PESQUISA DA FOLHA: 61% dos leitores querem renúncia de Dilma

Publicado em 14/10/2015 02:20
Pesquisa Datafolha feita com o público da Folha mostra que 77% classificam o governo como ruim ou péssimo (na edição desta 4a.-feira da FOLHA DE S. PAULO)

61% dos leitores querem renúncia de Dilma

Pesquisa Datafolha feita com o público da Folha mostra que 77% classificam o governo como ruim ou péssimo

Congresso Nacional é desaprovado por 67%; maioria disse que votou em Aécio Neves para presidente em 2014

DAVID FRIEDLANDERDE SÃO PAULO

A maior parte dos leitores da Folha acha que a presidente Dilma Rousseff deveria deixar o cargo. Entre a renúncia e uma eventual abertura de processo de impeachment, preferem o primeiro desfecho. Os dados são de uma pesquisa Datafolha com o público do jornal em todo o Brasil.

A renúncia da presidente é defendida por 61%. Na pergunta sobre impeachment, um grupo menor, de 51%, se mostrou favorável ante 66% do eleitorado total no último levantamento nacional do instituto, em agosto.

Mesmo assim, só 37% acham que Dilma vai ser de fato afastada. Para 57% ela continua onde está.

Para 77% dos leitores, o governo Dilma é ruim ou péssimo. É uma taxa parecida com a do eleitorado em geral, que marcou 71% de reprovação.

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, é desaprovada por 33% dos leitores e aprovada por 29%. Já a de Fernando Haddad (PT), na capital, tem 56% de reprovação e 18% de aprovação.

O público da Folha também é mais crítico em relação ao Congresso do que a média do eleitorado: 67% de ruim e péssimo ante 42%.

A expectativa em relação à situação econômica é pessimista. Dois terços (64%) acham que a crise tende a piorar nos próximos meses.

Novamente os leitores da Folha se mostram mais céticos, já que na pesquisa nacional os pessimistas eram 53%.

O Datafolha ouviu 733 leitores do jornal nos dias 18 e 19 de setembro e 2 e 3 deste mês. A margem de erro é de quatro pontos para mais ou para menos. Metade dos entrevistados (48%) tem renda familiar mensal superior a dez salários mínimos, 76% têm ensino superior, 83% são do Sudeste.

Quase 60% não têm partido de preferência, mas 59% votaram em Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da eleição presidencial de 2014. Dilma teve 22% dos votos.

Para 70% dos leitores, a cobertura da Folha sobre o governo Dilma tem sido ótima ou boa, enquanto 21% disseram que é regular e 7% cravaram ruim ou péssima.

Politicamente, o maior grupo de leitores (30%) posicionou a Folha como uma publicação de centro-direita. Para 26%, o jornal é de centro. Outros 22% o identificam como de direita. O jornal é visto como de centro-esquerda por 12%. E de esquerda por 5%.

Comandante do Exército vê risco de crise social no país

'Nos preocupamos porque passa a nos dizer respeito', disse general em conferência; em nota, Exército cita trecho da Constituição

RODRIGO VIZEUEDITOR-ASSISTENTE DE "PODER"

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse ver risco de a atual crise virar uma "crise social" que afetaria a estabilidade do país, o que, segundo ele, diria respeito às Forças Armadas.

"Estamos vivendo situação extremamente difícil, crítica, uma crise de natureza política, econômica, ética muito séria e com preocupação que, se ela prosseguir, poderá se transformar numa crise social com efeitos negativos sobre a estabilidade", afirmou.

O militar prosseguiu: "E aí, nesse contexto, nós nos preocupamos porque passa a nos dizer respeito diretamente".

Villas Bôas deu as declarações em inédita videoconferência na sexta (9) para 2.000 oficiais temporários da reserva, os R2, que se prepararam durante o serviço militar, mas não seguiram carreira.

A conversa, com transmissão para oito comandos pelo país e cujos trechos circulam na internet, foi aberta a perguntas e teve a presença, por exemplo, do ex-governador Roberto Magalhães (DEM-PE), saudado pelo general.

O militar, que foi escolhido para o comando do Exército pela presidente Dilma Rousseff no início deste ano e já afastou intervenção militar em outras declarações, disse não ver uma crise institucional e que as instituições funcionam, dando como exemplo a reprovação das contas da petista pelo Tribunal de Contas da União.

"Dispensa a sociedade de ser tutelada. Não são necessários atalhos nos caminhos para chegar ao bom termo."

Questionado pela Folha sobre o significado de eventual crise social dizer respeito ao Exército, a instituição citou artigo da Constituição que afirma que as Forças Armadas "destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem", sob autoridade presidencial.

"Foi com o pensamento de legalidade, de estabilidade e de legitimidade que o comandante do Exército se referiu", disse em nota.

Segundo o Exército, que tem desenvolvido projeto recente de reaproximação com reservistas, "a única intenção [do evento] foi manter o contato com ex-companheiros".

O presidente do conselho de R2, Sérgio Monteiro, terminou assim nota publicada após a palestra: "Os tenentes estão de volta, prontos! Dê-nos a missão!".

BERNARDO MELLO FRANCO

O Supremo embola o jogo

BRASÍLIA - A jogada estava ensaiada. Nesta terça, a oposição daria um novo passe para Eduardo Cunha chutar contra o gol de Dilma Rousseff, instalando a comissão do impeachment. A bola já rolava no tapete verde da Câmara quando o Supremo Tribunal Federal soprou o apito e interrompeu a tabelinha.

A intervenção do Judiciário embola o jogo e dá tempo ao governo para reorganizar a defesa. É uma boa notícia para Dilma, mas ela ainda está muito longe de ganhar a partida.

Se o Planalto estivesse tranquilo, sua tropa não teria por que ir ao Supremo. Os recursos demonstram que a farta e desavergonhada distribuição de cargos não foi capaz, até aqui, de garantir uma base mínima para o embate político na Câmara.

Do outro lado, a oposição será obrigada a mudar a estratégia. À noite, os tucanos falavam em abandonar os pedidos de impeachment já apresentados e trocá-los por uma nova representação. É difícil saber se o Supremo aceitará a manobra para driblar as decisões dos ministros Teori Zavascki e Rosa Weber.

As liminares não estavam nos planos de Cunha, mas ele conseguiu tirar algum proveito da confusão. No dia em que 45 deputados pediram a cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar, o noticiário voltou a se ser dominado pelo debate do impeachment de Dilma.

Isso ajuda o presidente da Câmara a se segurar no cargo, mesmo alvejado pela revelação das contas milionárias na Suíça. "Vão ter que me aturar um pouquinho mais", ele provocou, em tom de desafio.

Se alguém ainda acreditava na nota "Me engana que eu gosto" sobre Cunha, a oposição eliminou qualquer dúvida nesta terça. Os mesmos líderes que assinaram o documento se deixaram fotografar na porta da casa dele, após reunião para tratar do impeachment. Dos 46 deputados que pediram sua cassação, nenhum é filiado ao PSDB ou ao DEM.

Reviravolta Mais do que um decisão jurídica, as liminares do STF serviram para alimentar no Planalto a expectativa de uma possível reaproximação com Cunha, hipótese remota até a véspera.

Acordão? O encontro reservado de Cunha com Jaques Wagner, na segunda-feira à noite, na Base Aérea de Brasília, serviu para o ministro da Casa Civil "sentir o clima" e medir o nível de aproximação do deputado com a oposição.

Bingo Aliados de Michel Temer avaliam que o governo passou a ter o que oferecer ao parlamentar: votos favoráveis a ele no Conselho de Ética.

Atchim O temor de que o Congresso estava pronto para iniciar o processo de impeachment não derrubou, segundo assessores, o ânimo da presidente. Mas uma gripe contraída em Porto Alegre, sim. Ironia ou não, Dilma passou a terça em estado febril.

Cristal Aos olhos do governo, o futuro pedido de impeachment da oposição será ainda "mais frágil" que o atual, pois se baseará em parecer que sequer foi votado pelo TCU e que condena eventuais irregularidades cometidas em um ano fiscal (2015) que ainda não acabou.

Tenta a sorte Com todos os passos dados até agora, o PSDB consultou novamente Eduardo Cunha sobre a decisão de apresentar outra denúncia contra Dilma Rousseff. Segundo oposicionistas, o deputado afirmou que a opção seria um "bom caminho", mas não sinalizou se iria ou não acatá-la.

Não custa Independentemente do freio do Supremo, ministros da articulação política do governo pediram que líderes da base comecem a indicar nomes para a comissão que pode vir a ser criada caso o pedido contra Dilma seja eventualmente aceito.

Alto lá Em suas decisões liminares, o STF sinalizou à Câmara que não há clima para dar andamento aos atuais pedidos de impeachment antes de o plenário da corte se posicionar definitivamente sobre os recursos apresentados pelo PT e pelo PC do B.

Quem... O deputado Ricardo Barros (PP-PR), relator do Orçamento, vem insistindo junto ao governo que não é possível tocar a tramitação da peça com base nas receitas da CPMF em 2016.

...quer dinheiro? Sugere que a equipe econômica aprofunde os cortes, inclusive em programas sociais, a partir da identificação de fraudes na distribuição de benefícios.

Toma lá Líderes de movimentos sociais fizeram chegar ao governo que até topam se mobilizar contra o impeachment desde que Dilma reveja o corte de R$ 5 bilhões no Minha Casa Minha Vida e anuncie, "de imediato", a terceira fase do programa.

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CONTRAPONTO

"Agora o Lula admite o "rouba, mas faz" criado por Adhemar de Barros e que foi tão consagrado por Paulo Maluf."

DO DEPUTADO PAULO PEREIRA DA SILVA (SD-SP), sobre o ex-presidente Lula ter dito que Dilma fez as pedaladas para repassar dinheiro a programas sociais.

VINICIUS TORRES FREIRE

Bestificados e à deriva

Nestes dias ou horas, não há governo para cuidar do mínimo essencial; há risco de desastres

O GOVERNO DO Brasil ora é disputado a golpes de medidas judiciais e de chicanas variadas, tiros trocados na praça dos Três Poderes, em Brasília. Na trama paralela, o governo e, muito mais ainda, a oposição disputam o apoio do presidente da Câmara, o indizível Eduardo Cunha, por meio de chantagens e por motivos torpes, na verdade, por motivo algum que não seja a mesquinharia oportunista mais sórdida.

"Às favas, neste momento, todos os escrúpulos de consciência", disse um inominável na reunião do dia da sordidez extrema, terminal, em que se decretou o AI-5, em 1968, a ditadura dentro da ditadura. Claro, decerto, sim, nem de longe estamos perto de algo parecido, ok. Mas a frase veio a calhar, o que, de qualquer modo, não é bom sinal.

Isto posto, o que dizer até sobre as perspectivas mais imediatas do que se passa na economia brasileira? A cada dois dias, a nuvem radioativa da política muda. O dólar? A CPMF? O pacote fiscal? A Previdência? Hum.

Estamos à deriva. Como a biruta da política gira de modo tresloucado, pode até bem ser que pare numa direção menos pior (melhor não será). Mas estamos à deriva, sem saber o que será feito das implementação das medidas mais comezinhas ou, hoje até feito grandioso, da aprovação de um remendo que seja no Orçamento de 2016.

Por enquanto, para nem mencionar a ameaça de estagnação prolongada, voltamos a namorar um colapso.

De qualquer modo, estamos no caminho de empatar com a segunda pior recessão da história registrada do Brasil, o triênio de Collor. Pelas previsões de hoje, falta pouco.

Na noite desta terça-feira, 13 de outubro, quando era escrita esta coluna, mal se entendia ainda se o Supremo Tribunal Federal tinha provisoriamente limitado as atribuições do presidente da Câmara dos Deputados (devido às liminares que suspenderam o "rito", o roteiro de votação de um possível processo de impeachment da presidente da República).

Note-se de passagem, a respeito do presidente da Câmara dos Deputados, que, por muito, muito menos, dezenas de pessoas foram para a cadeia provisória ou para a penitenciária nesta década presidiária da governança do Brasil.

Em resumo, diante do quadro que se desenhava ontem, parece não haver perspectiva alguma de que em algum momento o Congresso vá aprovar nem ao menos os remendos mínimos. Ou seja, aprovar os reforços nos esparadrapos que seguram a sangria que vem desde o final de julho, quando o governo começou a confessar que não tinha controle sobre o deficit de suas contas neste ano, engrossada no final de agosto, quando o governo confessou sem mais que não tinha controle também sobre o rombo de 2016.

Setembro foi o resultado disso, o ensaio geral do colapso. Pelo jeito, agora talvez devamos nos preparar para pré-estréia de um desastre agudo.

Discussões sofisticadas sobre mudanças de regime de política econômica, de metas de inflação, de política cambial, tudo isso parece cada vez mais é sofismático. No momento, nas horas que correm, não há governo para cuidar do essencial, nem sistema político que cuide ao menos de evitar acidentes graves.

 

Datafolha: 60% dos brasileiros atribuem criminalidade a “maldade”, mas 74% dos parlamentares a justificam! (por FELIPE MOURA BRASIL, de VEJA.COM)

O Datafolha comparou uma pesquisa feita com os 289 deputados federais e 51 senadores da atualidade com os dados de outro levantamento realizado em setembro de 2014 com a população.

Destaco um ponto da matéria da Folha a respeito:

“Os contrastes mais significativos de posição aparecem quanto à criminalidade: 74% dos congressistas acreditam que a principal causa do problema seja ‘a falta de oportunidades iguais para todos’.

Dentre os brasileiros, só 36% concordam com isso – para a maioria, 60%, a maior causa é ‘a maldade das pessoas’, raciocínio endossado por 17% dos congressistas.”

Jean-Jacques Rousseau negou a hipótese da maldade no século XVIII, mas os brasileiros felizmente ignoram Rousseau. Tem mais:

“Em relação a crimes cometidos por adolescentes, outra oposição: para a maioria dos congressistas (55%) esses jovens ‘devem ser reeducados’. Dentre a população, o índice é de 22%; 76% das pessoas acreditam que os adolescentes ‘devem ser punidos como adultos’ – frase endossada por 38% dos parlamentares.”

Para o cidadão brasileiro, com frequência ele próprio desprovido de oportunidades e vítima de bandidos, é muito fácil notar que crime é coisa de gente má, que difere dele nas escolhas morais interiores.

Para o parlamentar brasileiro, cujos ganhos com “soluções” são maiores que com a prisão dos bandidos, é muito fácil alegar que faltam as oportunidades exteriores que ele oferece enquanto dura o seu mandato.

Quem representa o povo?
No Brasil, o único político reconhecido pelas massas por uma mensagem clara contra bandidos e adversários que os defendem calhou de ser Jair Bolsonaro (PP-RJ), não à toa o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro, mas cujo índice de rejeição nacional também é alto por conta das polêmicas em que se envolveu com outros assuntos e até no meio de debates acalorados sobre este.

Caso dispute a prefeitura do Rio em 2016, Bolsonaro poderá enfrentar notórios pregadores de oportunidades para bandidos, como o ex-petista Alessandro Molon (Rede) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) – ainda que a Segurança Pública seja atribuição do governo do estado.

O prefeito Eduardo Paes, sabe-se lá se por convicção ou forma de se eximir da responsabilidade, também tem dado opiniões contundentes contra as autoridades que justificam crimes, como já mostrei diversas vezes aqui, e provavelmente tentará emplacar o sucessor Pedro Paulo com o mesmo discurso, embora o tema costume ser periférico no debate municipal.

Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ganhou certa popularidade ao colocar em votação a PEC da redução da maioridade penal, a favor da qual se posicionou com firmeza, mas seu suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras tem abalado sua reputação.

Deputados como Laerte Bessa (o autor da PEC), Major Olímpio, Peninha e outros que atuam contra o Estatuto de Desarmamento também discursam contra o banditismo prático e teórico, embora sejam menos conhecidos do grande público brasileiro.

O fato é que o Brasil, com seus 64 mil homicídios anuais e um governo federal marcado pela criminalidade, precisa mais do que nunca de candidatos capazes de cativar esse grande público e colocar os defensores de bandidos em seus devidos lugares durante as campanhas eleitorais.

Ter o discurso alinhado com o da maioria da população nesse tema não dá ao eleitorado a certeza de que os candidatos farão jus ao seu voto. Mas o eleitorado tem de saber que votar em defensores de bandidos é garantia de que o país continuará sendo o eldorado do crime.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

Fonte: Folha de S. Paulo

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