Dólar chega à marca de quando se achava o PT socialista…

Publicado em 26/08/2015 18:21
por Reinaldo Azevedo (+ blogs de VEJA.COM) e Juan Árias, do EL PAÍS

Dólar chega à marca de quando se achava o PT socialista…

O dólar chegou a ser negociado hoje a R$ 3,656, a maior alta desde fevereiro de 2003, quando o mercado ainda tinha algumas dúvidas sobre o caráter socialista ou não do PT. Treze anos depois, a gente sabe que o partido socializa os bens dos Estado em benefício do partido e de alguns espertalhões. E, para arremate dos males, esse ainda não é o maior perigo: mais grave do que tudo, é a brutal incompetência.

Por Reinaldo Azevedo

Fora do microfone

Collor xingou Janot novamente

Enquanto Rodrigo Janot respondia as perguntas de Fernando Collor, durante a sabatina no Senado, o ex-presidente voltou a xingar o procurador-geral.

Xingou Collor, movendo os lábios e quase sem emitir som:

- Calhorda. Filho da puta.

As duas ofensas foram repetidas seguidas vezes, todas observadas pelos demais senadores que estavam à mesa ao lado de Janot.

Janot não se desestabilizou. Collor deixou a sabatina há pouco, após ouvir as respostas de Janot.

Por Lauro Jardim

 

Collor ataca Janot, que não se deixa intimidar

Acrescento à matéria do site de VEJA os vídeos do confronto tragicômico:

“Como esperado, o senador Fernando Collor (PTB-AL) chegou à sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com um calhamaço de perguntas e insinuações para tentar colocar seu inimigo número um contra as cordas.

1) Afirmou que o chefe do Ministério Público Federal contratou uma empresa sem licitação e favoreceu a Braskem – subsidiária da Petrobras.

2) Apontou o irmão de Janot, morto há cinco anos, como um contraventor.

3) E acusou o procurador-geral da República de vazar dados sigilosos da Operação Lava Jato.

Esse, aliás, sempre foi o verdadeiro alvo de Collor: tentar anular as investigações que levaram o MP a denunciá-lo formalmente por lavagem de dinheiro e corrupção.

O embate foi marcado por ironias e tentativas de intimidação por parte do senador alagoano, que nem sequer é membro da Comissão de Constituição e Justiça, mas chegou cedo e sentou-se na primeira fileira. Houve um breve bate-boca quando Janot – que Collor insiste em chamar de ‘Janó’ – começou a responder os questionamentos e foi interrompido pelo alagoano.”

A coluna Radar informa ainda que, enquanto Janot respondia as perguntas, Collor o xingava movendo os lábios e quase sem emitir som:

– Calhorda. Filho da puta.

“As duas ofensas foram repetidas seguidas vezes, todas observadas pelos demais senadores que estavam à mesa ao lado de Janot.

Janot não se desestabilizou” e Collor deixou a sabatina após ouvir suas respostas.

Ser odiado por ele só faz bem à reputação do PGR.

Eis os vídeos do confronto, seguidos de mais um trecho da matéria de VEJA e outro vídeo (curto) final.

“Um dos questionamentos apresentados por Collor foi sobre a atuação de Rodrigo Janot em um processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) no qual ele teria atuado contra a Braskem, subsidiária da Petrobras. Como representante do MP, ele teria advogado contra os interesses do Estado. Em sua resposta, Janot disse que a Braskem comprou a empresa Trikem, parte na ação citada por Collor, depois do trânsito em julgado da causa, ou seja, quando o processo já estava completamente julgado e sem possibilidade de recursos.

Na versão de Collor, o procurador-geral também teria cometido irregularidades na contratação da empresa Oficina da Palavra, cujo proprietário teria feito campanha para Janot liderar a lista tríplice de indicações ao cargo de procurador-geral há dois anos. Outra irregularidade, negada por Janot, teria sido o aluguel, no valor de 67.000 reais mensais, de uma casa em um bairro nobre de Brasília para atender à Procuradoria Geral da República. Collor ainda acusou o procurador de nomear para o cargo em comissão de assessora-chefe do cerimonial uma pessoa sem diploma de nível superior, o que violaria normas internas do MP.

Mas o momento mais tenso foi quando o senador acusou Janot de ter abrigado o irmão, segundo ele um contraventor, em sua casa em Angra dos Reis (RJ). Rogério Janot teria sonegado, segundo o parlamentar, milhões de francos belgas em impostos e acabou procurado pela Interpol. Sem entrar em detalhes sobre a culpa ou inocência do irmão, Rodrigo Janot negou ter interferido para beneficiar o parente. ‘Não vou me referir [ao episódio] em respeito aos mortos e não participarei de exumação pública de um homem que nem sequer pode se defender’, afirmou. ‘Enquanto membro do Ministério Público Federal, tenho impedimento legal de atuar em casos de parentes consanguíneos até o terceiro grau. Se tivesse tido atuação, o tiraria da difusão vermelha’, completou.

Depois de rebater as perguntas, Janot terminou numa tréplica em defesa da Lava Jato. ‘Não há futuro viável se condescendermos agora com a corrupção. Não há país possível sem respeito à lei. O que tem sido chamado de espetacularização da Operação Lava Jato nada mais é que a aplicação de fundamental princípio da República: ‘Todos são iguais perante a lei’. Como disse, ‘pau que bate em Chico, bate também em Francisco”, disse Janot. ‘Nego que seja vazador contumaz [de investigações]. Não tenho atuação midiática.”

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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José Nêumanne: Na Pátria do Pixuleco, nem inferno é o limite

Publicado no Estadão

 

Em plena campanha, a candidata à reeleição Dilma Rousseff afirmou, sem medo de ser contrariada, que seria capaz de “fazer o diabo” para ganhar eleições. Foi uma das poucas verdades que disse ao longo de todo o pleito – talvez a única. Prometeu o paraíso nos trópicos e está entregando uma conjunção infernal de crises: política, econômica e, sobretudo, moral. 

Mas nenhuma das mentiras que ela contou em palanques e debates na TV é comparável à sua reação aos protestos de 16 de agosto dos revoltados com a corrupção e com seu padim Lula, indignados com seu partido de adoção, o PT, e insatisfeitos com a má gestão de seu desgoverno. Em vez de dar alguma satisfação aos manifestantes, mandou uma trinca de porta-vozes falar por ela. Foram eles seu porta-voz, Edinho Silva, acusado na Operação Lava Jato de ter recebido dinheiro sujo para a campanha dela, da qual ele era tesoureiro; e os líderes de seu desgoverno na Câmara, José Guimarães (PT-CE), chamado pelo ex-presidente de Lula de “aloprado” após um assessor ter sido preso no aeroporto com dólares na cueca e irmão de José Genoino, ex-presidente de seu partido e condenado por corrupção pelo Supremo Tribunal Federal; e no Senado, José Pimentel (PT-CE), que ninguém sabe de onde vem nem para onde vai. O tal trio classificou como manifestações de “intolerância” os protestos pacíficos, dos quais não participaram os anarquistas black blocs de junho de 2013 e em que não se registrou, por isso mesmo, nenhum ato de vandalismo.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, cobrou da presidente o “gesto de grandeza” da renúncia. O apelo serviu de senha para conter o oportunismo em duas mãos da oposição, dividida entre o golpismo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), tentando antecipar a eleição presidencial, e a esperteza de Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que prefere deixar o desgoverno dela desabar sobre nossas cabeças descobertas até 2018. “Vamos deixá-la sangrar”, disse o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).

Mas não provocou nenhuma reação da chefona do governo. Como esperar um “gesto de grandeza” de uma presidente incapaz sequer de reconhecer os próprios erros? Ou de corrigir, de forma satisfatória, a trajetória errática da condução de sua política econômica? Ela deu uma guinada para a direita nomeando Joaquim Levy ministro da Fazenda. E logo em seguida convocou o fantasma da origem da catástrofe, que ela encomendou a Guido Mantega no primeiro mandato, ao distribuir benesses à indústria automobilística, cujos operários têm retribuído o patrocínio do próprio desemprego com índices espetaculares de rejeição, que foi de 84% no ABC na pesquisa do Datafolha com índice nacional de 71%.

Posterior à pesquisa, o desemprego do mês passado foi o pior de todos os meses de julho nos anos anteriores. Com a perspectiva de chegar o fim do ano com 1 milhão de brasileiros sem emprego, a tendência é seus índices de popularidade desabarem, aumentando em proporção similar a intolerância da cidadania à corrupção, sobre a qual Dilma e seus asseclas calam. Mas os fatos se sucedem de forma espantosa: as notícias de que a Camargo Corrêa devolverá R$ 700 milhões às estatais tungadas e de a UTC ter vencido licitação na BR com um preço 795% maior que o dos concorrentes não levaram Dilma a reconhecer o óbvio.

E agora, ao confessar que não percebeu a dimensão da crise na campanha, insinuando que sofremos aqui o efeito do desabamento chinês, a presidente já merece receber – juntos – os Prêmios Nobel da Economia, por gerir uma crise vinda de fora um ano depois; da Física, por ter antecipado o efeito à causa; e da Literatura. Pois superou Jonas, considerado pelo Prêmio Nobel Gabriel García Márquez o inventor da ficção porque contou à mulher que fora engolido e expelido por uma baleia. Comparado com Dilma, o profeta bíblico é um repórter sem imaginação.

Na campanha, o marqueteiro João Santana produziu um vídeo em que mãos peludas de banqueiros furtavam a comida da mesa do trabalhador, referindo-se a Neca Setúbal, assessora da adversária Marina Silva. Um ano depois, tornada a terra prometida o deserto de desesperança geral, Roberto, irmão de Neca e presidente do Itaú-Unibanco, disse à Folha de S.Paulo que a saída da reeleita do poder provocaria “instabilidade”. Com lucro líquido de R$ 20,242 bilhões no ano passado, 29% acima do resultado de R$ 15,696 bilhões de 2013, talvez ele tema que a “instabilidade” que infelicita centenas de milhares de trabalhadores sem holerite, este ano, vá bater às portas do seu banco.

Dilma, que se jacta de ter resistido à tortura na ditadura, adotou na tal campanha o codinome de Coração Valente. Recentemente, ao lado de Barack Obama, na Casa Branca, disse desprezar delatores, referindo-se a colaboradores da Justiça na Operação Lava Jato, o único empreendimento público do Estado brasileiro a merecer respeito da cidadania. E a guerrilheiros que, torturados, deram informações a torturadores que os levaram a companheiros de armas. No entanto, não contestou o coronel Maurício Lopes Lima, que ela havia acusado de ter quebrado seus dentes, no DOI-Codi da Rua Tutoia. Lima negou e até fez blague dizendo em entrevista ao Portal IG, citada pelo jornalista Luiz Cláudio Cunha no jornal , de Porto Alegre: “Se eu soubesse naquela época que ela seria presidente, eu teria pedido: ‘Anota meu nome aí. Eu sou bonzinho’”. A frei Tito o tal oficial apresentou o DOI-Codi como “a sucursal do inferno”.

Dilma também não contestou o relatório apresentado pelo Exército à Comissão da Verdade, que ela constituiu, assegurando que nada aconteceu de irregular em suas dependências. A ditadura acabou, mas as vítimas das pedaladas e outras artimanhas de seu desgoverno nesta Pátria do Pixuleco vivem um inferno em cuja porta, ao contrário do de Dante Alighieri, não têm mais esperança nenhuma a deixar.

(por JOSÉ NÊUMANNE)

 

O que pode estar escondido sob a crise econômica do Brasil

(por JUAN ARIAS, do EL PAÍS)

O Brasil vive uma crise grave que, segundo diversos analistas, é mais política do que econômica. Por isso mesmo é mais difícil de resolver, embora o país seja rico em recursos naturais, matérias-primas e capacidade criativa. E não está quebrado como a Grécia e a Venezuela.

O problema é sobretudo político. As pessoas comuns sabem disso. Deixaram isso claro em suas últimas manifestações, quando soaram mais os gritos contra os políticos e seus crimes de corrupção que aqueles contra a inflação e o desemprego – ainda que esses dois fantasmas fiquem mais assustadores a cada semana.

O que não funciona e parece sem solução é o emaranhamento político num labirinto que parece sem saída, com atores medíocres, mais burocratas que estadistas, que não conseguem recitar os grandes dramas e parecem conformar-se com os resultados de opereta, que mal se encaixam na democracia consolidada e moderna de um país continental como o Brasil.

Existem muitas explicações para essa dificuldade que o país tem de conjugar a política exercida por seus profissionais com o desenvolvimento de uma economia com grandes possibilidades e capacidades.

Talvez a explicação menos considerada, em cujo seio estão muitas dessas dificuldades onde os políticos se afogam e que atrasa a recuperação econômica, seja a tentação latente de sacralizá-los ao mesmo tempo em que lhes é concedida a graça da impunidade, como se deixassem de ser cidadãos como os demais.

Se algo deveria diferenciar as democracias modernas dos antigos regimes totalitários é ter-se livrado do perigo dos messianismos, sejam ideológicos ou ideológicos.

O Brasil não está vivendo os tempos bíblicos, em que foi necessário um Moisés para libertar o seu povo da escravidão do Egito. Tampouco vive os tempos das teocracias da Idade Média, quando os reis governavam em nome de Deus – com quem não é possível discutir, só obedecer.

A modernidade é incompatível com dogmas políticos. Os governantes, nas democracias, não são ungidos por Deus e devem responder apenas ao imperativo da Constituição e à vontade de quem os elege livremente. E são proibidos de mentir.

Quanto mais perfeita é uma democracia, menos brilho têm, por exemplo, os seus representantes – que em muitos casos chegam a se confundir nas ruas com as pessoas comuns, sem privilégios ostensivos. Essas democracias maduras não precisam de heróis, nem de messias salvadores da Pátria, nem tampouco de pais ou mães dos pobres.

Deles é exigida somente a capacidade de governar com acerto e justiça, levando em conta sempre, na hora de repartir o orçamento, as necessidades mais urgentes, como a de legislar para reduzir as desigualdades sociais e criar novas possibilidades de crescimento do país.

Pode parecer simples, mas na prática as coisas não são assim tão fáceis. Os que chegam ao poder se esquecem de que não foram colocados no trono por um desígnio divino, e sim pela força do voto popular. Inclusive nos países com Constituições democráticas existe de fato a tentação, alimentada às vezes pela própria sociedade, de sacralizar o poder.

Certos messianismos continuam vivos em vários países da América Latina, com sua nefasta carga antidemocrática e até mesmo ditatorial. Uma mistura de messianismo ideológico e fundamentalismo religioso, fomentado pelas igrejas evangélicas, impede o desenvolvimento de democracias modernas e participativas.

Quando os governantes são divinizados, transformam-se também em indispensáveis e insubstituíveis até o ponto em que qualquer iniciativa de mudança política é vista como diabólica e contra os pobres.

No Brasil, um país com uma Constituição democrática e separação entre a Igreja e o Estado, continua viva a tentação de querer levar Deus até o Congresso ou até os bancos da Justiça, sacralizando a vida pública e com ela seus governantes, embora sejam depois denegridos.

Há até quem defenda hoje no Congresso a inclusão, na Constituição, de que o poder vem de Deus, não do povo. E alguns parlamentares evangélicos profetizam que é vontade expressa de Deus que algum deles chegue um dia à Presidência da República, para governar mais com a Bíblia que com a Constituição.

Somente quando a política se limita à arte de governar com capacidade e ética, sem exageros nem tentações messiânicas, pode-se falar em democracia.

Não existem políticos ungidos por Deus, insubstituíveis e eternos.

O poder deles é temporário. Só o da sociedade é permanente e inapelável. Eles estão a seu serviço, não o contrário.

Ignorar isso é abrir a porta a todo tipo de instabilidade que desemboca, inexoravelmente, em crises econômicas e irritação popular.

(por JUAN ÁRIAS)

Fonte: Blogs de veja.com + EL PAÍS

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