Moody's mantém perspectiva negativa para sistema bancário do Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de riscos Moody's manteve nesta quinta-feira a perspectiva negativa para o sistema bancário brasileiro, afirmando que a recessão do país deve continuar no próximo ano, elevando os riscos de ativos e pressionando o lucro dos bancos.
"O Brasil não vai voltar ao crescimento econômico por algum tempo, por uma série de razões, entre elas, queda nos preços globais das commodities exportadas pelo país, elevado risco político, um processo de grande alcance de corrupção que afetou os setores de petróleo, construção e engenharia, e esforços do governo para cortar gastos para reduzir o déficit", avaliou a Moody's em comunicado.
A agência alerta ainda que o desemprego e a produção industrial se deterioram de forma significativa este ano, apontando para um aumento na proporção de inadimplentes, que até agora tem permanecido em torno de 3 por cento.
Por outro lado, a Moody's cita como positivo para os bancos brasileiros a manutenção de ampla capitalização, o que deve permitir que os credores absorvam um aumento nas perdas sem estresse financeiro significativo.
"Além disso, os bancos têm pouca dívida em moeda estrangeira, o que vai ajudá-los a evitar a volatilidade nos mercados globais", disse o relatório. (Por Flavia Bohone)
Demanda por crédito do BNDES continua praticamente parada, diz fonte
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está se aproximando do fim do ano sem praticamente novos pedidos de financiamento, diante do cenário recessivo e de incertezas geradas pela crise política, afirmou uma fonte da instituição de fomento, nesta quinta-feira.
Segundo a fonte, a crise econômica e política secou os pedidos de empréstimos no banco e também levou empresas a cancelar pedidos.
"Está tudo parado. Devagar quase parando mesmo. Praticamente não está entrando nada (pedidos de financiamento) novo", disse a fonte que pediu anonimato porque não tem autorização para falar publicamente.
De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo banco, de janeiro a agosto as aprovações e consultas de interessados em financiamento no banco caíram 45 e 49 por cento, respectivamente. Estes indicadores são uma espécie de termômetro do potencial futuro de desembolsos do BNDES.
Já os desembolsos somaram 85 bilhões de reais, o que representa uma retração de 25 por cento ante igual período de 2014.
A estimativa é que o panorama se mantenha até o fim deste ano e os desembolsos oscilem em torno de 120 bilhões de reais, ante cerca de 190 bilhões de reais liberados no ano passado.
"O que o banco está fazendo é liberar recursos que foram demandados há dois anos", afirmou a fonte.
Com a recessão e a alta do dólar o que se vê também em 2015 é o cancelamento de pedidos de empréstimos e de troca ou renovação de dívidas contratadas junto ao banco no passado, disse a fonte.
"Esse é um movimento típico de 2015. Praticamente todas as construtoras têm pedidos (de financiamento) cancelados e isso se vê também nas cooperativas agrícolas que têm vindo ao banco trocar dívida", disse a fonte, sem citar nomes. (Por Rodrigo Viga Gaier).
Não há espaço para erros dos bancos centrais em meio a "novo medíocre"
Por Mitra Taj e Randall Palmer
LIMA (Reuters) - Os bancos centrais têm pouco espaço para erros em um mundo de baixo crescimento no qual economias emergentes excessivamente alavancadas e dependentes de commodities e uma China em desaceleração representam riscos maiores, afirmaram autoridades internacionais em encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI), nesta quinta-feira.
Apesar do afrouxamento monetário de 7 trilhões de dólares de BCs em países industriais desde a crise financeira global, o mundo está preso em um padrão de crescimento chamado de "novo medíocre" disse a chefe do FMI, Christine Lagarde.
A reunião do FMI ocorre num momento em que o Banco do Japão parece prestes a aumentar seu programa de impressão de dinheiro conforme olha para seu quinto ano em recessão.
O Banco Central Europeu (BCE) também deve estender seu programa de impressão --ou quantitative easing (QE)--, ao passo que os dois maiores BCs que estão mais perto de elevar as taxas de juros, o Federal Reserve dos Estados Unidos e o Banco da Inglaterra, estão segurando seu poder de fogo.
"Não é o tipo de economia em que você pode cometer erros", disse o presidente do BC britânico, Mark Carney, durante a reunião.
TURBULÊNCIA NOS EMERGENTES
Muitos mercados emergentes, outrora economias de maior crescimento no mundo, estão agora em crise. O Brasil está enfrentando uma crise de liderança e está em recessão. A Rússia está envolvida em conflitos na Ucrânia e na Síria e tem sido impactada pelos baixos preços do petróleo.
O crescimento da China está diminuindo o ritmo, embora Lagarde tenha mostrado otimismo quanto a uma desaceleração administrável.
Embora os programas de impressão de dinheiro dos BCs no mundo tenham estancado as perdas no setor financeiro, eles falharam em alcançar seu objetivo de impulsionar o crédito global.
O FMI estima que as empresas de mercados emergentes estão sobrealavancadas em 15 por cento de sua produção, aumentando o risco de crises bancárias e de um colapso repentino no crédito.
O FMI reduziu sua estimativa para o crescimento em economias emergentes pelo quinto ano consecutivo esta semana, citando o colapso do boom de commodities.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez uma chamada nesta quinta-feira para que fundos de pensão e instituições com o caixa cheio invistam em projetos de infraestrutura, embora poucos pareçam dispostos a fazê-lo diante de retornos incertos em um mundo de baixa demanda, com o risco de contágio financeiro.
"Há uma abundância de recursos no mundo", disse Levy durante a reunião do FMI
Wall St sobe após mercado ver sinais de demora para alta dos juros em ata do Fed
Por Sinead Carew
(Reuters) - Os principais índices acionários dos Estados Unidos fecharam em alta nesta quinta-feira, com o S&P 500 alcançando a máxima em sete semanas, conforme investidores viram mais sinais de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não deve elevar juros tão cedo na ata da última reunião de política monetária.
O índice Dow Jones subiu 0,82 por cento, a 17.050 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,88 por cento, a 2.013 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,41 por cento, a 4.810 pontos.
A ata divulgada nesta tarde mostrou que o Fed pensou que a economia estivesse perto de justificar uma alta de juros em setembro, mas decidiu que seria prudente esperar por evidências de que a desaceleração econômica global não está tirando os EUA dos trilhos.
A reação inicial foi contida, mas o mercado acionário ganhou fôlego conforme a sessão avançou. Estrategistas disseram que a ata mostrou menos inclinação para uma alta de juros e nenhuma preocupação não prevista na visão do Fed sobre a economia dos EUA.
"Você tem uma ausência de más notícias e algumas boas notícias ali", disse o diretor de investimento do Commonwealth Financial, Brad McMillan. "Dadas as notícias desde então, se eles estavam querendo esperar naquele momento para a inflação voltar, eles estão querendo ainda mais agora".
O S&P 500 fechou acima da média móvel de 50 dias pela primeira vez desde 18 de agosto nesta quinta-feira.
Os 10 principais índices setoriais do S&P 500 fecharam em alta, liderados pelo de energia, que subiu 1,9 por cento após os preços do petróleo fecharem na máxima em três meses.
Dólar cai 2,17% e vai abaixo de R$3,80, menor patamar em um mês, após ata do Fed
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu mais de 2 por cento e fechou abaixo de 3,80 reais nesta quinta-feira, menor nível em pouco mais de um mês, após a ata do Federal Reserve reforçar apostas de que o banco central norte-americano só elevará os juros no ano que vem, o que tende a favorecer mercados emergentes como o Brasil.
A notícia deu mais combustível ao apetite por risco que vem predominando nos últimos dias nos mercados globais. A moeda norte-americana vinha recuando contra o real desde cedo, um dia após o Tribunal de Contas da União rejeitar as contas do governo do ano passado, decisão amplamente esperada pelo mercado.
O dólar recuou 2,17 por cento, a 3,7931 reais na venda, menor fechamento desde 3 de setembro, quando ficou em 3,7598 reais.
"A avaliação inicial é que (a ata do Fed) é 'dovish' e os mercados parecem concordar com isso", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta. "Esta tem sido uma semana ótima para o real, ao ponto em que eu começo a me preocupar. Quando a correção vier, pode ser forte".
A ata da reunião de setembro do Fed mostrou que acredita que a economia estava próxima de justificar aumento de juros em setembro, mas integrantes decidiram que era prudente esperar por evidências de que a desaceleração da economia global não está tirando os EUA dos trilhos.
A perspectiva de manutenção dos juros quase zerados nos EUA sustenta a atratividade de investimentos em países emergentes, que oferecem taxas mais altas.
"O Fed já estava preocupado com a economia mundial no começo de setembro. Desde então, os números deram motivo mais do que suficiente para (o Fed) esperar", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano, referindo-se a uma leva de indicadores econômicos fracos nos EUA, incluindo a criação de emprego fora do setor privado norte-americano.
Após mostrar alguma volatilidade no início dos negócios, refletindo preocupações dos investidores com a situação política no Brasil, o dólar firmou queda ante o real durante a manhã. O parecer do TCU será enviado ao Congresso Nacional, que tem a responsabilidade para aprovar ou não as contas do Executivo, e uma rejeição pode dar força a eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff por crime de responsabilidade fiscal.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira que acha difícil a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso apreciar ainda neste ano o parecer do TCU.
"(A decisão do TCU) não é o fim do mundo e o mercado está mais tranquilo nos últimos dias. Acredito que o dólar deve permanecer abaixo de 4 reais por mais algum tempo", disse a operadora de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
O Banco Central brasileiro deu continuidade nesta manhã à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 3,069 bilhões de dólares, ou cerca de 30 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.
Com ajuda de Petrobras, Bovespa sobe e tem maior série de altas desde 2013
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou em alta nesta quinta-feira pelo oitavo pregão consecutivo, após uma manhã volátil, com a aceleração dos ganhos das ações da Petrobras guiando o Ibovespa para a maior série de altas em mais de dois anos.
A repercussão favorável em Wall Street à ata da última reunião de política monetária do banco central norte-americano endossou os ganhos na bolsa paulista, onde agentes financeiros seguem monitorando desdobramentos na cena política local.
O Ibovespa subiu 0,39 por cento, a 49.106 pontos, completando a maior sequência de altas desde agosto de 2013 e acumulando no período um ganho de quase 12 por cento. O volume financeiro na sessão somou 6,77 bilhões de reais.
Nos Estados Unidos, a ata do Federal Reserve mostrou que o BC norte-americano entendeu que a economia estava perto de justificar uma alta de juros em setembro, mas as autoridades decidiram ser prudente aguardar evidências de que a desaceleração global não está tirando os EUA dos trilhos.
O índice acionário S&P 500 fechou em alta de 0,88 por cento, acima da sua média diária de 50 dias pela primeira vez desde 18 de agosto.
O cenário político local também adicionou certa volatilidade, após o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendar na noite da véspera a rejeição das contas da presidente Dilma Rousseff de 2014, o que eleva a pressão para um eventual processo de impeachment.
DESTAQUES
=PETROBRAS fechou com as ações preferenciais em alta de 3,31 por cento e os papéis ordinários com acréscimo de 3,37 por cento, após uma manhã volátil, conforme os preços do petróleo ampliaram as altas após o PIRA Energy Group, uma entidade que faz prognósticos, estimar que os preços vão subir para 75 dólares o barril ao longo dos próximos dois anos.
=VALE não mostrou um rumo único, mesmo com os preços de minério de ferro à vista na China subindo na volta de feriado no país, após fortes ganhos na véspera. As preferenciais de classe A subiram 0,57 por cento e as ordinárias caíram 0,45 por cento.
=USIMINAS saltou 8,26 por cento, CSN avançou 6,38 por cento, entre as maiores altas do Ibovespa, assim como ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES, com ganho de 5,74 por cento e PÃO DE ACÚCAR, com elevação de 4,43 por cento. Em comum, esses papéis figuram na lista de ações difíceis de encontrar para aluguel, o que pressiona a alta por causa do movimentos de cobertura de posições vendidas, enquanto é desfavorável a avaliação de analistas para as companhias.
=RUMO ALL disparou 14,49 por cento e também teve seu movimento atrelado a cobertura de posições vendidas (short squeeze), dada a sua situação no mercado de aluguel.
=FIBRIA caiu 4,15 por cento, acompanhando o declínio do dólar frente ao real, com a moeda fechando abaixo de 3,80 reais pela primeira vez em um mês. Ainda no setor de papel e celulose, KLABIN recuou 3,42 por cento, com números sobre as vendas de papelão ondulado no Brasil mostrando queda de 4,65 por cento em setembro na base anual. SUZANO PAPEL E CELULOSE cedeu 2,06 por cento.
=OI fechou em queda de 4,09 por cento, após saltar 7,63 por cento pela manhã, repercutindo reportagem do Valor Econômico, segundo a qual a operadora de telecomunicações receberia uma injeção de até 10 bilhões de reais do fundo russo LetterOne em um eventual acordo com a rival TIM PARTICIPAÇÕES. O papel ordinário da Oi, que não está no Ibovespa, ainda fechou em alta de 2,66 por cento. TIM recuou 0,38 por cento.