Em documento de defesa, PT parte para ataque e diz que corrupção na Petrobras começou com FHC

Publicado em 11/11/2015 06:09

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - Em documento elaborado para dar argumentos à sua militância na defesa do partido, o PT partiu nesta terça-feira para o ataque contra a oposição --principalmente o PSDB--, veículos de imprensa e autoridades envolvidas nas investigações da operação Lava Jato, além de negar que tenha havido superfaturamento em contratos da Petrobras durante governos petistas.

"Agora, mais que nunca, a escalada de mentiras, calúnias, factoides, distorções, manipulações sucedem-se na tentativa, cada vez mais evidente, de criminalizar o PT e --sonho sempre perseguido pelas classes dominantes-- de riscar o partido do mapa brasileiro", afirmou o presidente do partido, Rui Falcão, na introdução do texto de cerca de 30 páginas, que será divulgado na íntegra na quarta-feira no site do partido.

"Contra as versões facciosas de nossos inimigos e adversários, apresentamos fatos incontestáveis", diz o texto recebido pela Reuters.

Intitulado "Em Defesa do PT, da Verdade e da Democracia", o documento cita, por exemplo, depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco para afirmar que o esquema de corrupção na Petrobras começou no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), do PSDB. Barusco disse que já cobrava propinas em 1997, ainda no primeiro mandato do tucano.

O PT recorreu, ainda, a números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para afirmar que as empresas investigadas na Lava Jato que fizeram doações eleitorais ao PT também doaram ao PSDB na mesma proporção.

O partido voltou a afirmar que recebeu apenas doações "na forma da lei" e saiu em defesa do ex-tesoureiro da legenda João Vaccari Neto, preso e já condenado em primeira instância na Lava Jato.

O documento citou a condenação do "companheiro" Vaccari como um dos "vícios" da Lava Jato e expressou confiança que a condenação seja revertida em instâncias superiores.

O PT também criticou o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos da Lava Jato, e membros da força-tarefa da operação, como seu coordenador, o procurador da República Deltan Dallagnol.

O partido voltou a recorrer a depoimentos de delatores do esquema, que afirmaram que a propina que receberam de contratadas pela Petrobras veio da margem de lucro das companhias, para assegurar que durante governos petistas não houve superfaturamento na estatal.

"Se não houve sobrepreço, não há que se falar em prejuízo da Petrobras. Mas para o juiz Sérgio Moro é 'irrelevante' constatar se houve ou não superfaturamento nos valores estabelecidos em contrato e pagos pela Petrobras", disse o documento ao citar decisão de Moro que negou pedido de perícia para verificar eventual sobrepreço em contratos da estatal.

O PT criticou ainda a "grande mídia" e afirmou que a "mitologia do mensalão" foi erguida sobre o alicerce de falsas denúncias. Afirmou que o julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), em que foram condenados o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, foi político.

Procurado, o PSDB afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que só se manifestará após ter acesso à íntegra do documento.

A Justiça Federal do Paraná informou que Moro ainda não havia sido contatado e que, portanto, não comentaria imediatamente o documento petista. O Ministério Público Federal no Paraná também afirmou que não teve ainda acesso ao documento e, por isso, não o comentará de imediato.

Fonte: Reuters

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