Copom mantém taxa de juros no Brasil em 14,25% mas altera comunicado

Publicado em 21/10/2015 20:09
Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - O Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado, mas retirou do comunicado referência sobre a convergência da inflação para a meta no final do próximo ano.

"O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária", disse Copom em comunicado, acrescentando que "a política monetária se manterá vigilante para a consecução desse objetivo".

Veja a seguir comentários sobre a decisão do Copom:

TATIANA PINHEIRO, ECONOMISTA, SANTANDER BRASIL

    "Veio dentro das expectativas. O que chamou a atenção foi a mudança no comunicado com a extensão do horizonte para o alcance da meta. Para nós, horizonte relevante é o período de dois anos, o que leva a 2017 o alcance da meta.

    "A mudança no comunicado não muda nossa avaliação. Minha projeção para o final de 2015 é estabilidade (da Selic) em 14,25 por cento. Para 2016, a gente prevê a partir do segundo semestre um afrouxamento monetário, para 11,50 por cento no fim de 2016."

JOSÉ FRANCISCO DE LIMA GONÇALVES, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO FATOR

"Ao substituir 'no final de 2016' por 'horizonte relevante da política monetária', ele (Copom) reconhece que a trajetória de inflação não atinge o centro da meta no fim do próximo ano.

"A volta da expressão 'vigilante' para o comunicado, lembrando que ela estava presente na ata da última reunião, mantém espaço para alta na Selic, ainda que esse não seja o caminho mais provável."

Dólar sobe 1% e encosta em R$3,95, com cena externa e apreensão política no Brasil

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta pela quarta sessão consecutiva nesta quarta-feira, aproximando-se de 3,95 reais, diante do ambiente de aversão a risco nos mercados globais devido a preocupações com a saúde da economia chinesa e da apreensão dos investidores com a situação política e econômica do Brasil.

O dólar avançou 1,03 por cento, a 3,9430 reais na venda, acumulando alta de 3,75 por cento em quatro sessões.

"A sessão asiática viu outra queda das bolsas chinesas... que respingou sobre moedas emergentes, gerando perdas mais notáveis", escreveram analistas do Scotiabank em nota a clientes.

A divisa dos Estados Unidos avançava em relação a moedas como os pesos chileno e mexicano, com investidores evitando ativos de maior risco após os dois principais índices acionários chineses marcarem a maior queda em mais de um mês, em meio ao cenário mais fraco da segunda maior economia do mundo.

No Brasil, o quadro de nervosismo foi influenciado também pelas incertezas políticas. Nesta manhã, parlamentares da oposição entregaram novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff ao presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Investidores temem que as turbulências dificultem ainda mais o ajuste fiscal e golpeiem a credibilidade do país, afastando capitais estrangeiros. A perspectiva de que o Brasil deve alterar sua meta fiscal neste ano para reconhecer um déficit primário de 85 bilhões de reais, incluindo o pagamento das "pedaladas fiscais", também pesou sobre o humor.

"Essa incerteza machuca muito o mercado. Parece que vai demorar muito até o investidor conseguir ter um panorama mais ou menos claro da situação, para poder tomar decisões com uma base mais sólida", disse o operador de uma corretora internacional.

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 7,168 bilhões de dólares, ou cerca de 70 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.

Após o fechamento dos negócios, o BC anuncia sua decisão sobre a taxa básica de juros e o mercado espera que a Selic seja mantida em 14,25 por cento.

Fonte: Reuters

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