Cunha manobra e sessão do Congresso que analisaria vetos fica para semana que vem

Publicado em 01/10/2015 07:13

BRASÍLIA (Reuters) - Após horas de negociação sem que deputados e senadores chegassem a um acordo, a sessão do Congresso para análise de vetos presidenciais com potenciais impactos nas contas do governo foi adiada para a próxima terça-feira.

“Não há acordo... Nós vamos na próxima terça-feira convocar o Congresso Nacional para concluirmos a apreciação dos vetos que estão sendo cobrados pela opinião pública”, disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), após uma maratona de reuniões com parlamentares.

Havia uma sessão do Congresso convocada para a manhã desta quarta-feira, quando seriam analisados vetos polêmicos como o que negou reajuste de até 78,6 por cento a servidores do Judiciário e outro que impediu a extensão das regras de reajuste do salário mínimo a todos os aposentados, ambos com potencial de abrir ainda mais o rombo das contas públicas que o governo se esforça para equilibrar.

A sessão do Congresso, que reúne deputados e senadores, foi obstruída pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que decidiu convocar os deputados para sessão plenária na mesma hora em que estava prevista a análise dos vetos.

Deputados queriam que fosse incluído na pauta o veto à lei aprovada no Congresso que regulamentava o financiamento empresarial, enquanto senadores resistiram tanto à inclusão na pauta do Congresso quanto a eventual votação do tema em uma outra proposta, por temor de que isso pudesse ser encarado como um embate com o Supremo Tribunal Federal (STF), que já considerou inconstitucionais as doações de empresas para campanhas eleitorais.

Ao se depararem com a resistência de Renan em incluir na pauta do Congresso o veto, publicado em edição extra do Diário Oficial na véspera, deputados da oposição chegaram a negociar acordo que envolvia a votação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) justamente sobre o financiamento empresarial.

A ideia era que senadores entrassem em consenso para quebrar prazos regimentais e aprovar a PEC a tempo de valer para as eleições municipais de 2016.

“Não há como vincular a realização de uma sessão do Congresso Nacional à apreciação de um veto que até ontem não tinha sido aposto”, explicou Renan.

“Não pode haver acordo e a PEC terá uma tramitação normal”, disse.

Na última semana, a votação de outros vetos polêmicos, com potencial impacto às contas, causou tensão e teve reflexos no mercado financeiro, incluindo uma disparada do dólar, que ultrapassou os 4 reais. Somente o veto do reajuste dos servidores da Justiça pode gerar, se derrubado, impacto de 36 bilhões de reais até 2019.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Arthur Lira acena para avanço de projetos sobre “Reciprocidade Ambiental”
CMN amplia prazo para vencimento de crédito rural em cidades do RS atingidas por chuvas
Ibovespa fecha em alta à espera de pacote fiscal; Brava Energia dispara
Macron e Biden dizem que acordo de cessar-fogo no Líbano permitirá retorno da calma
Fed cita volatilidade e dúvidas sobre taxa neutra como motivos para ir devagar com cortes, diz ata
Gabinete de segurança de Israel aprova acordo de cessar-fogo com o Líbano
undefined