Deputados aliados do Governo tentam barrar convocação do filho de Lula na CPI

Publicado em 04/11/2015 15:21
na VEJA.COM + REINALDO AZEVEDO

Parlamentares governistas se articulam para impedir a convocação dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra e de Luís Cláudio, filho do ex-presidente Lula, para deporem na CPI do Carf. O presidente da comissão, senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), disse que vai colocar os requerimentos para votação na reunião desta quinta-feira, mas deve ser derrotado. Senadores da base aliada do governo o acusam de tentar criar fato político.

O objetivo é evitar que o envolvimento de ex-ministros cause novo mal-estar para a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia dos governistas é obstruir sessões e apontar ausência de relação entre as denúncias e o alvo das investigações da CPI, que são fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Os esforços do governo, entretanto, talvez não sejam necessários. Quase metade da CPI é composta por membros da base aliada, além da relatora, Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), que já adiantou que não vai votar favoravelmente aos requerimentos. “A minha análise continua a mesma. Os requerimentos fogem completamente ao objetivo central da CPI”, afirmou.

O líder do PT, Humberto Costa (PE), seguiu o discurso da relatora. “Ele (Ataídes Oliveira) tem duas alternativas. Ou colhe assinaturas para abrir uma nova CPI de medidas provisórias, ou garante um aditivo para investigar esses temas que ele quer”, justificou. Acir Gurgacz (PDT-RO), vice-líder do governo, afirmou ainda não ter opinião formada sobre o assunto, mas o senador, que não é assíduo na CPI, confirmou presença para a votação desta semana e deve encorpar os interesses do governo.

Acusação –

Senadores acusam o presidente da CPI de não querer, de fato, aprovar as convocações, mas apenas atingir o governo. Ao anunciar que faria os requerimentos, Ataídes assumiu compromisso de dialogar com demais senadores para tentar aprová-los. Até a tarde desta terça-feira, no entanto, ele disse ainda não ter conversado com ninguém.

Em outubro, outros requerimentos de convocação de Erenice, Carvalho e Luís Cláudio já haviam sido rejeitados. Na ocasião, a maioria dos parlamentares argumentou que a possível compra de medidas provisórias não estava ligada ao objetivo central da CPI.

A nova fase da Operação Zelotes, realizada pela Polícia Federal na semana passada, não parece ter convencido os senadores. Semana passada, a força-tarefa fez buscas e apreensões na LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Cláudio, e apontou suposta ligação dos ex-ministros em um esquema de compra de MPs para favorecer o setor automotivo.

 

Cerco contra Lula se fecha em 7 frentes (por FELIPE MOURA BRASIL)

Aliados tentam barrar convocação do filho do Brahma na CPI, mas não podem fazer o mesmo com o depoimento à Polícia Federal

 

Não, Lula, são sete

Lula está sendo espancado pelos fatos em 7 frentes de investigações.

Na segunda-feira, o jornal português O Público revelou a frente internacional:

1) O inquérito sobre os 50 milhões de euros que teriam sigo pagos em Macau “ao grupo petista” de Lula e José Dirceu para autorizar a fusão entre a Oi e a Portugal Telecom.

Na terça-feira, o Valor resumiu o cerco feito pelas autoridades brasileiras:

“O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) estão fechando o cerco ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seis frentes de apuração criminal. Documentos anexados às investigações mostram o avanço sobre negócios ligados direta ou indiretamente ao ex-presidente.”

As seis frentes sobre supostos crimes são:

2) Tráfico de influência nacional e internacional de Lula em favor da empreiteira Odebrecht, recompensado pelo pagamento (por dentro) de R$ 4 milhões;

3) Venda de medidas provisórias para o setor automotivo durante os governos Lula e Dilma – com intermédio de Gilberto Carvalho -, recompensadas com pagamento de R$ 1,5 milhão a Luís Cláudio, filho caçula de Lula;

4) Contrato fraudado do navio-sonda da Petrobras Vitória 10.000 para quitar dívidas de R$ 60 milhões da campanha de Lula de 2006;

5) Palestras de Lula forjadas para lavar dinheiro de propina das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, com recebimentos pela empresa L.I.L.S. e (6) pelo Instituto Lula (o que, aparentemente, o Valor considera duas frentes de investigação).

7) Lobby para o estaleiro de Eike Batista, com pagamento de pelo menos R$ 1,5 milhão feito por Fernando Baiano ao melhor amigo de Lula, José Carlos Bumlai, com destino a uma nora do petista;

Isto sem contar a denúncia de Ricardo Pessoa de que repassou propina para o caixa 2 de Lula em 2006, além da fazenda e do tríplex do petista reformados pela OAS.

Para aliviar a barra de Lula e evitar novo mal-estar ente ele e Dilma,parlamentares governistas agora tentam impedir a convocação do filho Luís Cláudio Lula da Silva e dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra para deporem na CPI do Carf.

Não poderão impedir, no entanto, o depoimento de Luís Cláudio à Polícia Federal, remarcado para quinta-feira em São Paulo (SP).

O cerco continua se fechando contra os Brahmas.

(POR Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil)

 

Produção industrial acumula queda de 7,4% em 2015

Na comparação com setembro de 2014, indicador recuou 10,9%, diz IBGE; no ano, bens de capital, com baixa de 23,6%, é a categoria com pior desempenho

A produção industrial brasileira acumula queda de 7,4% em 2015, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Na comparação com setembro de 2014, a produção caiu 10,9%. Nessa base de comparação, foi o pior desempenho do indicador desde 2009.

Entre agosto e setembro, o recuo foi de 1,3%. Ainda que tenha sido o pior desempenho nessa base de comparação desde o início da série histórica, em 2002, a queda foi ligeiramente menor que a esperada pelos analistas. Economistas ouvidos pela agência Reuters previam queda de 1,5%.

No acumulado do ano, o setor de bens de capital é o que tem o pior desempenho, com queda entre janeiro de setembro de 23,6%. Em relação a setembro de 2014, a queda é de 31,7%.

Em contrapartida, bens de capital foi um dos dois únicos segmentos industriais cujo indicador de atividade cresceu entre agosto e setembro, com alta de 1%. O outro foi semiduráveis e não-duráveis, que avançou 0,5%. No ano, esse segmento tem baixa acumulada de 7,1%.

 

Governo entrega ao Congresso sua defesa, justificando pedaladas

O governo nem quis usar os 45 dias que lhe concedeu Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, para apresentar ao Congresso a sua defesa no caso das pedaladas fiscais. Jaques Wagrnr, ministro da Casa Civil, e Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, entregaram nesta quarta o documento com cerca de 50 páginas a Renan.

A linha de defesa, tudo indica, é a mesma, que não conseguiu convencer um único ministro do TCU, que rejeitou por unanimidade as contas de 2014: o governo fez o que se fazia até então — afirmação que foi desmoralizada pelo relator do tribunal, Augusto Nardes —, e aquilo a que se chama pedalada serviu para o governo manter programas sociais e, deve ter sido acrescentado desta feita, os empregos — já que se descobriu que parte das pedaladas financiou empréstimos a grandes empresas.

Disse Wagner, segundo a Folha: “Não mudou muito, mas é claro que tem diferenças porque ele é trazido ao Congresso após o relatório prévio do TCU”. Vale dizer: o governo deve estar contestando também os argumentos do relator. Segundo Wagner, o governo faz uma leitura da Lei de Responsabilidade Fiscal distinta daquela feita pelo tribunal.

Renan já encaminhou a defesa para a Comissão Mista do Orçamento, que tem agora 77 dias para decidir e mais cinco para enviar a sua decisão ao plenário. Em tese ao menos, há tempo de votar ainda neste ano. Mas, se querem saber, isso me parece improvável.

 

BOMBA! Dilma revela a nova meta do seu governo: emagrecer os brasileiros!

(POR REINALDO AZEVEDO)

Ai, ai…

Não sei se me indigno com a mistificação ou rio da piada. A presidente Dilma Rousseff discursou nesta terça na abertura da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Brasília. Ela aproveitou para surfar numa mentira referendada por um aliado seu na ONU e para exaltar as glórias da dieta alimentar que faz. O primeiro caso indigna; o segundo provoca o rico.

No primeiro caso, Dilma chamou para si e para e seu partido a proeza de ter tirado o país do Mapa da Fome: é a mistificação; no segundo, usou a si mesma como exemplo de que é possível vencer a obesidade, cuja diminuição, disse ela, é meta do seu governo: é a piada. Ou por outra: Dilma está disposta a emagrecer o brasileiro. Convenham: dá para perceber que ela está fazendo um grande esforço para isso. Com um pouco mais de eficiência, seremos, definitivamente, um país de magros. Sim, estou fazendo graça.

Vamos ver. A presidente aproveitou para bater bumbo porque os governos do PT teriam tirado o país do Mapa da Fome. É mesmo? Os petistas conseguiram nomear, em 2011, o petista José Graziano para o comando da FAO, o órgão das Nações Unidas que responde pela segurança alimentar.

Graziano foi o primeiro comandante de um programa falido chamado “Fome Zero”, que nunca nem conseguiu sair do papel. Com dez meses de governo, Lula o aposentou, reuniu todos os programas sociais que herdou de FHC num só e criou o “Bolsa Família. O Fome Zero, que daria três refeições por dia para todos os brasileiros, foi só uma ideia do marqueteiro Duda Mendonça.

Provada a sua inviabilidade prática, o Apedeuta aderiu ao que já existia, tendo apenas a esperteza de reunir todos os programas de transferência direta de renda num só, unificando os cadastros. Vale dizer: Lula estava errado sobre a forma de combater a pobreza extrema; Graziano também estava errado, e FHC estava certo. Adiante.

Em 2013, segundo os números da FAO e a metodologia então empregada, 7% da população brasileira consumiriam abaixo de 2,2 mil calorias. Em 2014, pimba! Sob o comando de Graziano, o critério mudou, e os 7% em situação, vamos dizer, de deficiência calórica caíram para 1,7%. E pronto! Por decreto, o Brasil estava fora do Mapa da Fome, que foi o que Dilma exaltou nesta terça.

É fabuloso! Trabalhando no Brasil, Graziano não conseguiu matar a forme nem do mendigo da esquina. Com pouco mais de dois anos à frente da FAO, ele conseguiu transformar 17 milhões de pessoas com fome em apenas 3,4 milhões. Graziano é o maior exterminador de famintos do mundo: eliminou 13,6 milhões de uma penada só.

E como se conseguiu esse milagre? Ah, é que a FAO não considerava antes as refeições servidas fora de casa, em programas sociais os mais variados, como mitigadoras da fome. E aí passou a considerar. Mas essa comida é servida pelo governo federal? É claro que não! Mas os petistas não ligam em usar os ex-famintos alheios. Aliás, tomar o alheio nunca foi freio para essa tigrada.

Muito bem! Agora vamos à piada. Dilma se elegeu prometendo que o Brasil daria início a um novo ciclo de desenvolvimento. Prometeu uma terceira geração de programas sociais, que capacitaria os pobres a andar por suas próprias pernas, na esteira do crescimento econômico. Disse que era chegada a hora da Pátria Educadora, com um padrão que revolucionaria a vida dos mais pobres. Também a saúde passaria por uma reformulação, que iria mudar a vida dos brasileiros.

Bem, ela deve promover neste ano uma recessão de 3,5%; outra, por enquanto, de mais de 1% no ano que vem, com inflação, em 2015, na casa dos 10% e juros na estratosfera. O desemprego cresce de forma acelerada, e pelo menos 3,3 milhões de famílias, entre 2015 e 2017, devem migrar da chamada nova Classe C para as velhas Classes D e E. Isso corresponde ao número que havia saltado da base para a tal Classe C entre 2006 e 2012. Vale dizer: a governanta vai anular em dois anos o que se havia conquistado em seis.

O que restou à presidente como meta factível de governo? Ela deixou claro: emagrecer os brasileiros. Disse a governanta nesta terça na abertura da tal conferência:
“Essa é a nossa meta principal para o próximo período, e esse é o meu compromisso. A minha própria experiência mostra a importância de uma boa alimentação e da prática de exercícios. Nada mais necessário para que possamos diminuir a quantidade de remédios que tomamos e para que não haja obesidade, porque depois lutar contra ela é muito mais difícil”.

Acho que Dilma pode ficar relativamente tranquila. Na sua gestão, tem sido mais fácil emagrecer. Consumir mesmo as calorias ruins tem sido bastante difícil, com inflação de 10% ao ano. Já a boa alimentação, bem, aí a coisa realmente complica, não é? Parece certo que a presidente não tem ido nem ao supermercado nem à feira.

Pregar a dieta é coisa bem mais simples quando, como diria Fernando Pessoa, mordomos invisíveis administram a casa.

Dilma se elegeu prometendo a revolução da educação e agora se contenta em emagrecer os brasileiros. Finalmente, uma meta factível. E, se a gente não tomar cuidado, ela dobra essa meta.

 

A gracinha autoritária de Levy sobre a CPMF (por REINALDO AZEVEDO)

Ministro sugere uma falsa enquete em que os que se opõem ao novo imposto também se opõem ao bem... Acho que não vai dar certo!

O ministro Joaquim Levy tem lá o seu viés cômico. Os humoristas, como sempre, percebem primeiro. O genial Márvio Lúcio, o Carioca do “Pânico”, faz uma excelente imitação: a língua meio presa, a fala pra dentro, o ar meio tímido, o olhar de quem mais espia do que vê, a fala com acento tecnocrático, uma certa ingenuidade de quem acha que também em política dois mais dois são quatro…

O ministro participou nesta terça de uma solenidade no Itamaraty e depois foi para o Congresso. E resolveu sugerir, ora vejam, uma espécie de enquete sobre a CPMF. É claro que ele estava apelando, vamos dizer assim, a certo humor de sotaque britânico. Em conversa com jornalistas, sugeriu, segundo informa a Folha:

“Os jornais poderiam fazer uma enquete. Perguntar assim: o que você não gosta da CPMF? Você não gosta porque ela é transparente? Você não gosta porque ela é fácil de recolher? Você não gosta porque ela alcança todo mundo? Ou porque é mais um imposto?”

Eita!

Fiquei aqui a imaginar Levy como diretor do Datafolha ou do Ibope. Pergunta para testar o humor dos brasileiros: “Você não gosta do governo Dilma por causa do Bolsa Família, do ProUni ou do Minha Casa Minha Vida?”.

A coisa tem lá a sua graça, mas também traduz um viés autoritário do ministro. Por quê? Observem que ele acha que só é possível recusar a CPMF por maus motivos: ou o sujeito é contra a transparência, a funcionalidade ou a universalidade do imposto ou, então, é favorável. Ou por outra ainda: gente que defende aqueles princípios apoia necessariamente a cobrança. Aí Levy perde a graça desengonçada. E sobra apenas o desengonço.

Notem que ele faz uma inadagação descolada do paradigma das perguntas marotas: “Ou [você é contra a CPMF] porque é mais um imposto?”.

Esta poderia ser, obviamente, a resposta de milhões de pessoas: sim, somos contra porque é mais um imposto. Mas não só isso! É que achamos que já pagamos impostos demais; é que avaliamos que o governo gasta mal o dinheiro que arrecada; é que não queremos financiar ainda mais a farra; é que não aceitamos mais esse estelionato eleitoral — já que a candidata Dilma afirmou que não haveria CPMF.

Diante dessa resposta, talvez Levy, então, lembrasse que, sem o imposto, tudo pode ser pior; as agências de classificação de risco rebaixarão o país etc. Ou por outra: a cobrança se transformou em programa de governo.

E um governo que conta com o ovo na barriga da galinha. Nesta segunda, Dyogo Oliveira, o número 2 do Ministério do Planejamento, afirmou o seguinte à Folha:

“A gente conta com um conjunto de medidas de receitas, entre as quais a CPMF, para fechar o superávit de 2016. Sem essas receitas, realmente não há como ter um resultado muito bom em termos fiscais em 2016. Tem que aprovar a CPMF”.

Ok. Então Dilma que tenha a coragem de falar com a sociedade. Na base da piadinha sem graça, nada vai passar.

Fonte: vEJA.COM (+ REINALDO AZEVEDO)

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