Dólar cai mais de 2% e volta abaixo de R$ 4, mas ainda marca 3ª alta mensal seguida

Publicado em 30/09/2015 17:13

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com queda de mais de 2 por cento e voltou abaixo de 4 reais nesta quarta-feira, com investidores reagindo bem às ações tomadas pelo governo para apaziguar as tensões com a base aliada.

Ainda assim, a moeda norte-americana marcou a terceira alta mensal consecutiva, movimento que deve continuar nos próximos meses. O ritmo desse avanço, no entanto, deve ser menor, com o Banco Central calibrando sua intervenção para coibir surtos de volatilidade.

O dólar recuou 2,31 por cento, a 3,9655 reais na venda. Em setembro, a moeda norte-americana avançou 9,33 por cento, acumulando alta de 27,55 por cento nos últimos três meses. No ano, o fortalecimento soma 49,15 por cento.

"Não tem como escapar, não há leilão que segure a alta do dólar, que vem dos fundamentos. O que o BC faz é amortecer esse avanço", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.

A moeda norte-americana tem sido pressionada pela rápida deterioração dos fundamentos econômicos do Brasil, com foco nas contas públicas, que investidores temem poder provocar a perda do selo de bom pagador do país com outras agências de classificação de risco além da Standard & Poor's.

A moeda norte-americana engatou a quinta marcha na semana passada, quando alcançou seu nível recorde tanto no intradia quanto no fechamento. O BC reagiu reforçando sua intervenção no câmbio com leilões de venda de dólares com compromisso de recompra, conhecidos como leilões de linha, e de novos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares.

No entanto, absteve-se de atuar no mercado à vista, o que implicaria o uso das reservas internacionais. O debate sobre essa possibilidade vem injetando volatilidade no mercado nos últimos dias.

"O BC parece ter escolhido uma estratégia de intervenção cambial caracterizada por 'imprevisibilidade', com o momento, o tamanho e o produto específico a serem adotados variando diariamente", escreveu o estrategista global de câmbio do Nomura Mario Roble. Ele ressaltou que "efetivamente, não há motivo urgente para usar as reservas, pelo menos de um ponto de vista de fundamentos".

Essa percepção foi reforçada também pela informação de que a autoridade monetária vendeu apenas parcialmente a oferta nos três leilões de linha realizados nos dias 21 e 23 de setembro, o que pode ser evidência de demanda limitada por dólares. A autoridade monetária também concluiu nesta sessão a rolagem dos swaps que vencem na quinta-feira, rolando 95 por cento da oferta total.

O próximo lote de swaps vence em 3 de novembro e equivale a 10,278 bilhões de dólares.

Nesta sessão, o bom humor ganhou um impulso com a notícia de que o ministro da Defesa, Jacques Wagner, vai assumir a Casa Civil no lugar de Aloizio Mercadante, que irá para o Ministério da Educação, segundo fontes do governo. A decisão é tomada com a esperança de facilitar as relações com a base aliada no Congresso.

"A melhora no cenário político passa pela visão de que os vetos da presidente (Dilma Rousseff) podem ser aprovados pelo Congresso, e cresce a chance de a CPMF emplacar", disse o estrategista da corretora Coinvalores Paulo Celso Nepomuceno, referindo-se a medidas importantes do reequilíbrio das contas públicas brasileiras.

A queda do dólar nos mercados externos também corroborou o recuo da moeda norte-americana contra o real, em um dia de apetite por risco nos mercados globais. A moeda dos EUA recuou firmemente contra moedas como os pesos chileno e mexicano.

Pela manhã, as operações foram influenciadas ainda pela briga pela formação da Ptax, taxa calculada pelo BC que serve como referência para diversos contratos cambiais. Operadores costumam disputar no último pregão do mês para deslocar as cotações de forma a garantir uma taxa mais favorável a seus negócios. A taxa saiu a 3,9722 reais para compra e 3,9729 reais para venda.

Fonte: Reuters

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