Queda no PIB, inflação em alta, desemprego subindo.. quem foi???
Dólar passa a cair após BC admitir uso de reservas
Na VEJA.com:
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, deu uma sinalização um pouco mais clara a respeito do seu pensamento sobre o uso das reservas internacionais para conter a alta do dólar. “As reservas são um seguro. Pode e deve ser utilizado”, afirmou, nesta quinta-feira, durante uma entrevista que surpreendeu os jornalistas por não estar agendada. Após a declaração, a divisa, que chegou a bater 4,24 reais, passou a operar em queda e, por volta das 13h49, recuava 1,31%, a 4,09 reais.
Tombini concede poucas entrevistas à imprensa, mas aproveitou a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação nesta quinta, para deixar o seu recado para o mercado, que apresentava uma forte alta do dólar. Ele acrescentou que o BC vem atuando em algumas frentes, como a venda de swaps, que equivale à venda futura, cuja posição da instituição é de 100 bilhões de dólares ou cerca de 28% das reservas internacionais. “O instrumento é bastante útil e vem sendo reciclado. Temos visto isso nas nossas avaliações internas”, explicou.
Até então, o presidente vinha desconversando sobre o uso efetivo das reservas, dizendo que “certamente” nesse processo de tentar reduzir volatilidade todos os instrumentos estão à disposição do BC e que continuam no seu raio de ação num período à frente. “A atuação do BC deve ser no sentido de fazer com que os mercados funcionem. No Brasil, temos um mercado de câmbio flutuante. E expressa toda a sorte de variáveis econômicas e não econômicas e a lógica é a da flexibilidade da taxa de câmbio”, afirmou.
“Todos os instrumentos estão no raio de ação do BC, caso seja necessário à frente”, reforçou. Questionado sobre se sofre pressão do governo, além do mercado para usar as reservas, Tombini disse que não vê o BC limitado ou compelido a usar determinado instrumento.
O presidente do BC fez questão de frisar que trabalha em parceria com o Ministério da Fazenda e com o Tesouro Nacional para reduzir a volatilidade do mercado. “Ambas as instituições têm instrumentos adequados para fazer esse processo de retirada de volatilidade e ansiedade desses mercados”, disse.
Por Reinaldo Azevedo
Desemprego sobe para 7,6% em agosto, maior taxa desde 2009
Na VEJA.com:
O desemprego no Brasil segue em trajetória de alta. A taxa de desocupação em agosto subiu para 7,6%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. No mês anterior, o índice estava em 7,5% e há um ano em 5%. É o maior porcentual para o mês desde 2009, quando o país sentia os efeitos da crise global de 2008. Na ocasião, a taxa foi de 8,1%.
Segundo a instituição, o país já soma 1,9 milhão de desocupados, aqueles que de alguma forma procuraram vaga de emprego e não conseguiram encontrar no período. Em relação a igual mês do ano passado, esse porcentual cresceu 52,1%, o que representa um incremento de 636.000 pessoas a mais na fila do desemprego.
Já a população ocupada, calculada em 22,7 milhões de pessoas, caiu 1,8% em relação a agosto de 2014. Ou seja, em um intervalo de um ano, cerca de 415.000 pessoas perderam o trabalho ou se aposentaram.
A taxa de desemprego de 7,6% veio dentro da mediana esperada por analistas consultados pela agência Estado, que projetavam um índice entre 7,40% e 8% em agosto.
“O momento do mercado de trabalho é desfavorável. Não há geração de vagas no mercado de trabalho e a fila da desocupação está aumentando. Há uma perda de qualidade”, disse o coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo. “Além dos demitidos tem gente entrando no mercado para complementar a renda familiar”, completou.
O rendimento médio real dos trabalhadores, por sua vez, registrou um aumento de 0,5% em agosto ante julho. No entanto, em comparação com igual mês de 2014, o índice recuou 3,5%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, que é realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Na comparação anual, o IBGE verificou aumento nas taxas de desemprego em todas as seis regiões. A maior alta foi observada no Rio de Janeiro (71,6%) e a menor em Porto Alegre (24%).
No comparativo anual, os segmentos que mais tiveram perda de vagas foi a indústria, com baixa de 197.000 vagas, seguida pela construção, com redução de 120.000 vagas. Entre julho e agosto, os ramos de educação, saúde, administração pública e o de serviços domésticos puxaram o avanço do desemprego, com 10.000 vagas a menos de cada atividade.
O mercado de trabalho vem em contínua deterioração desde o final de 2014, somando-se à inflação, juros elevados e à economia em recessão que completam o quadro de crise econômica do país no momento atual.
Carlos Alberto Sardenberg: Quem foi?
Publicado no Globo
Quase todo mundo concorda: enviar ao Congresso um orçamento com déficit previsto para 2016 ─ no momento em que as agências de classificação de risco estavam de olho na capacidade do governo controlar suas contas ─ não foi apenas um erro. Foi monumental.
Por causa dessa manobra infeliz, o Brasil perdeu o grau de investimento na Standard & Poor’s e pode ser rebaixado também por outras agências. Ora, quanto tempo levaria para recuperar o grau de investimento?
Três anos, se o país fizer tudo certinho, rápido e ter bases econômicas boas; uma década se o rebaixamento o tiver apanhado em más condições gerais, inclusive políticas.
Tal é o resultado de pesquisa feita pela economista Julia Gottlieb, do departamento de estudos do Itaú.
O Brasil está no segundo grupo, pois cai no grau especulativo com dívida bruta passando dos 70% do PIB (deveria ser menos de 40%), inflação bem acima da meta e baixo nível de poupança.
Assim, o governo e as empresas brasileiras poderão ficar muitos anos pagando juros mais caros para obter financiamento externo e tendo acesso limitado aos mercados. Logo, menos investimentos, menos negócios, menos empregos.
Esse o tamanho do erro. O próprio governo o reconheceu e saiu com um programa empacotado às pressas para anunciar um superávit (duvidoso) para o ano que vem.
Ora, de quem foi a ideia original? Quem disse para a presidente Dilma que não teria nada demais apresentar um orçamento com déficit?
Sim, é importante saber, pois esse gênio não poderia continuar no governo.
Reparem: há um problema de credibilidade. As agências, os mercados, as pessoas desconfiam da sinceridade e da capacidade do governo em fazer o ajuste das contas. Se no cérebro (?) da administração tem um quadro que pensou tão errado ─ e continua lá ─ está claro que se perde ainda mais credibilidade.
Os primeiros suspeitos são os ministros Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Nelson Barbosa, do Planejamento. Todo mundo sabe que o ministro Joaquim Levy lutou contra essa mancada até o último momento.
Mas permanece nos meios econômicos e políticos uma ponta, enorme ponta de dúvida. E se a desastrada ideia tiver sido da própria presidente Dilma?
Dirão, que saia Dilma. Mas não é assim que cai uma presidente eleita.
Mas ficando, por quanto tempo for, a presidente ao menos deveria tentar recuperar sua capacidade de administrar a política econômica. Nesse caso, já está devendo duas desculpas: uma pelos estragos do primeiro mandato; outra pelo orçamento com déficit, mesmo que tenha sido ideia de outro. Ela pegou, não é mesmo?
Aliás, se ela não demitiu ninguém por causa disso, é um sinal. Talvez não tenha desejado cometer injustiças.
E se foi um auxiliar, não seria razoável esperar algo como, “Foi mal, desculpaí, já estou vazando”.
Buenos Aires
De um fim de semana na capital argentina: Nos caixas automáticos, não se pode sacar em dólares, só em pesos. Nos hotéis e restaurantes, também não há mais preços em dólares, apenas em pesos. E o pessoal não aceita pagamento em dólares, pelo menos não nos estabelecimentos formais.
Em resumo: tanto para pessoas como para empresas, é muito difícil comprar dólares, seja para pagar importações, seja para poupar ─ como antes faziam os argentinos.
Depois de anos de moratória, há escassez de dólares no país.
E tiveram mesmo que dificultar as compras de moeda estrangeiro pelos residentes. “Se não fosse assim, ninguém ficaria com os pesos”, conta um amigo.
Por outro lado, nesses locais que recebem estrangeiros, o pessoal explica: a cotação oficial é de 9,80 pesos por dólar, mas se você no “blue market“, troca o dólar por 15 pesos, 50% a mais! Isso barateia e muito a viagem.
Fui visitar uma loja de blue market numa galeria da Calle Posadas. Não tem placa na porta, mas todo mundo conhece. Um escritório pequeno, sala de espera apertada e outro cômodo estreito com o caixa ─ computadores e máquinas de contar dinheiro. Dólar a 15 pesos. Euro a 17,50.
Rotatividade enorme. Entra gente a cada minuto ─ na maioria , estrangeiros, mas também muitos argentinos.
Bom, se todo mundo sabe onde é, claro que a Policia Federal também sabe. Parece que deixam algumas dessas casas de câmbio para dar um certo alívio.
Na famosa feira de San Telmo, o dólar corre livre. Mas os negócios são desfavoráveis aos turistas. Os comerciantes recebem em dólar a 8,50 pesos e devolvem o troco em pesos. Baita negócio para eles, pois recebem o dólar abaixo da cotação oficial, a 8,50.
O ambiente é meio deprê. Muitas lojas e restaurantes fechados.
As lojas de vinho continuam ótimas. Na venda para estrangeiros, dão o tíquete para você para receber os impostos de volta ─ já que venda externa é livre de impostos.
Mas é preciso preencher um baita recibo e receber o dinheiro na loja da Receita no aeroporto. Avisam: vai com tempo que tem fila.
Chegamos domingo à noite ─ e não tinha fila. A Receita estava fechada.
Por Carlos Alberto Sardenberg, em O Globo
Banco Central prevê queda no PIB de 2,7% e inflação a 9,5% em 2015
Na VEJA.com:
Com o agravamento da crise econômica e a deterioração no quadro fiscal, o Banco Central piorou as suas projeções oficiais para a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2015. No Relatório Trimestral da Inflação, divulgado nesta quinta-feira, a instituição prevê que a atividade econômica vai encolher 2,7% neste ano, uma queda bem mais acentuada do que a estimada no boletim anterior, de 1,1%.
A projeção do PIB, que, se confirmada, será a maior desde 1990, quando recuou 4,35%, acompanha a revisão também para baixo do desempenho de praticamente todos os setores da economia, da indústria a comércio e serviços.
“A trajetória da atividade econômica interna segue repercutindo o impacto, sobre os mercados de trabalho e de crédito, do ajuste macroeconômico em curso no país”, diz o relatório. O BC ainda estimou uma piora no quadro da economia com o rebaixamento da nota de crédito do país pela agência Standard & Poor’s. “Deve-se ter em perspectiva que a recente reclassificação da dívida soberana brasileira por uma das principais agências de rating, afetando expectativas no curto prazo e custos no médio e longo prazos, implica custos maiores para os agentes econômicos e acrescenta prêmios de riscos que tornam mais lenta a recuperação da confiança e, consequentemente, a retomada de atividade.”
Inflação – O Banco Central também elevou a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), responsável por medir a inflação oficial, de 9% para 9,5%. Desta forma, a instituição reconhece que a inflação chegará a um patamar superior ao dobro do centro da meta definida pelo governo, de 4,5%.
Segundo o relatório, o BC está preocupado com a escalada do dólar, que tem potencial de pressionar ainda mais os preços, mas ainda prevê uma redução gradativa nos próximos meses até convergir para dentro do limite da meta (6,5%) no fim de 2016 como consequência da política monetária.
“Prospectivamente, ainda que a recente depreciação cambial represente risco relevante, o arrefecimento dos preços monitorados e os efeitos das ações de política monetária recentemente implementadas devem se traduzir em trajetória mais benigna dos preços ao consumidor, o que se reflete na redução da inflação projetada doze meses a frente e na expectativa para a inflação em 2016″, diz o documento.
Por Reinaldo Azevedo