Autoridade do BC chinês nega que iuan enfraquecido seja responsável por turbulências globais
Por Kevin Yao
PEQUIM (Reuters) - A desvalorização do iuan realizada pela China não deve ser transformada em bode expiatório para a recente forte queda do mercado acionário mundial, disse o chefe do Instituto de Pesquisa de Finanças e Bancos do banco central da China, Yao Yudong, à Reuters nesta quinta-feira.
Em vez disso, Yao disse que as preocupações acerca da possível elevação da taxa de juros nos Estados Unidos neste ano pode ter alimentado a fuga de capital de mercados emergentes.
Ele afirmou que o Federal Reserve, banco central dos EUA, deveria adiar qualquer elevação do juro para dar um tempo para que as frágeis economias de mercados emergentes se preparem.
"A reforma na taxa de câmbio da China não teve qualquer relação com a volatilidade no mercado acionário global, a volatilidade deveu-se principalmente à futura movimentação de política monetária do Federal Reserve", disse Yao.
As declarações de Yao, feitas no mesmo dia em que a mídia estatal divulgou uma série de comentários defendendo a tomada de decisão da China, mostram a sensibilidade de Pequim a sugestões de que pode ter se atrapalhado com a política econômica. O Partido Comunista conquistou muita de sua legitimidade nas últimas décadas pelo fomento do crescimento econômico e pela elevação da renda, e quer ser visto como um agente responsável na economia global.
Yao afirmou que a economia chinesa continua em terreno firme, apesar de algumas economias emergentes enfrentarem uma possível crise financeira nos próximos anos com origem em estresses de liquidez se os EUA elevarem a taxa de juros.
"Então esperamos que o Federal Reserve possa adiar mais a elevação de sua taxa de juros, dando aos mercados emergentes amplo tempo para que se preparem. O Fed não deve considerar apenas a economia norte-americana, e deveria considerar também a economia global que é muito frágil", disse ele em entrevista exclusiva.