Governo deve agir rápido para evitar novo rebaixamento, dizem economistas

Publicado em 14/09/2015 08:37
em veja.com

O rebaixamento da nota de crédito pela agência de risco Standard & Poor's (S&P) atiçou um senso de urgência na área econômica. Não importa a corrente de pensamento, existe um consenso entre os economistas de que a situação das finanças do país chegou a um ponto crítico. Mais do que tomar medidas para reverter o rebaixamento já feito pela S&P, a prioridade agora é evitar que Moody's e Fitch, as duas outras agências de referência global, tabém retirem o grau de investimento do Brasil.

"Foi inadmissível mandar para o Congresso o Orçamento do ano que vem com um rombo e agora o governo deve deixar claro que está comprometido com o cumprimento da meta de superávit primário do próximo ano, fixada em 0,7%. Vai doer, mas não tem jeito", diz o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas. Para o mercado, é essencial que os ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, mostrem sintonia.

Numa outra frente, entende-se que é preciso iniciar um ajuste fiscal estrutural, de longo prazo. "O governo precisa reorganizar a base política e votar uma série de reformas que influenciariam o cenário das contas públicas no longo prazo", diz o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas.

Na avaliação dele, a lista incluiria promover uma nova rodada da reforma da Previdência para rever a idade de aposentadoria discutir e redefinir o piso de programas de assistência. "Não é justo que o piso da Previdência, de quem sempre contribuiu com o sistema, seja igual ao piso da assistência social", diz Almeida. Ele também defende o fim das chamadas vinculações (verbas carimbadas) para áreas como saúde e educação, ou ao menos a revisão das regras. "A vinculação é feita em relação ao ano anterior: em anos que há um grande crescimento da receita, seguida de queda, isso cria problemas."

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Em queda

De acordo aos números da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), as vendas de papel ondulado – excelente indicador da atividade economia – em agosto caíram 6,3% em relação ao mesmo mês de 2014. Fácil inferir a partir daí que em plena época de encomendas para o fim de ano, o desânimo tomou conta do mercado.

Por Lauro Jardim

Pancada pesada

Construção: impacto no desemprego

construção pesada, área por excelência da Lava-Jato, concentra 2% do total dos empregos no Brasil. Só que entre junho de 2014 e junho deste ano, de um total de 730 000 brasileiros que perderam o emprego, 175 000 foram na construção pesada – ou seja, 24% do total.

Resumo da opera: as demissões do período estão fortemente concentradas no setor.

Por Lauro Jardim

Vai cair

Dilma: nova avaliação

O Ibope vai a campo dentro de dez dias para uma nova rodada de avaliação da popularidade deDilma Rousseff, numa pesquisa encomendada pela CNI.

Na última, feita no final de junho, sua aprovação era de magros 9%. Deve ter emagrecido mais. Depois de Michel Temer afirmar que Dilma não chega ao fim do mandato com esses níveis de aprovação, os números tenderão a parecer ainda piores.

Por Lauro Jardim

Mais tributação

Equipe econômica quer mais tributos

equipe econômica estuda tributar as hoje isentas LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Estima que poderia arrecadar entre cinco bilhões e dez bilhões de reais em 2016.

Por Lauro Jardim

 

Criador e criatura

Lula alertou sobre impeachment e Lava-Jato

Em relato que fez a interlocutores próximos, Lula definiu como “ruim” a sua última conversa particular com Dilma Rousseff, ocorrida na sexta-feira, 4. “Eu comecei pesado”, reconheceu Lula sobre o encontro.

Neste início, Lula criticou asperamente a articulação política e econômica do governo. E reclamou muito de Aloizio Mercadante, José Eduardo Cardozo e Joaquim Levy.

“Dilma, nós estamos f…”, disse Lula, segundo o seu relato. Lula falou da possibilidade real de impeachment e de que as investigações da Lava-Jato cheguem nele.

Lula voltou a defender o entendimento com Michel Temer: “um acordo que acabe com o namoro do PMDB com o impeachment” e criticou os cortes nos programas sociais.

Mas reconheceu que Dilma não tem condições de demitir Levy, “assim como eu não podia tirar o (Henrique) Meirelles”.

Por Lauro Jardim

 

Governo anuncia corte de gastos e aumento de impostos; vai se indispor com os brasileiros de A a Z

Que coisa, né? O governo se propõe agora a fazer com a faca no pescoço o que poderia ter feito antes, orientado por planejamento e método. O Planalto deve começar a anunciar nesta segunda as medidas que pretende adotar para zerar o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento de 2016 e, ora vejam, resgatar a proposta de fazer um superávit de 0,7% do PIB.

O desespero bateu depois que a agência Standard & Poor’s rebaixou a nota do país, passando-o para a categoria de grau especulativo, e a de mais um penca de empresas, muito especialmente da Petrobras, que caiu dois degraus de uma vez só e hoje tem uma nota inferior à do próprio país.

Tão logo houve o rebaixamento, o mundo político começou a debater abertamente o cenário pós-Dilma, expressando a certeza, que se generaliza mesmo entre petistas, de que a presidente não conclui o mandato porque, para repetir os termos de nota da Fiesp e da Firjan, “o governo não governa”.

Dilma se reuniu com ministros no sábado e no domingo. Ontem, definiu o valor do corte do Orçamento: pode chegar a R$ 22 bilhões, e já há um consenso de que não haverá como poupar os chamados gastos sociais. Nesta segunda, começam a ser detalhadas as medidas. A maior parte da economia virá das despesas discricionárias, definidas segundo as prioridades e escolhas do governo. Mas também as obrigatórias — Previdência e salário do funcionalismo, por exemplo — terão de ser contidas.

O desembolso com servidores, diga-se, pode virar foco de tensão. A Fazenda defende o reajuste zero, o que significaria uma redução de R$ 15 bilhões na despesa. Dilma ainda não decidiu. A CUT, braço sindical do PT e adversária do ajuste fiscal, comanda a quase totalidade dos sindicados de servidores federais.

A economia máxima que se faria com os cortes chega a R$ 22 bilhões, ainda inferior ao déficit previsto, de R$ 30,5 bilhões. Considerando que o Planalto agora diz que pretende fazer o superávit de 0,7% do PIB, o resto sairia da elevação de impostos — e ainda não se sabe de quais. A recriação da CPMF votou a frequentar o debate. Também está no cardápio a elevação do Imposto de Renda.

Ajuda ou atrapalha?
O governo está tentando fazer do limão uma limonada e do seu erro crasso uma janela de oportunidades. A que me refiro? Há em Brasília quem ache que o corte da nota, decidido pela S&P, acabou sendo positivo porque demonstrou ao Congresso a gravidade da situação econômica, o que facilitaria a aprovação de medidas duras. Não por acaso, o governo pretende negociar previamente com Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), respectivamente presidentes do Senado e da Câmara, a sua pauta de elevação de impostos.

Digamos que isso possa fazer algum sentido. A questão é saber se será eficaz para fortalecer o governo. Há um risco nada pequeno de as medidas provocarem uma indisposição generalizada. O corte de R$ 22 bilhões tende a afetar interesses da base petista, os grupelhos de esquerda que aparelham os ditos programas sociais e que ameaçam se rebelar no caso de cortes. Reajuste zero ou ínfimo para o funcionalismo federal é, como se sabe, uma convite à greve.

A elevação de impostos, por seu turno, tenderá a inflamar ainda mais amplas camadas da população que gritam abertamente nas ruas o “Fora Dilma”. A esta altura, já nem se trata de debater se houve ou não estelionato eleitoral, o que está evidenciado. É que ficará patente que o setor produtivo da sociedade terá de arcar com o peso do descontrole do governo.

Com a popularidade na casa de um dígito, Dilma terá dificuldade de fazer o Congresso se engajar em medidas cuja impopularidade é de amplíssimo espectro, indo de A a Z. Mais: o governo também pretende rever desonerações que ainda estão em curso, o que contribuirá para criar dificuldades adicionais com o empresariado.

Num primeiro momento, pode até ser que se perceba uma redução da tensão, com o mercado reagindo bem ao anúncio das medidas, mas  o alívio tende a ser passageiro. Bastará que as ações comecem a ter efeitos sociais e políticos, e elas terão, e tudo volta a azedar.

Dilma chegou ao ponto em que nenhuma resposta é boa. E isso só acontece quando um governante já passou do ponto.

Por Reinaldo Azevedo

Fonte: Veja.com

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