Dólar cai 2,59% em outubro e interrompe 3 meses seguidos de alta
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou esta sexta-feira em alta sobre o real, após uma sessão volátil e liquidez reduzida em meio às incertezas políticas e econômicas no país, com investidores preparando-se para o feriado prolongado, mas recuou em outubro após três meses seguidos de alta.
O dólar avançou 0,23 por cento, a 3,8628 reais na venda, após subir a 3,8913 reais na máxima do dia e recuar a 3,8284 reais na mínima. No mês, desvalorizou 2,59 por cento, marcando a maior queda mensal desde abril (-5,57 por cento).
"O mercado deve continuar na defensiva", disse o operador de câmbio da corretora Spinelli José Carlos Amado. "O mercado vai olhar mais para o cenário interno. Se a situação no Congresso continuar difícil, o dólar pode voltar a encostar em 4 reais", acrescentou.
Os mercados brasileiros têm atravessado uma fase de poucos negócios nos últimos dias, com investidores evitando fazer grandes operações diante das incertezas políticas e econômicas, e adotando estratégias mais defensivas após o Federal Reserve, banco central norte-americano, sinalizar que pode elevar os juros em dezembro.
O resultado é que operações pequenas têm sido capazes de influenciar as cotações do dólar, tendência que ficou ainda mais forte no fim do mês. "O mercado está ao léu. Não tem notícia para servir de guia, então o dólar acaba oscilando sem direção", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam Jaime Ferreira.
Pela manhã, a volatilidade foi um pouco mais acentuada também porque operadores brigaram para influenciar a Ptax de outubro, taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para diversos contratos cambiais. A taxa fechou a 3,8582 reais para compra e 3,8589 reais para venda.
Nesse contexto, o BC anunciou para a semana que vem o início da rolagem dos swaps cambiais --equivalente à venda de dólares no futuro-- que vencem em dezembro, indicando que deve recolocar integralmente o lote equivalente a 10,905 bilhões de dólares. A reação dos mercados, no entanto, foi contida.
"Ninguém esperava atitude diferente", escreveram analistas da corretora Lerosa Investimentos em nota a clientes.
No ano, o dólar ainda acumula forte alta de 45,29 por cento sobre o real, diante do cenário econômico e político bastante conturbado. Só entre julho e setembro, quando marcou três altas mensais seguidas, subiu 27,55 por cento.
(Reportagem adicional de Flavia Bohone)