Dólar reduz queda e opera praticamente estável ante real, por incerteza local

Publicado em 26/10/2015 10:33

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduzia a queda sobre o real nesta segunda-feira, com investidores comprando divisas em meio ao cenário político e econômico difícil no Brasil, sessão marcada por poucos negócios e que deixava o mercado sensível a operações pontuais.

Durante boa parte da manhã, a moeda norte-americana foi negociada em queda, diante da expectativa de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, não deve elevar os juros neste ano.

Às 12:45, o dólar recuava 0,04 por cento, a 3,8889 reais na venda, após cair 1,65 por cento na mínima do dia, para 3,8263 reais. Nas duas sessões anteriores, a moeda norte-americana acumulou queda de 1,33 por cento.

"O mercado está sem lote nenhum, a liquidez está muito ruim. Qualquer cotação de saída provoca uma correção", disse o especialista em câmbio da corretora Icap Italo Abucater.

Investidores vêm evitando fazer grandes operações, com medo de serem pegos de surpresa por notícias ruins sobre as contas públicas ou as turbulências políticas no Brasil. Nesta semana, o governo deve anunciar previsão de déficit primário para este ano, o que aumenta o temor de que o país possa perder seu selo de bom pagador com outras agências além da Standard & Poor's.

Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, o tamanho do déficit primário ainda não está fechado, porque é preciso levar em consideração outras variáveis, como equalização de juros.

"A novela continua, mas parece que o final vai ser triste", resumiu o operador de uma corretora internacional.

Mais cedo, o dólar chegou a cair com força, refletindo o bom humor nos mercados externos. Após reunião de dois dias, o Fed divulgará na quarta-feira sua decisão, sob amplas expectativas de que mantenha os juros perto de zero, em meio a sinais de que a fraqueza na economia global, sobretudo na China, vem afetando a recuperação da maior economia do mundo.

Muitos acreditam que os juros nos EUA não vão subir nem em dezembro, quando o Fed se reúne novamente. A perspectiva de que as taxas permaneçam baixas favorece ativos de mercados emergentes, que tendem a atrair capitais por oferecerem rendimentos mais elevados.

"Um sinal forte de que os juros devem subir em dezembro parece ser a opção menos provável", escreveram analistas do banco Scotiabank em nota a clientes.

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 8,705 bilhões de dólares, ou cerca de 85 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.

(Por Bruno Federowski)

Fonte: Reuters

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