Economia brasileira vai demorar para se recuperar, apontam analistas
A economia brasileira vai demorar para sair do buraco. Segundo a percepção de economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central e analistas consultados pelo G1, as previsões que, no início de 2015, indicavam um ajuste mais rápido para controle da inflação, para as contas públicas e nível de atividade, agora mostram que esse processo deve demorar bem mais tempo – podendo abranger o segundo mandato inteiro da presidente Dilma Rousseff.
No início deste ano, o mercado financeiro estimava um dólar abaixo de R$ 3 até 2019, um Produto Interno Bruto (PIB) crescendo nos quatro anos do segundo mandato de Dilma, superávit primário das contas públicas (a economia feita para pagar juros da dívida) em todo este período, de 2015 a 2018, e inflação média (nos quatro anos de governo) abaixo de 6% – além de taxas de juros mais baixas.
Na semana passada, menos de dez meses depois, o mercado já vê o dólar acima de R$ 4 até 2019, o PIB médio negativo para o segundo mandato de Dilma, juros mais altos e inflação maior, acima, pela média, de 6,3% – com novo crescimento em relação aos quatro anos anteriores.
De modo geral, os analistas acreditam que a piora do quadro está relacionada, principalmente, com as dificuldades do governo em acertar as contas públicas, o que deve impactar, mais ainda, as taxas de emprego nos próximos anos.
Dificuldades
"Por mais que a economia internacional tenha contribuído para o quadro de dificuldades, a crise no Brasil é fundamentalmente interna e do setor público [contas em desordem]. O que mina a confiança dos agentes e causa instabilidade. Reverter esse quadro é crítico e está se mostrando muito demorado. Uma crise fiscal [das contas públicas] dessa magnitude, talvez você tenha um período longo [de recuperação] como a Europa teve. Em alguns países da Europa, você tem quatro ou cinco anos [para se recuperar]. Eu diria que, de certo modo, pode ser um segundo mandato inteiro [da presidente Dilma] de ajuste", avaliou o chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco.
Adriano Gomes, sócio-diretor da Méthode Consultoria e professor do Curso de Administração da ESPM, também acredita que o ajuste na economia poderá demandar todo o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
"É bem por aí. Na economia real, você tem quebra das empresas, falência grande, desemprego elevado e empresas com pedidos de recuperação judicial como nunca se viu. O ajuste fiscal está jogando a economia mais ainda na recessão. A CPMF [cujo retorno está sendo proposto pela equipe econômica] é um imposto perverso, cumulativo. Nasce no primeiro elo da cadeia e vai até o consumidor final", avaliou ele, que defendeu um corte maior nos gastos para equilibrar as contas públicas ao invés de alta de tributos.
Leia a notícia na íntegra no site G1.