Ainda não somos uma Grécia, mas estamos fazendo o possível para chegar lá

Publicado em 01/09/2015 19:36
por Leandro Narloch, + VEJA.com + BLOGS

Dólar fecha a R$ 3,68 (Brasil, mau pagador?)

O dólar subiu mais de 1,5% nesta terça-feira e fechou encostado em 3,70 reais, refletindo a aversão ao risco no exterior e o nervosismo com a possibilidade de o Brasil perder o selo de bom pagador diante da deterioração das contas públicas. No fim da sessão, o dólar terminou em alta de 1,68%, a 3,6880 reais na venda, após encerrar agosto com alta de 5,91% e acumular no ano valorização de 36%. Trata-se do maior nível de fechamento desde 13 de dezembro de 2002 (3,735 reais). Na máxima do dia, a divisa americana alcançou 3,7048 reais.

A atividade no setor industrial da China encolheu à taxa mais forte em ao menos três anos em agosto, mostrou o índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial. Preocupações com a economia chinesa, referência para investidores em mercados emergentes e importante parceiro comercial do Brasil, têm provocado apreensão nos mercados globais. “Se agosto foi ruim, setembro começa tão mal quanto”, escreveu em nota a cliente o operador da corretora SLW João Paulo De Gracia Corrêa.

No Brasil, o mercado demonstrava cada vez mais nervosismo sobre a perspectiva de perda do selo de bom pagador do país diante da deterioração das contas públicas do país. “O mercado está apostando que o grau de investimento cai até o fim do ano”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Em relatório intitulado “Admitindo a Derrota”, a estrategista para a América Latina do grupo financeiro Jefferies, Siobhan Morden, afirmou que, ao admitir déficit primário de 30,5 bilhões de reais para o ano que vem, o governo “completamente paralisa o processo de ajuste”. Ela ressaltou ainda que eventual saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do governo não seria mais uma surpresa tão grande quanto há alguns meses.

“É provável que o dólar volte a ficar mais tranquilo no futuro, mas nos próximos dias eu não vejo motivo nenhum para (a moeda dos EUA) parar de subir”, afirmou o operador da corretora Intercam Glauber Romano, que preferiu não arriscar um teto para a moeda.

 

Dólar: muito chão pela frente?

 

Dólar: valorização

O dólar fechou hoje a 3,686 reais, a maior alta desde 13 de dezembro de 2002, finalzinho do governo FHC.

Mas como diz, com fina ironia, um executivo bem posicionado, há ainda muito chão pela frente: reajustado esses 3,686 reais seriam hoje algo como 7 reais.

Por Lauro Jardim

 

Queda de 4%

Vendas desaquecem em agosto

Depois de uma leve recuperação em julho (leia mais aqui), o mercado automobilísticoencolheu 4% em agosto. Do início do mês até ontem foram vendidos 200 174 carros no país, média de 9 532 emplacamentos diários, ante os 207 669 vendidos no mês anterior.

Na contramão do mercado, a líder Fiat vendeu 36 047 unidades em agosto, um crescimento marginal de 201 carros em relação a julho. Volkswagen, com 28 354 emplacamentos, e GM, com 26 912, diminuíram as vendas em 4,5% e 7,5%, respectivamente.

Numa comparação entre janeiro e agosto de 2015 e o mesmo período no ano passado, as vendas caíram 18%.

Por Lauro Jardim

 

Pela primeira vez no governo Dilma, cai o consumo de energia domiciliar

A crise nas residências

Entre janeiro e julho, de acordo com dados do governo, o consumo de energia teve uma retração de 1,4% no Brasil, em comparação ao mesmo período de 2014.
 
 
Na indústria, uma queda nada surpreendente de 4%. A novidade (ruim) foi o consumo residencial. Caiu 0,5% no período.
 
 
É a primeira vez que o setor residencial apresenta um índice negativo de consumo no governo Dilma, sinal inconteste da recessão e do tarifaço.

Por Lauro Jardim

 

Medo de vaia

Dilma não foi à cidade de Eunício

A agenda de Dilma na sexta-feira, quando ela foi ao Ceará, mostra quão delicada é a situação da popularidade da presidente.

No início da semana passada, Eunício estava todo pimpão espalhando por aí que Dilma iria a Lavras de Mangabeira, sua cidade (leia mais aqui), na sexta-feira.

Só que a agenda, cogitada para colocar Dilma em contato com o principal perfil de eleitores que a elegeu, nunca chegou a ser confirmada.

Acabou sendo deixada de lado por dois motivos.

Primeiro, porque a passagem de Dilma pelo Ceará ficaria muito extensa. E segundo e principalmente por isso: porque Eunício deduziu a partir de uma pesquisa (leia mais aqui) que a popularidade de Dilma esfarelou por lá.

Ao pesar custos e benefícios, diante da pesquisa, Dilma ir a Lavras passou a ser arriscado para Dilma e para Eunício.

Ela poderia ser vaiada no interior do Nordeste, até outro dia terra que consagrou quatro vitórias eleitorais ao PT.

Eunício idem, por estar ao lado de uma presidente que nem em uma pacata cidade do interior do Nordeste pode ir em paz.

Por Lauro Jardim

 

Estranho no ninho

Cara de paisagem

A cada dia que passa, Joaquim Levy aparece nas fotos como se estivesse se perguntando:

- O que é que eu estou fazendo aqui?

As duas fotos que ilustram esta nota foram feitas ontem.

Levy e Nelson Barbosa

Por Lauro Jardim

Ainda não somos uma Grécia, mas estamos fazendo o possível para chegar lá

Seis fatos impressionantes sobre a dívida pública, POR LEANDRO NARLOCH

1. O tamanho do problema. O governo deve um belo trocado – cerca de R$ 2,6 trilhões. É como se cada brasileiro nascesse devendo R$ 13 mil.

2. O custo da dívida é quatro vezes maior que o do Ministério da Educação. Entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2015, a dívida custou, só de juros, R$ 343 bilhões; o Ministério da Educação recebeu R$ 79,7 bilhões.

3. O Brasil não paga, só rola a dívida. Apesar desses números assombrosos, o governo gasta bem menos com a dívida, pois faz novos empréstimos para pagar os títulos que estão vencendo. Ou seja: paga a fatura do Visa emprestando do Mastercard. Não é uma atitude exatamente sustentável.

4. Um aumento de 0,5% da Selic custa pelo menos R$ 30 bilhões. De acordo com o economista Yoshiaki Nakano, toda vez que o Copom resolve aumentar a taxa de juros em 0,5%, a dívida pública fica R$ 30 bilhões mais cara. Todo esse custo leva políticos descuidados a defender um corte drástico da Selic. O governo tem todo o poder de fazer isso – difícil é convencer os investidores a emprestar a um mau pagador com juros baixos.

5. O BNDES nos levou ao ajuste fiscal. Em 2014, o governo aumentou a dívida brasileira em R$ 60 bilhões. Um terço desse dinheiro foi destinado a empréstimos do BNDES. Até 2018, o subsídio aos empréstimos do banco vai custar pelo menos R$ 79 bilhões. Sem o BNDES, o ajuste fiscal de 2015 poderia ser bem mais leve e talvez nem fosse necessário.

6. O Brasil já deu nove calotes em sua história. No livro Desta Vez é Diferente – oito séculos de loucura financeira, os economistas Carmen M. Reinhart e Kenneth S. Rogoff contaram nove ocasiões em que o Brasil deixou credores internacionais na mão. O primeiro calote foi em 1828; o último, em 1990. Será que desta vez vai ser diferente?

@lnarloch

 

Fonte: veja.com

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