Retomada econômica do país só deve acontecer em 2017, admite governo

Publicado em 01/09/2015 07:09

Com atraso de pelo menos três anos, o governo falou, nesta segunda-feira, com realismo dos números do Orçamento e admitiu que uma "questão fiscal", não uma crise externa, atingiu o país. A mudança no tom e no discurso ocorrem num momento em que não há outras alternativas no cardápio para reavivar a economia, e empreender cortes mais profundos nos gastos se mostra uma tarefa praticamente impossível, diante de uma base aliada completamente desarticulada. "Não é uma questão externa, e sim uma questão fiscal que atinge o Brasil hoje", disse o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

Ao anunciar uma previsão de déficit de 30,5 bilhões de reais para o ano que vem, o governo também reconheceu que 2016 deverá ser um ano difícil. "Uma retomada mais acelerada da economia deve ocorrer em 2017, não mais em 2016", afirmou Nelson Barbosa, ministro do Planejamento. Para 2016, o governo prevê crescimento de 0,2% (ainda que o mercado vislumbre recessão), e de 1,7% para 2017.

Também demorará dois anos, segundo o governo, para que o país consiga fazer um superávit primário. Depois de um déficit de 0,34% do PIB para o setor público no ano que vem, um resultado positivo só é esperado para 2017, com uma meta de 1,3%. Também neste mesmo ano, a dívida bruta deve alcançar 68,8% do PIB, e só deve começar a se estabilizar em 2018 -- cenário já esperado segundo a última versão do relatório de programação orçamentária.

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Dilma pede ajuda a deputados para reduzir rombo fiscal

Depois de apresentar a proposta de Orçamento para 2016 com previsão de déficit de 30,5 bilhões de reais, a presidente Dilma Rousseff se reuniu na noite desta segunda-feira com líderes da base aliada na Câmara para pedir apoio ao projeto orçamentário e ajuda na busca por saídas para o rombo nas contas públicas. Dilma também mostrou disposição em ir ao Congresso para defender a proposta, mas a data da visita ainda não foi marcada.

No encontro no Palácio do Planalto, a presidente fez um apelo para que os deputados não aprovem medidas que causem mais despesas para o governo e disse que está aberta a sugestões do Congresso para aumentar as receitas da União. Dilma também pediu que os vetos presidenciais ao fator previdenciário e ao reajuste ao Judiciário sejam mantidos. O governo pensava em evitar o rombo com a recriação da CPMF, mas desistiu da empreitada desastrada diante da forte rejeição de parlamentares e empresários no fim da semana passada.

Depois da reunião, o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), elogiou o que chamou de transparência da proposta orçamentária e disse que o projeto deve ser aprovado no Congresso. "Não vejo grandes dificuldades na aprovação do Orçamento. Ele é real, transparente, não está maquiado e reflete a realidade do Brasil", afirmou.

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Fonte: Veja.com

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