfrentava uma crise gerada pela incerteza do mercado financeiro sobre o primeiro governo do PT. Para 2016, a inflação deve ficar em 6,5%, segundo os economistas. Há uma semana, esperava-se inflação em 6,47%. Se confirmada a expectativa, a inflação deverá ficar no limite do teto da meta do governo, que é de 6,5%, mas acima do centro da meta, de 4,5%. O PIB deve retrair 3,1% em 2015, segundo as estimativas, que se mantiveram as mesmas da semana passada. Há um mês, esperava-se uma queda de 3%. Em 2016, o PIB deve retrair 2%. Na semana anterior, esperava-se retração de 1,9%. Tanto para 2015 quanto para 2016 foi mantida a previsão para a meta da Taxa Selic, em 14,25% e 13,25%, respectivamente. Atualmente, a Selic está em 14,25%. Por fim, as previsões para a taxa de câmbio no fechamento de 2015 caiu de R$ 4 para R$ 3,96, e se manteve em R$ 4,20 para o final de 2016.
Na REUTERS MPF diz que compra de Pasadena pela Petrobras pode ser canceladaPor Sérgio Spagnuolo CURITIBA (Reuters) - Os investigadores da operação Lava Jato encontraram provas que indicam o recebimento de propina por parte de ex-funcionários da Petrobras em relação à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, o que pode resultar no cancelamento do negócio, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, do Ministério Público Federal, nesta segunda-feira. "Pudemos aprofundar as investigações e nós já temos nomes de funcionários e colaborações que indicam o recebimento de propinas", disse o procurador em entrevista coletiva em Curitiba, onde estão concentradas as investigações da Lava Jato. "É importante este caso porque, quem sabe, com estas provas, nós consigamos, talvez, ou anular a compra, ou quem sabe talvez ressarcir o patrimônio público brasileiro", acrescentou. A controversa aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006, é investigada por vários órgãos. A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou em dezembro do ano passado perdas de 659,4 milhões de dólares da Petrobras na compra da refinaria. Ao final do processo de aquisição, a estatal pagou 1,25 bilhão de dólares por Pasadena e ainda teve de fazer investimentos de 685 milhões de dólares em melhorias operacionais e manutenção. A compra da "ruivinha" --chamada assim por causa da ferrugem na refinaria, segundo Lima-- foi um "péssimo negócio" em que muitos se beneficiaram, disse o procurador. Houve pagamento de propina por parte da Astra Oil, empresa que vendeu a refinaria à estatal, a então funcionários da Petrobras, afirmou Lima. A compra da refinaria de Pasadena é um dos alvos da nova etapa da operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda, assim como a construção da Rnest, refinaria também conhecida como Abreu e Lima. Na nova etapa da Lava Jato, que recebeu o nome "Corrosão", foram expedidos 18 mandados judiciais tendo como alvo ex-funcionário da estatal suspeitos de recebimento de propina em contratos relacionados às duas refinarias. Em uma outra frente da nova fase, a PF investiga atuação de um novo operador financeiro no esquema identificado como facilitador de movimentação de recursos indevidos pagos a membros da diretoria de Abastecimento da Petrobras, à qual estão vinculadas as refinarias brasileiras. "Os investigados responderão pela prática dos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro dentre outros crimes em apuração", disse a PF no comunicado. Um dos primeiros presos da Lava Jato foi o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que ficou no cargo entre 2003 e 2008, intervalo em que a Petrobras realizou a compra da refinaria de Pasadena. A Lava Jato prendeu ainda os ex-diretores de Serviços e de Abastecimento, Renato Duque e Paulo Roberto Costa, respectivamente, e Jorge Zelada, que sucedeu Cerveró na área internacional. |