Fed sinaliza que pode elevar os juros nos EUA em dezembro

Publicado em 29/10/2015 06:08

Por Lindsay Dunsmuir e Jason Lange

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, manteve os juros perto de zero nesta quarta-feira, mas minimizou os ventos contrários da economia global e, em uma referência direta a sua próxima reunião, colocou a alta de juros em dezembro fortemente em cena.

Investidores esperavam que o Fed mantivesse a taxa de juros, mas a referência aberta a dezembro veio como uma surpresa.

O banco central também menosprezou as recentes turbulências nos mercados financeiros globais e disse que o mercado de trabalho dos EUA está se recuperando, apesar de um ritmo mais lento de crescimento do emprego.

"Ao determinar se será apropriado elevar o intervalo da meta em sua próxima reunião, o comitê vai avaliar o progresso --tanto o alcançado como o esperado-- rumo aos seus objetivos de pleno emprego e inflação de 2 por cento", disse o Fed em um comunicado após sua reunião de dois dias.

Os investidores rapidamente mudaram suas expectativas em relação a uma alta em dezembro, com os contratos de juros futuros mostrando aumento das chances de uma ação este ano para 43 por cento, ante 34 por cento antes do comunicado.

"É uma tentativa sutil de gentilmente empurrar o mercado para esse direção, mas sem fazer de maneira muito intensa que levaria a um aperto das condições financeiras mais amplas", disse a economista-chefe para os EUA do Société Générale, Aneta Markowska.

"Ao especificamente se referir a essa reunião, eles basicamente estão testando um pouco o terreno, sem alarmar o mercado", disse a economista.

O dólar subiu fortemente e os rendimentos dos títulos públicos dos EUA avançaram em uma antecipação de política monetária mais restrita, após o comunicado do Fed. O mercado acionário dos EUA anulou os ganhos, mas voltou a subir posteriormente.

Além de observar o ritmo mais lento de crescimento do emprego nos EUA e uma estabilidade na taxa de desemprego, o Fed repetiu sua visão de que a subutilização da mão de obra tem diminuído.

"O comitê continua a ver riscos à perspectiva para a atividade econômica e para o mercado de trabalho como quase equilibrados", disse o Fed em seu comunicado. A autoridade monetária acrescentou que a economia norte-americana tem se expandido a um ritmo moderado.

DISCÓRDIA

A maioria dos membros do Fed tem dito que espera aumentar a taxa de juros em 2015, mas dois discordaram da chair Janet Yellen neste mês, questionando sua visão de que a força do mercado de trabalho vai impulsionar a inflação e aquecer a economia.

Eles pediram cautela ao invés de uma alta dos juros, argumentando que o enfraquecimento global poderia comprometer o crescimento econômico dos EUA e manter a inflação muito baixa.

O Fed tem tido dificuldades para convencer os investidores de que uma alta dos juros é iminente. Antes da decisão desta quarta-feira, os mercados financeiros não viam chance alguma de uma elevação dos juros nesta semana. Uma pequena maioria de economistas pesquisados pela Reuters este mês previam um aumento de juros em dezembro.

O principal entrave tem sido o fato de que o crescimento econômico norte-americano continuar pouco vigoroso e a inflação baixa, apesar da queda no desemprego.

Em seu comunicado, o Fed repetiu que quer estar "razoavelmente confiante" de que a inflação baixa vai subir para a meta de 2 por cento.

O presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, votou contra a decisão pela segunda reunião consecutiva.

Fonte: Reuters

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