Lula ataca ajuste fiscal e diz que agências de risco querem 'arrocho' e desemprego

Publicado em 11/09/2015 07:33

Em visita a Buenos Aires, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira (10), que o rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor’s (S&P) é um sinal de que as agências de classificação de risco querem "mais arrocho".

Lula discursou no Congresso Internacional de Responsabilidade Social, diante de integrantes do governo da presidente Cristina Kirchner, acadêmicos e empresários, um dia após a agência tirar do Brasil o grau de investimento, ou seja, o selo de bom pagador, e incluí-lo entre os países de grau especulativo.

"Eles têm facilidade para tomar medidas quando a dor de barriga é na América Latina", disse o petista, ao citar a decisão da S&P, que, segundo ele, "não significa nada" e deveria estimular os países a não fazer o que essas agências querem.

"Porque, quando eles diminuem (a nota), vem a (queda na) receita, mais arrocho, mais ajuste, mais desemprego, mais corte de gastos, mais não sei o quê. Não vem nunca mais educação, mais profissionalismo, mais investimento. Não vem", afirmou.

Mas, em 2008, durante seu governo, quando o Brasil recebeu o grau de investimento pela S&P, Lula chamou o feito de "vantagem extraordinária neste mundo globalizado".

Nesta quinta, Lula disse ainda que as agências "não têm coragem de diminuir nota de nenhum país" europeu, apesar de "todo mundo saber quantos países da Europa estão quebrados".

Leia a notícia na íntegra no site G1.

Selo de bom pagador, que Lula celebrou em 2008, agora 'não significa nada'

Em 30 de abril de 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a elevação da nota de crédito do Brasil como o atestado de que, finalmente, o país era reconhecido como um "país sério". Naquela data, a agência Standard & Poor's colocou o Brasil na relação das economias com grau de investimento, ou investment grade, aquelas consideradas como boas pagadoras por credores mundo afora.

Nesta quinta-feira, Lula afirmou, em declaração dada na Argentina, que o rebaixamento "não significa nada". "Significa apenas que a gente não pode fazer o que eles querem", disse o ex-presidente. Na mesma linha manifestaram-se governistas como o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara. "Mesmo com esse rebaixamento, o Brasil ainda mantém um alto grau de investimento (sic). Se compararmos o grau de investimento externo (sic) no Brasil de Dilma, mesmo com o Lula e com o governo FHC, é muito superior", declarou o deputado.

A entrelinha do argumento é que as agências de classificação de risco erram muito, e erraram ao não antever a crise do sistema hipotecário dos Estados Unidos - que teve como grande marco a quebra do Lehman Brothers, ocorrida no dia 15 de setembro de 2008 (o mesmo ano da elevação da nota do Brasil). De fato, as agências erraram. E erram. Isso não significa que suas avaliações não sirvam como termômetro para investidores, credores, analistas e economistas. Dar de ombros para a avaliação feita pelas agências de rating não livra o país das consequências práticas de suas notas.

Leia a notícia na íntegra no site Veja.com

Fonte: G1 + Veja.com

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Consumo nos Lares Brasileiros encerra primeiro semestre em alta de 2,29%, aponta ABRAS
Wall Street opera misto enquanto investidores avaliam dados do PIB após perdas em tecnologia
Arrecadação federal fica acima do esperado em junho e tem alta real de 11,02%
IPCA-15 foi de 0,30% em julho
IPCA-15 sobe mais que o esperado em julho e taxa em 12 meses fica perto do teto da meta
Wall Street abre com pouca variação após dados fortes do PIB