Dólar sobe 0,67% ante real por incertezas locais, em dia de baixo volume de negócios
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta sobre o real nesta segunda-feira, com investidores comprando divisas em meio ao cenário político e econômico difícil no Brasil, em uma sessão marcada por volatilidade pelo baixo volume de negócios.
O dólar avançou 0,67 por cento, a 3,9167 reais na venda, após cair 1,65 por cento na mínima do dia, para 3,8263 reais. Nas duas sessões anteriores, a moeda norte-americana havia acumulado queda de 1,33 por cento.
"O mercado está sem lote nenhum, a liquidez está muito ruim. Qualquer cotação de saída provoca uma correção", disse o especialista em câmbio da corretora Icap Italo Abucater.
Investidores vêm evitando fazer grandes operações, com medo de serem pegos de surpresa por notícias ruins sobre as contas públicas ou as turbulências políticas no Brasil. Nesta semana, o governo deve anunciar previsão de déficit primário para este ano, o que aumenta o temor de que o país possa perder seu selo de bom pagador com outras agências além da Standard & Poor's.
Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, o tamanho do déficit primário ainda não está fechado, porque é preciso levar em consideração outras variáveis, como equalização de juros.
"A novela continua, mas parece que o final vai ser triste", resumiu o operador de uma corretora internacional.
Pela manhã, o dólar chegou a cair com força, refletindo o bom humor nos mercados externos. Após reunião de dois dias, o Federal Reserve, banco central norte-americano, divulgará na quarta-feira sua decisão, sob amplas expectativas de que mantenha os juros perto de zero diante dos sinais de que a fraqueza na economia global, sobretudo na China, vem afetando a recuperação da maior economia do mundo.
Na semana passada, a China reagiu a essas preocupações cortando suas taxas de juros, provocando reações ambivalentes nos mercados globais. Por um lado, a decisão tende a injetar mais liquidez no sistema financeiro global mas, por outro, é sinal de que de fato enfrenta dificuldades.
"É uma faca de dois gumes", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Muitos acreditam que os juros nos EUA não vão subir nem em dezembro, quando o Fed se reúne novamente. A perspectiva de que as taxas permaneçam baixas favorece ativos de mercados emergentes, que tendem a atrair capitais por oferecerem rendimentos mais elevados.
"Um sinal forte de que os juros devem subir em dezembro parece ser a opção menos provável", escreveram analistas do banco Scotiabank em nota a clientes.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 8,705 bilhões de dólares, ou cerca de 85 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.