Dólar desaba quase 4% e volta abaixo de R$ 4,00 nesta 5ª feira com ação de BC e Tesouro

Publicado em 24/09/2015 17:58

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar despencou quase 4 por cento e voltou abaixo de 4 reais nesta quinta-feira, sessão marcada por intensas ações do Banco Central, via seu presidente Alexandre Tombini, e do Tesouro Nacional, que aliviaram em parte os temores dos mercados financeiros.

O dólar recuou 3,73 por cento, a 3,9914 reais na venda, maior queda diária desde 24 de novembro de 2008 (-5,24 por cento). A moeda norte-americana subiu 2,48 por cento na máxima da sessão, a 4,2491 reais, e recuou 3,98 por cento na mínima, a 3,9810 reais.

O cupom cambial, que equivale ao custo em financiamento em dólares e influencia o custo das intervenções do BC, também registrou forte queda nesta sessão, segundo operadores.

"O BC mostrou por A + B que está monitorando o mercado, que tem poder de fogo para agir e que não está satisfeito com essa pressão toda", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Tombini, em uma aparição surpresa na apresentação do Relatório Trimestral de Inflação, afirmou que "certamente todos os instrumentos estão à disposição do BC", em resposta a questionamento sobre o uso das reservas cambiais diretamente no mercado de câmbio. "Em relação às reservas internacionais, são um seguro. Pode e deve ser utilizado" afirmou ele, acrescentado que o BC vem atuando em algumas frentes, como a venda de swaps cambiais, que têm sido bastante úteis.

A declaração arrancou o dólar das máximas do dia e novos níveis recordes, quando deu continuidade ao avanço das cinco sessões anteriores diante de preocupações com a situação política e econômica no Brasil. No fim da sessão, o bom humor ganhou mais um impulso com o anúncio de um programa de leilões de venda e compra de títulos pelo Tesouro Nacional.

Segundo operadores, a fala de Tombini e a ação do Tesouro deixam evidente que o governo avalia que a intensa pressão sentida nos mercados financeiros nas últimas semanas levou o mercado a agir de maneira irracional. Operadores que pediram para não se identificar descreveram o movimento recente como "disfuncional", "exagerado", "especulativo" e "psicológico".

"O mercado ficou preso em um círculo vicioso de baixa confiança. Hoje, o BC parece ter conseguido interromper esse movimento no grito, mas se isso voltar, pode ser que tenha que agir de forma concreta", disse um deles.

Uma fonte da equipe econômica afirmou à Reuters na véspera que fazer leilões de dólares no mercado à vista é uma estratégia que não está na mesa neste momento.

Na sessão passada, o BC já havia intensificado a intervenção no câmbio ao realizar dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra e um leilão de novos swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, além de anunciar para esta quinta-feira outro leilão de novos swaps, na qual vendeu a oferta total de até 20 mil contratos.

Além disso, o BC vendeu a oferta total de até 9,45 mil swaps cambiais para rolagem dos contratos que vencem em outubro. Ao todo, já rolou o equivalente a 7,621 bilhões de dólares, ou cerca de 80 por cento do lote total, que corresponde a 9,458 bilhões de dólares.

A moeda norte-americana tem sido pressionada pela deterioração das contas públicas do Brasil e pelas turbulências políticas. Investidores temem que o país perca seu selo de bom pagador por outras agências de classificação de risco além da Standard & Poor's.

Também ajudou nesta sessão a melhora no mercado externo, com outras moedas emergentes também passando a cair, como os pesos chileno e mexicano.

(Reportagem adicional de Flavia Bohone)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Arthur Lira acena para avanço de projetos sobre “Reciprocidade Ambiental”
CMN amplia prazo para vencimento de crédito rural em cidades do RS atingidas por chuvas
Ibovespa fecha em alta à espera de pacote fiscal; Brava Energia dispara
Macron e Biden dizem que acordo de cessar-fogo no Líbano permitirá retorno da calma
Fed cita volatilidade e dúvidas sobre taxa neutra como motivos para ir devagar com cortes, diz ata
Gabinete de segurança de Israel aprova acordo de cessar-fogo com o Líbano
undefined