Lula diz que não teme ser preso e que acusações são 'problema político'

Publicado em 06/11/2015 02:25
Entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT, Lula disse também não ter sido avisado sobre corruptos na Petrobras (em O GLOBO)

SÃO PAULO E BRASÍLIA — Ao negar relação ilícitas com qualquer empresário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que não teme ser preso. O petista ainda declarou que, no período em que governou o país, nunca foi avisado que havia corruptos na Petrobras.

— Não temo ser preso porque eu duvido que tenha alguém neste país, do pior inimigo meu ao melhor amigo meu, qualquer empresário pequeno ou grande, que diga que um dia teve conversa ilícita comigo — disse o ex-presidente, em entrevista ao “SBT Brasil”.

 
 

Lula ainda acrescentou que tem a “consciência tranquila” e que as acusações contra ele e pessoas próximas são um “problema político”. Criticou também as informações divulgadas sobre as investigações.

— Todas as instituições, que são fortes e poderosas, têm que ter muita responsabilidade. É preciso cuidar para não criar uma imagem negativa de uma pessoa. Estamos vivendo a república da suspeição. Eu não preciso de prova.

Ao ser indagado, se assim como havia declarado na época do escândalo do mensalão (em 2005), também não sabia do escândalo de corrupção na Petrobras, Lula respondeu: 


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— Eu não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, não fui alertado pela Polícia Federal, não fui alertado pela Receita Federal ou pelo Ministério Público. Sou o presidente que mais visitou a Petrobras. Nunca ninguém me disse que tinha algum corrupto. Essa coisa você só descobre quando a quadrilha cai ou quando alguém denuncia. Quantas coisas acontecem dentro da sua casa com seus filhos que você não sabe? — questionou o ex-presidente.

Ao ser questionado se o pecuarista José Carlos Bumlai possa ter utilizado o seu nome para facilitar negócios, Lula respondeu:

— Se ele teve situação indevida, vai ficar provado.

O petista também se queixou das informações que circulam na internet sobre o enriquecimento de seu filho Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha.

 

— Na internet ele tem avião, ele tem a Torre Eiffel, ele tem a Casa Branca, tem todos os bois da Friboi.

Também criticou os delatores da Operação Lava-Jato.

— Nem tudo que o delator fala tem veracidade. É preciso que a gente não dê voto de confiança a um bandido e um voto de desconfiança a um inocente.

Lula ainda foi perguntado sobre os ataques do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que o acusou de apelar ao “toma lá, dá cá” quando estava no poder.

— O Fernando Henrique Cardoso, toda vez que ele tiver que falar de corrupção, ele tem que lembrar da (aprovação da emenda da) reeleição de 1997.

Para o ex-presidente petista, Fernando Henrique tem um “problema de soberba”.

— O Fernando Henrique sofre com meu sucesso.

Lula também disse que se estivesse no governo seguiria um caminho diferente do escolhido pela presidente Dilma Rousseff, que optou pela criação de imposto, com a volta da CPMF, para tirar o país da crise.

— Eu faria crédito.

Na entrevista, Lula também disse que se estivesse no governo seguiria um caminho diferente do escolhido pela presidente Dilma Rousseff, que optou pela criação de imposto, com a volta da CPMF, para tirar o país da crise. 

— Eu faria crédito, primeiro na cadeira produtiva, com as grandes empresas sendo avalistas das pequenas da cadeia dela. Eu aumentaria o crédito consignado da industria privada. Abriria crédito para governadores e prefeitos que têm capacidade de endividamento — disse o ex-presidente.

Para o petista, o governo de Dilma errou ao exagerar na desoneração de setores da economia.

— Talvez o governo tenha descoberto que já desonerou tanto, quando já tinha passado do limite. Não deveria fazer tanta desonerações.

Ex-presidente Lula é entrevistado no “SBT Brasil” - Divulgação

 

No ESTADÃO:

'Não temo ser preso', diz Lula em entrevista

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não temer ser investigado e até preso em consequência da Operação Lava Jato ou da Zelotes, da Polícia Federal. "Não temo ser preso porque eu duvido que alguém nesse País, do pior inimigo meu ao melhor amigo, do empresário pequeno ao grande, que diga que teve uma conversa comigo ilícita", disse em entrevista ao SBT Brasil.

Lula chamou as investigações de pessoas próximas a ele, como seu ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho e seu filho, Luís Cláudio, de "coisas normais de um País democrático" e que são possíveis graças à independência dada pelo seu governo para instituições como Polícia Federal e Ministério Público Federal. O ex-presidente repetiu ainda o discurso de ser filho de mãe que morreu analfabeta e que lhe deixou o patrimônio de "poder andar de cabeça erguida".

"Combater a corrupção é obrigação, não é mérito", afirmou ao lembrar que desde o auge da crise do mensalão adotou o discurso de se investigar e punir quem quer que seja. Apesar da fala favorável aos trabalhos de investigação, Lula argumentou que o País vive na "República da suspeição", em que pessoas são condenadas pela opinião pública pelo simples levantamento de suspeitas.

"As instituições, que são fortes e poderosas, têm que ter responsabilidade, cuidar para não criar uma imagem negativa de uma pessoa sem ter provas", afirmou. "Nem tudo que o delator fala tem veracidade. É preciso que não se dê um voto de confiança ao bandido e um voto de desconfiança ao inocente", completou.

O ex-presidente reforçou que, ao longo de seu governo, desconhecia o esquema de corrupção na Petrobras. "Não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, e olha que sou o presidente que mais visitou a Petrobrás. Nunca ninguém me disse que tinha corrupto na Petrobras, essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai."

Lula falou rapidamente de seu amigo pecuarista José Carlos Bumlai. "Se ele teve situação indevida vai ficar provado ou não", disse. Bumlai é acusado pelo delator Fernando Baiano de receber propina para intermediar negócios na área do petróleo e repassar valores a uma nora de Lula.



 

Fonte: O GLOBO + ESTADÃO

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