Reforma ministerial pode ficar para semana que vem, diz Temer

Publicado em 24/09/2015 07:35

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou na noite desta quarta-feira que a reforma administrativa e ministerial do governo poderá ficar para a semana que vem, após a volta da presidente Dilma Rousseff ao país.

"Existe a possibilidade de a reforma ficar sim para depois da volta da presidente", disse Temer a jornalistas. Dilma viaja aos Estados Unidos na quinta-feira para participar da 70ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas e só volta ao Brasil na próxima terça.

O governo federal não definiu ainda se a reforma ministerial será anunciada na quinta-feira, como programado inicialmente, porque líderes da base aliada, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriram à presidente que conversasse com todos os partidos para aparar arestas antes do anúncio, segundo fontes do Palácio do Planalto.

Lula passou a maior parte do dia com a presidente no Palácio do Alvorada. De acordo com fontes palacianas que assistiram à conversa, o ex-presidente disse a Dilma que ela deveria ouvir o vice-presidente Temer mais uma vez, o presidente do Senado, Renan Calheiros, as bancadas do PT na Câmara e no Senado e também os movimentos sociais para tentar evitar atritos. Apesar de Dilma ter passado o dia em conversas no Alvorada, até o início da noite desta quarta-feira o xadrez da reforma ministerial ainda não estava fechado.

Pela manhã, a presidente recebeu o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, que levou a ela as indicações da bancada para os ministérios da Saúde e da futura pasta de Infraestrutura, que deverá unir Aviação Civil e Portos.

Dilma ofereceu duas pastas ao PMDB da Câmara, em uma tentativa de aproximação com Picciani, mas a intenção era manter o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, na Infraestrutura. No entanto, ouviu do deputado que o ministro gaúcho não representa o PMDB na Câmara, segundo fontes ligadas a Temer.

Fonte próxima ao vice-presidente disse também à Reuters que Dilma tenta resolver a situação de Elder Barbalho, que perderá o Ministério da Pesca, situação que irritou seu pai, o senador Jader Barbalho (PMDB), que apoiou Dilma quando Renan Calheiros se afastou do governo. A presidente foi avisada por Temer do incômodo do senador e prometeu que resolverá a situação.

Dilma desiste de pasta para Infraestrutura e PMDB deve ficar com seis ministérios

 

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Em troca de garantir um maior apoio do PMDB, a presidente Dilma Rousseff deve desistir da criação do Ministério da Infraestrutura, que reuniria Aviação Civil e Portos, e deixar as duas pastas nas mãos do partido, garantindo à legenda seis vagas no primeiro escalão do governo.

Depois de diversas reuniões ao longo da quarta-feira, o vice-presidente Michel Temer confirmou a jornalistas que “provavelmente” o PMDB ficaria com seis ministérios, um a mais do que o planejado inicialmente por Dilma e apenas um a menos do que o atual desenho do ministério.

O xadrez da composição política da reforma ministerial ainda não está fechado e, ao contrário do previsto inicialmente, a presidente deve embarcar para Nova York nesta quinta-feira sem anunciar o formato e os nomes do novo ministério, segundo Temer.

"Existe a possibilidade da reforma ficar sim para depois da volta da presidente", disse o vice-presidente.

Fontes do Palácio do Planalto informaram à Reuters que a decisão de anunciar a reforma ainda dependia de conversas que Dilma estaria tocando pessoalmente, mas os ministros do PMDB foram informados que dificilmente o anúncio será feito antes da viagem da presidente.

A reorganização do espaço do PMDB e também do PT ocupou a maior parte do dia da presidente na quarta-feira. A intenção do governo é reorganizar o ministério para trazer o PMDB novamente para dentro da coalizão política, de acordo com um ministro palaciano.

Alijado de algumas das decisões mais importantes, como a recriação da CPMF, o partido ensaiava abandonar o governo. Prestes a enfrentar mais uma rodada de votações duras no Congresso, com as novas medidas de ajuste fiscal, a presidente reconheceu a necessidade de tentar unir a maior parte do PMDB com o governo.

Logo pela manhã, Dilma recebeu o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que foi entregar os nomes de indicados pela bancada para duas vagas: o Ministério da Saúde, que Dilma já havia oferecido ao partido, e a nova pasta de Infraestrutura, que reuniria Aviação Civil, hoje nas mãos de Eliseu Padilha, e Portos, com o também peemedebista Edinho Araújo.

Dilma, que ofereceu as duas pastas ao PMDB da Câmara em uma tentativa de aproximação com Picciani, informou ao deputado que planejava manter Padilha no comando da nova pasta, mas ouviu que os deputados do partido não se consideravam representados pelo ministro gaúcho, indicado inicialmente por Temer.

Ao consultar seu vice-presidente, Dilma ouviu que ele não faria objeção e nem interferiria nos desejos da bancada na Câmara, mas a presidente reafirmou o desejo de manter Padilha, considerado essencial para a articulação política do governo.

De acordo com fontes próximas a Temer, o vice-presidente preferiu chamar a atenção de Dilma para outro problema que seria criado com a reforma. O ministro da Pesca, Helder Barbalho, perderia o cargo na reforma e seu pai, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), estava bastante irritado com a situação. Jader cobrava o apoio dado ao governo quando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ensaiou um afastamento do Palácio do Planalto.

Até o final da noite de quarta-feira, a solução encontrada pelo Planalto foi desistir da criação da pasta de Infraestrutura, mantendo assim Padilha na Aviação Civil e deslocando Helder Barbalho para Portos.

Para a Saúde, Dilma deve indicar Marcelo Castro (PMDB-PI) ou Manoel Junior (PMDB-PB), nomes levados a ela pela bancada peemedebista na Câmara, que deverá manter ainda Henrique Eduardo Alves no Ministério do Turismo. O partido ficaria ainda com os senadores Eduardo Braga em Minas e Energia e Kátia Abreu na Agricultura.

Temer reuniu em seu gabinete à noite Padilha, Jader Barbalho, Helder Barbalho e Henrique Eduardo Alves. Os peemebistas saíram visivelmente satisfeitos do encontro, mas ainda aguardavam a decisão final da presidente.

Dilma embarca nesta quinta-feira para Nova York, onde participa da 70ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, e só deve retornar ao Brasil na próxima terça-feira.

Fonte: Reuters

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