Dólar cai 0,58% e volta à casa dos R$ 3,76 por rumores sobre Meirelles na Fazenda
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda nesta quarta-feira, reagindo a rumores de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles poderia substituir Joaquim Levy como ministro da Fazenda e, na avaliação dos investidores, aumentar as chances de colocar a economia nos eixos.
O dólar recuou 0,58 por cento, a 3,7695 reais na venda. A moeda norte-americana atingiu 3,7057 reais na mínima do dia, menor cotação no intradia desde 2 de setembro (3,6953 reais), com queda de mais de 2 por cento. Mas reduziu as perdas devido à percepção de que a mudança, embora positiva, estaria longe de ser a solução definitiva para os problemas brasileiros.
Segundo fontes ouvidas pela Reuters, Levy teria "prazo de validade" no cargo, onde deve ficar até o final do ano, no máximo início de 2016, e crescem as pressões sobre a presidente Dilma Rousseff para escolher Meirelles para substituí-lo.
"Nada garante que isto materializará o ajuste fiscal necessário. Neste contexto, a reação positiva dos mercados pode durar pouco. No entanto, se os novos nomes conseguirem melhorar o apoio político da equipe econômica, poderemos ver algum ponto de inflexão nos mercados locais", escreveram analistas da Guide Investimentos em nota a clientes.
Em evento em Brasília, Meirelles afirmou que não houve convite concreto e recusou-se a comentar sobre o assunto.
Meirelles comandou o BC durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e adotou política monetária considerada mais ortodoxa, o que costuma agradar aos mercados financeiros. Além disso, investidores consideram que ele teria mais facilidade para dialogar com o Congresso em um momento de intensos atritos entre o Executivo e o Legislativo.
"Talvez uma mudança na equipe econômica passe graxa nas engrenagens. Não é a resposta para todos os males, mas pode ser um começo", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato.
Porém, operadores ressaltaram que a perspectiva para o Brasil continua bastante difícil e a mudança na equipe econômica, no melhor dos casos, apenas atenuaria esse quadro. Segundo eles, o movimento forte visto pela manhã foi exagerado pelo baixo volume de negócios, reflexo das profundas incertezas no Brasil.
"A questão do mercado como um todo é a falta de liquidez... O investidor estrangeiro entra vendendo dólar e acaba que o investidor local, já machucado, segue o embalo", disse o especialista de câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.
O BC deu continuidade, nesta manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro. Até agora, a autoridade monetária rolou o equivalente a 4,141 bilhões de dólares, ou cerca de 38 por cento do lote total, que corresponde a 10,905 bilhões de dólares.