PT diz que recriação da CPMF é "positiva", mas critica falta de diálogo do governo

Publicado em 18/09/2015 10:30
Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - O PT avaliou como "positiva" a recriação da CPMF, proposta pelo governo da presidente Dilma Rousseff, ao mesmo tempo que criticou a falta de diálogo do governo ao definir as medidas de reequilíbrio fiscal anunciadas nesta semana, entre elas a recriação do tributo sobre movimentações financeiras.

"Como em outras ocasiões, faltou ao governo diálogo prévio e comunicação mais eficiente", disse o PT em resolução divulgada após reunião da Executiva do partido em São Paulo nesta quinta-feira.

O partido defendeu ainda que a proposta de recriação da CPMF, que será enviada pelo governo ao Congresso, seja modificada no Congresso para incluir uma faixa de isenção no tributo a ser analisada em conjunto com técnicos do governo.

A resolução petista também manifestou um "firme e decidido" apoio ao mandato de Dilma e criticou o que chamou de "escalada golpista", em meio a movimentos da oposição em busca do impeachment da presidente.

“O PT luta para superar o atual clima político deteriorado, o qual coloca graves obstáculos à governabilidade e à recuperação do crescimento econômico, dissemina a insegurança, o pessimismo, a intolerância e o ódio político, bem como envenena a democracia do país, duramente conquistada com a luta incansável do povo brasileiro”, diz o documento.

“O PT está convicto de que, com a continuidade do nosso projeto – e não por meio de concessões às políticas de austeridade antipopulares – será possível suplantar os obstáculos atuais.”

Dilma reúne ministros petistas e pede que defendam medidas de ajuste

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff reuniu na tarde desta quinta-feira os ministros petistas de seu governo para cobrar apoio e compromisso do partido com o pacote de medidas apresentado esta semana, na primeira de uma série de reuniões que pretende fazer com seus auxiliares, de todos os partidos.

No encontro, em que só não estava o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, a presidente afirmou que todos precisam entender a gravidade da situação e apoiar as medidas incondicionalmente, atuando no Congresso para ajudar a aprovar as propostas enviadas, de acordo com um dos ministros presentes ao encontro.

Dilma reconheceu que há dificuldades na tramitação das medidas, que dependem, em sua maioria, de aprovação parlamentar, mas pediu empenho de todos nas negociações.

Na manhã desta quinta, Dilma e os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e das Comunicações, Ricardo Berzoini – que tem feito a articulação política – reuniram-se novamente com 10 líderes da base aliada na Câmara.

O relato de parlamentares presentes ao encontro é de que, apesar das dificuldades de aprovar as medidas como estão, especialmente a recriação da CPMF, o governo não pretende mexer no pacote. 

Quaisquer alterações, ouviram os deputados, deverão ser feitas em negociações no Congresso, mesmo que os textos ainda não estejam prontos e sequer tenham chegado à Casa Civil para serem despachados à Câmara dos Deputados.

LULA

Na tarde desta quinta, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a Brasília para o primeiro encontro com Dilma depois do anúncio do pacote de medidas econômicas – sobre o qual só teve os detalhes por um telefonema de Dilma quando os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, já o apresentavam no Palácio do Planalto.

Antes do encontro com a presidente, Lula chamou parlamentares petistas dos quais é próximo para ouvir relatos da real situação do governo no Congresso. Ouviu que a situação é difícil e, hoje, há poucas chances de que as medidas sejam aprovadas como desejado.

A base, informou um deputado, está esfacelada e o governo precisa tentar recuperar apoios e melhorar a articulação política – o que a presidente planejaria fazer com as mudanças previstas na reforma administrativa, que será anunciada na semana que vem.

Apesar de ter críticas ao pacote, o ex-presidente garantiu a parlamentares que defenderá as medidas e cobrará apoio de seu partido. A avaliação de Lula, segundo o deputado que pediu para não ser identificado, é que a situação do governo está muito difícil para que diferenças internas sejam escancaradas em público. Outras medidas, como incentivo ao crédito, poderiam ser deixadas para depois.

Lula foi para o Palácio da Alvorada no início da noite desta quinta-feira e ficou mais de três horas com a presidente.

Depois, o ex-presidente teria um jantar com os ministros mais próximos – entre eles, Jaques Wagner, da Defesa; Carlos Gabas, da Previdência; Ricardo Berzoini, das Comunicações; e Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

América Latina está menos preparada para choques externos do que em 2008, diz FMI

Por Mitra Taj

LIMA (Reuters) - A América Latina está numa posição mais frágil agora para responder a choques econômicos externos do que em 2008, no auge da crise financeira, por causa do aumento da dívida e da queda no potencial de crescimento, disse uma autoridade do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quinta-feira.

Alejandro Werner, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, afirmou que a depreciação das moedas ajudaria nas exportações da região e provavelmente compensaria os efeitos das futuras altas nas taxas de juros.

Os países latino-americanos, fortemente dependentes das exportações de commodities, se recuperaram da crise financeira com a ajuda da forte demanda da China e estímulo dos Estados Unidos.

A atenção está agora sobre os fundamentos das economias latino-americanas, disse Werner, nos bastidores de um evento do FMI em Lima, que deve receber também reuniões do FMI e do Banco Mundial em outubro.

"É uma situação mais difícil e, portanto, os países devem ter cuidado com a forma como reagem a esse cenário", afirmou ele.

Werner disse que Brasil, México e Colômbia devem consolidar suas recentes reformas, enquanto Chile e Peru devem continuar a aumentar gradualmente os gastos de estímulo.

Werner declarou ainda que o FMI deve anunciar uma estimativa mais baixa para o crescimento econômico de 2015 na América Latina e no Caribe no próximo mês. Em julho, o FMI previu uma expansão de 0,5 por cento.

Perguntado se o crescimento regional em 2015 ainda seria positivo, Werner respondeu: "Temos que ver, nós estamos trabalhando nisso."

"Está muito claro que houve algumas notícias negativas e não muitas notícias positivas", disse ele, acrescentando que o FMI também está revisando sua estimativa para o crescimento a médio prazo da região.

Fonte: Reuters

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